Parlamento volta a homenagear traidores

Mário Soares foi homenageado no Parlamento, na sexta-feira da semana passada, com uma sessão solene evocativa do centenário do seu nascimento. Mas para André Ventura, esta “cerimónia solene neste modelo não deveria estar a acontecer.”

© Folha Nacional

“Recordo o óbvio”, começou por discursar o líder do CHEGA no púlpito do Parlamento. “Quem foi Mário Soares? Cúmplice e ativista de um sistema de ‘donos disto tudo’ que se iniciou à sua sombra e que se manteve à sua sombra durante muitos anos após 25 de Abril de 1974. À sombra de Soares muitos enriqueceram e muitos receberam do Estado. À luz das mãos de Soares, o Partido Socialista apoderou-se do aparelho do Estado, onde lutou e fez de tudo para se apoderar do Estado. Quem poderia esquecer a célebre frase de Mário Soares quando foi multado pela Polícia? Não se preocupem, o Estado paga, foi o que disse Soares”, arrematou.

Para André Ventura, “é esta lembrança que não podemos aceitar, nem podemos celebrar ou recordar.” Isto porque “nenhum gosto de viver, de partilhar, de ser mais livre ou menos livre, pode tolerar aquilo que foi uma das maiores operações histórias portuguesas, não pelos cravos, não pela Celeste ou pela Maria, nem pela democracia ou pela liberdade, mas por uma das maiores apropriações de sempre do Estado que ainda hoje estamos a pagar e que Mário Soares também é cúmplice em Portugal.”

Nesta senda, o Presidente do CHEGA acrescentou que “nenhuma dor pode branquear o que para nós é mais importante para nós: a pátria portuguesa.” “Nós falhamos aos retornados, às colónias, aos ex-combatentes e Mário Soares também é responsável por isso mesmo”, declarou.
Ventura fez ainda sobressair que “nenhuma cerimónia evocativa poderia deixar de esquecer de um legado profundamente negro, pois ninguém pode branquear o que é mais importante para nós que é a pátria portuguesa. Mário Soares poderá ter querido cumprir Portugal, mas falhou”, concluiu. Um dia antes, a Assembleia da República aprovou dois votos de pesar.

O que é que Mário Soares, Odair Moniz e Camilo Mortágua têm em comum?

O Parlamento aprovou na quinta-feira da semana passada dois votos de pesar: um por Odair Moniz, que pela sua insistente resistência às ordens dos agentes da PSP foi letalmente ferido, acabando por não resistir aos ferimentos, e Camilo Mortágua, pai das deputadas do Bloco de Esquerda, Joana e Mariana Mortágua.

Este último voto de pesar foi aprovado pelo Bloco de Esquerda, PS, Livre, PCP e pelo PAN, mas só acabou por ser viabilizado com a ajuda da abstenção do PSD e da IL.

O CHEGA e o CDS-PP votaram contra. Por sua vez, o voto de pesar para Odair Moniz contou com votos a favor do PSD, PS, IL, BE, PCP, Livre e PAN, com a abstenção do CDS-PP e o voto contra do CHEGA.

Para André Ventura, estes votos de pesar só tornam o Parlamento num “Parlamento rasca.”

“Este é o Parlamento do Sistema: homenageia traidores da pátria e aprova votos de pesar a criminosos”, critica Ventura.

De acordo com o líder do CHEGA, não existe qualquer razão para viabilizar votos de pesar a quem cometeu crimes ou atos de corrupção. Logo, ao dar ‘luz verde’, o parlamento passa a mensagem errada ao país.

“Viabilizar um voto de pesar em relação a alguém que é morto numa operação policial é o mesmo que atribuir a culpa à polícia”, argumenta Ventura.

Já sobre o pai das deputadas do Bloco, Joana e Mariana Mortágua, o líder do CHEGA classifica-o como “um criminoso” e “um terrorista.”

“Isto de nada tem a ver com a dor dos familiares -que respeito- mas com a memória que não podemos perder. Em nome da verdade”, clarifica.

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