Mais de 200 pessoas despediram-se do último comboio que saiu de Coimbra A

Mais de 200 pessoas juntaram-se hoje, pouco depois da meia-noite, para se despedirem do último comboio que partiu da Estação Nova, no centro de Coimbra, que fecha ao fim de 140 anos.

©CP-Comboios de Portugal

Cerca de 15 minutos antes do último comboio, as pessoas já se concentravam na Estação Nova (também conhecida como Coimbra-A), algumas gritando palavras de ordem, como “É má solução encerrar a estação”, e empunhando algumas faixas contra o fim já há muito anunciado da ligação ferroviária ao centro da cidade, previsto no projeto do Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM), com autocarros elétricos articulados a circular em canal dedicado.

Por volta da meia-noite, chegou também à estação o presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, apupado por alguns dos presentes, que fez questão de também ele fazer a última viagem a partir de Coimbra-A até Coimbra-B, acompanhado por vários elementos do seu executivo e membros da Metro Mondego, incluindo o seu presidente, João Marrana.

Quase abafado por entre gritos de pessoas, o autarca explicou aos jornalistas que a empreitada do SMM é uma decisão que “estava tomada e consolidada” antes de tomar posse, em 2021.

Por diversas vezes no passado, José Manuel Silva afirmou que reverter o traçado e projeto definido pelo anterior executivo, liderado pelo PS, seria “voltar à estaca zero”.

Apesar disso, o presidente da Câmara de Coimbra disse que não poderia deixar de estar presente numa “viagem histórica”.

“Já fiz a última viagem de Coimbra-B a Coimbra-A e agora vamos fazer a última viagem de Coimbra-A a Coimbra-B”, disse.

O comboio, que iria partir às 00:20 e que tinha como destino final a Figueira da Foz, acabou por sair às 00:30, com uma buzinadela prolongada.

A maioria das pessoas decidiu fazer a viagem de quatro minutos até Coimbra-B, ficando algumas na Estação Nova, a despedir-se do comboio.

Dentro das carruagens, apesar de se ouvirem algumas conversas, canções e até palavras de ordem, imperou sobretudo um silêncio por entre aqueles que faziam a viagem, junto ao rio Mondego.

Na saída em Coimbra-B, enquanto as pessoas saíam da estação, ecoaram trechos de “Os Vampiros”, de Zeca Afonso: “Eles comem tudo, eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada”.

Luís Neto, do Movimento Cívico pela Estação Nova (MCEN), diz-se já “em paz com a situação, mas é sempre um momento emotivo”.

“É sempre um momento emocionante e é histórico – como erro é histórico. É o fim da ligação ferroviária ao centro da cidade”, disse à agência Lusa o membro do movimento, que, apesar desta luta perdida, pretende não parar e focar-se noutras batalhas na defesa do transporte público e da ferrovia na região.

Duarte Miranda, que também participou no MCEN, reconhece que o fim da estação já tinha acontecido quando o projeto do SMM foi adjudicado.

“A partir daí, é muito difícil voltar atrás. Tentámos, por carolice e por uma questão de dignidade, defender aquilo em que acreditamos, mas a verdade é que, a partir desse momento, era muito difícil voltar atrás”, afirmou Duarte Miranda, impressionado com o silêncio quase fúnebre durante a viagem até Coimbra-B.

Hoje, o transporte entre as duas estações já será assegurado por um transbordo rodoviário pela Metro Mondego.

No final do ano, espera-se que os autocarros elétricos articulados do SMM já circulem onde antes havia carris.

Últimas do País

Um foco de gripe aviária foi detetado numa exploração de galinhas reprodutoras no concelho de Torres Vedras, no distrito de Lisboa, anunciou hoje a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV).
A GNR e a PSP registaram, nos primeiros nove meses deste ano, 25.327 ocorrências de violência doméstica, o valor mais elevado dos últimos sete anos, à data de 30 de setembro, segundo dados da CIG.
A Inspeção-Geral de Atividades em Saúde está a investigar o eventual conflito de interesses nos contratos celebrados entre a Unidade Local de Saúde de Braga e a empresa privada alegadamente pertencente ao seu ex-diretor de Oftalmologia, foi esta quarta-feira anunciado.
Duas pessoas foram hoje resgatadas da Cova do Ladrão, no parque florestal de Monsanto, em Lisboa, durante um simulacro de sismo que serviu para testar a capacidade de reação das forças de segurança, num exercício coordenado pelo exército.
Mais de 2.300 novos médicos começaram a escolher as vagas para a formação numa especialidade, mas o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) teme que nem todos os lugares disponibilizados para o internato venham a ser ocupados.
Os incêndios florestais de 2024 e 2025 revelaram “falhas de coordenação” entre as diferentes forças no terreno que provocaram atrasos no tempo de resposta aos fogos, aumentando a sua propagação, revela um relatório da OCDE.
A Polícia Judiciária (PJ) participou numa operação promovida pela Europol para identificar organizações criminosas que exploravam, ilegalmente, canais televisivos, tendo sido possível rastrear 55 milhões de dólares em criptoativos.
Uma endocrinologista foi hoje detida no Porto pela Polícia Judiciária (PJ) por alegado envolvimento num esquema fraudulento de prescrição de medicação para diabetes a utentes que queriam perder peso, lesando o Estado em mais de três milhões de euros.
Três alunos ficaram hoje feridos pelo rebentamento de petardos na Escola Básica e Secundária Josefa de Óbidos, em Lisboa, que terão sido lançados por outros dois estudantes daquele estabelecimento de ensino, informou a PSP.
Uma em cada três mulheres foi violência íntima ou sexual ao longo da vida, avançou hoje a Organização Mundial da Saúde, sublinhando tratar-se de uma das crises de direitos humanos mais negligenciadas do mundo.