FNAM pede esclarecimentos sobre acordo entre Governo e Sindicato Independente dos Médicos

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) pediu hoje acesso ao texto do acordo entre o Governo e o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), levantando várias dúvidas sobre os progressos anunciados.

© Facebook / FNAM

Numa carta aberta enviada à ministra da Saúde, hoje divulgada, a FNAM considera que o Ministério da Saúde, no esclarecimento divulgado no início do ano, continua a “confundir o conceito de revisão salarial com valorização/progressão remuneratória”, pedindo que o Governo apresente “por categorias e por escalões ou níveis da TRU [Tabela Remuneratória Única]” quais as alterações em 2025, 2026 e 2027, separadamente.

Quando anunciou o acordo, no final de 2024, o SIM disse que estava previsto um aumento salarial médio de 10% até 2027. No início deste ano, num esclarecimento, o Ministério da Saúde explicou que “a proposta do Governo assegura a revisão da tabela remuneratória e a valorização” para “os médicos de todos os regimes de trabalho”.

Hoje, a FNAM pede que o Ministério da Saúde separe o que são efetivamente aumentos retributivos das valorizações remuneratórias, por alteração do posicionamento na TRU, considerando que, na sua interpretação, o único aumento retributivo “decorre do aumento anual para a função pública, que será aplicável também aos médicos com contrato individual de trabalho”.

Lembra que o esclarecimento feito pelo Ministério da Saúde distingue médicos com contrato de trabalho em funções públicas de médicos com contrato individual de trabalho e insiste que o Acordo Coletivo da Carreira Especial (ACCE) se aplica “a todos os trabalhadores médicos em funções públicas, sindicalizados ou não e a todos os sindicalizados, salvo por oposição expressas destes últimos”.

“Consequentemente e relativamente ao ACCE dos médicos em funções públicas não houve qualquer acordo por parte de outra estrutura sindical que a FNAM conheça ou tenha sido objeto de publicitação”, considera.

Na carta, a FNAM pede ainda ao Governo que clarifique a que “nova grelha salarial” se refere e quais as “regras de valorização remuneratória acordadas” com a outra estrutura sindical.

Diz igualmente que, no que toca ao “reconhecimento imediato do estatuto remuneratório de especialista após a conclusão do internato”, o MS apenas está a cumprir a obrigação, acompanhando as orientações dos tribunais em ações judiciais intentadas anteriormente pelos sindicatos.

Contudo, sublinha que o Governo continua sem considerar a reintegração do internato médico na carreira, devendo ainda garantir “concursos céleres com regras equitativas para todas as áreas profissionais”, assim como “abrir todas as vagas necessárias para a contratação de médicos especialistas”.

A FNAM aproveita ainda para questionar qual a razão de não ter aberto todas as vagas indicadas pelas diferentes Unidades Locais de Saúde nas áreas de medicina geral e familiar, hospitalar e de saúde pública.

Questiona igualmente quais os critérios que presidiram à fixação de apenas 350 vagas anuais para Assistente Graduado Sénior, considerando tal número “insignificante, quer para o SNS, quer para os milhares de assistentes graduados que seriam elegíveis a progredir na carreira”.

Quanto ao regresso das 12 horas normais em Serviço de Urgência (SU), ao invés das atuais 18, diz que esta é uma revindicação da FNAM “de longa data” e pede ao Ministério que esclareça quais as implicações para a sua aplicação e qual o plano traçado para “a organização em rede do serviço de urgência” que acompanha esta transição faseada dos médicos da área hospitalar.

Na nota hoje divulgada, que acompanha a carta aberta, a estrutura sindical lembra que o Governo recusou negociar com a FNAM a revisão salarial ainda em 2024 e considera as propostas de aumento de 10% faseado em três anos “não permitem aos médicos recuperar a perda do poder de compra de 20% da última década, nem contemplarem a inflação vindoura”.

Últimas do País

As urgências do SNS registaram quase 16 milhões de atendimentos entre 2022 e junho de 2024, uma procura elevada que é mais do dobro da média verificada na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
Mais de 43.000 idosos que vivem sozinhos ou em situação de vulnerabilidade foram sinalizados este ano pela GNR e os distritos de Guarda e Vila Real são aqueles onde mais foram detetados, informou a corporação.
O Mecanismo Nacional Anticorrupção (MENAC) instaurou desde setembro 11 processos contraordenacionais por incumprimento Regime Geral de Prevenção da Corrupção (RGPC) em empresas e já tem inteligência artificial a ajudar no trabalho de fiscalização.
Meio milhão de chamadas terão ficado por atender na Linha de Saúde 24. No início de uma ronda da saúde pelo país, a ministra Ana Paula Martins disse querer melhores números no inverno.
Dois acordãos do Supremo Tribunal Administrativo (STA) consideram que as torres são "parte componente" dos aerogeradores e devem ser incluídas "na avaliação do prédio urbano industrial (parque eólico) para efeitos de IMI", dando razão a recursos da Autoridade Tributária (AT).
A Ordem dos Médicos (OM) decidiu hoje enviar para o Conselho Disciplinar o relatório sobre as cirurgias adicionais realizadas pelo dermatologista do Hospital de Santa Maria que recebeu mais de 700 mil euros em três anos.
O primeiro dia de greve dos Sapadores Bombeiros de Lisboa registou uma adesão entre os 85% e os 90%, disse à Lusa o Sindicato Nacional de Bombeiros Profissionais (SNBP), lamentando a falta de respostas do município.
A Medialivre, dona da CMTV e da Now, admite avançar com uma ação judicial para que se cumpra a deliberação da entidade reguladora que defende o alargamento dos debates das presidenciais a todos os canais.
A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) registou 102 ocorrências, ainda atribuídas à depressão Claudia, entre as 00:00 e as 08:00 de hoje, maioritariamente na Grande Lisboa, e sem provocarem vítimas, segundo fonte oficial.
A Guarda Nacional Republicana (GNR) começou hoje uma operação geral de fiscalização dos veículos automóveis pesados de transporte de mercadorias e de passageiros, que se vai estender até domingo, anunciou a própria força, em comunicado.