Há pouco tempo, fomos confrontados com o caso das gémeas luso-brasileiras que se deslocaram ao nosso país e com quem o contribuinte português gastou milhões de euros num medicamento inovador, mas num procedimento muito, muito duvidoso.
Ao mesmo tempo, ouvimos agora a narrativa de que afinal o Brasil é que é um credor de Portugal e dos portugueses, que têm de indemnizar os PALOP pelos séculos de colonização portuguesa.
O que pensarão os espoliados que vieram de África só com a pele no corpo? Foram espoliados dos seus bens imóveis e das suas contas bancárias, até hoje, e nunca ninguém os veio defender…. Foram vítimas de um assalto sem culpados e sem apuramento de responsabilidade.
Não estamos a falar apenas de “retornados”, mas de muitos que vieram para Portugal sem nunca cá terem estado. Nasceram em África, eram de lá e foram expulsos e espoliados da sua própria terra. Outros nossos compatriotas ficaram lá e foram fuzilados sumariamente e atirados para valas comuns, pelo simples facto de, em tempos, terem defendido a bandeira das cinco quinas. E ainda outros, os antigos combatentes, que são vistos aos olhos de muitos como criminosos, vivem hoje com pensões de miséria e com uma assistência médica de fachada.
Os contribuintes portugueses pagaram muitas escolas, hospitais, barragens, estradas, pontes e outras infraestruturas naqueles territórios, mas sobre isso nunca ninguém se lembrou de pedir indemnizações. Os portugueses deram muito a África e ao Brasil.
É, por isso, que ainda mais indigna a ideia do Presidente da República de iniciar um “processo de reparação às ex-colónias”, que foi rapidamente apoiado por toda a esquerda e extrema-esquerda nacionais, tendo espoletado, sem surpresa, o pedido dessas mesmas reparações por parte dos países visados.
Os espoliados do Ultramar não são criminosos, são vítimas que foram e são entregues ao abandono e à mentira. Merecem ser ressarcidos por todo o sangue que lá derramaram e por tudo o que lá deixaram.