Ministério Público reitera acusação, defesas falam em fabulação e irracionalidade

O Ministério Público (MP) reiterou hoje em julgamento que os arguidos cometeram os crimes e os factos da Operação Babel, enquanto as defesas dos arguidos falaram em fabulação, irracionalidade e erros de uma acusação que carece de substância.

© DR

Estas posições foram assumidas nas exposições introdutórias, no arranque do julgamento sobre a alegada viciação de normas e instrução de processos de licenciamento urbanísticos em Vila Nova de Gaia, com 16 arguidos, incluindo o antigo vice-presidente Patrocínio Azevedo, os empresários do ramo imobiliário Paulo Malafaia e Elad Dror, fundador do grupo Fortera, acusados de dezenas de crimes económicos, como corrupção e tráfico de influências.

Em causa está a suposta viciação de normas e instrução de processos de licenciamento urbanístico em Gaia em favor de promotores associados a projetos de elevada densidade e magnitude, pelo menos até 2022, estando em causa interesses imobiliários na ordem dos 300 milhões de euros, mediante a oferta e aceitação de contrapartidas de cariz pecuniário.

A procuradora afirmou que em julgamento ficarão provados os crimes e os factos que constam da acusação, nomeadamente a relação de amizade e de confiança entre os arguidos Patrocínio Azevedo e o advogado João Lopes, havendo um “pacto de silêncio” entre ambos.

Para o MP, João Lopes foi o “interlocutor privilegiado” entre Patrocínio Azevedo com Paulo Malafaia e Elad Dror sobre questões urbanísticas, sendo também quem influenciava o ex-autarca para que este decidisse em favor de interesses dos dois empresários, a troco de contrapartidas financeiras e de bens materiais.

O MP sustenta que foi através de João Lopes que, entre 2019 e 2022, Patrocínio Azevedo recebeu três relógios, avaliados em 12 mil euros, visando a “permeabilidade” do ex-autarca de Gaia no sentido de favorecer os interesses imobiliários de Malafaia e de Elad Dror.

Para a procuradora do MP, houve “violação das regras urbanísticas” e “subjugado o interesse público, a legalidade, imparcialidade, isenção e transparência” por parte dos arguidos.

O advogado de Patrocínio Azevedo acusou o MP de confundir “a atividade normal da política com condutas ilícitas”, considerando a acusação uma “fabulação”.

“Não existe prova alguma nos autos de que Patrocínio Azevedo tenha solicitado, aceite ou recebido qualquer contrapartida. Não há qualquer ato contra o direito nem o mercadejar do cargo por parte do arguido”, sublinhou André Fontes.

Paulo Saragoça da Matta, advogado de Paulo Malafaia, afirmou que, “apesar da pobreza da acusação e da limitação da matéria de facto, o Ministério Público encontrou 18 crimes” pelos quais o seu constituinte está acusado, sublinhando que “grande parte” do que traz a acusação “não tem sustentação legal nem racional”.

Segundo Saragoça da Matta, o seu cliente “não recebeu qualquer pedido de recompensa, jamais entregou ou prometeu” qualquer contrapartida a Patrocínio Azevedo, acrescentando que a acusação do MP “é irracional” e tem “falta de substância” processual.

A defesa de João Lopes classificou a acusação de uma “teia infundada e baseada em suposições”, e que o seu cliente se limitou a “defender os interesses dos seus constituintes, enquanto advogado, sempre no estrito cumprimento da lei”.

Já o advogado de Elad Dror assumiu que não estar preparado para defender o seu constituinte, depois de o tribunal ter indeferido um requerimento por si apresentado, para que o julgamento fosse adiado, alegando que só hoje é que recebeu contestações dos restantes arguidos.

Nesse sentido, João Peres admitiu “não ter condições” para assumir a defesa do seu cliente, abrindo à possibilidade de deixar de ser o seu defensor no futuro, neste julgamento.

O antigo autarca de Gaia Patrocínio Azevedo será o primeiro dos arguidos a prestar declarações, previsivelmente a partir das 14:30, uma vez que disse querer falar em julgamento, à semelhança de Paulo Malafaia e de João Lopes.

Últimas do País

A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia anunciou hoje uma concentração junto à residência do primeiro-ministro no dia da greve geral e plenários nos aeroportos a 18 de dezembro, admitindo mais protestos em janeiro caso o Governo "nada altere".
A PSP de Alverca, no concelho de Vila Franca de Xira, deteve um jovem de 16 anos que se encontrava na posse de droga e de um sabre.
Mais de duas dezenas de cidadãos estrangeiros estavam a viver num imóvel sobrelotado no coração da cidade de Beja, revelou esta terça-feira a PSP.
O processo relativo à morte do estudante Manuel de Oliveira Gonçalves, conhecido por “Manu”, será apreciado em tribunal a partir de 26 de janeiro, no Tribunal Judicial de Braga. Estão já agendadas sessões adicionais para 4 e 18 de fevereiro e 4 de março.
Cerca de 70 mil dos 414 mil utentes da Unidade Local de Saúde (ULS) da Região de Leiria não têm médico de família atribuído e a "situação mais expressiva acontece nos concelhos de Leiria e Ourém", revelou esta entidade.
A Polícia Judiciária (PJ), através da diretoria do Norte, deteve oito indivíduos no âmbito da operação denominada Puro Verde, por suspeitas de práticas de corrupção relacionadas com a produção de vinho verde.
Todos os acessos ao maciço central da Serra da Estrela, que tinham sido fechados pelas 17h00 de terça-feira devido à queda de neve, já estão desimpedidos, disse a Proteção Civil.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, agradeceu hoje ao Hospital de São João, no Porto, onde foi operado a uma hérnia, o tratamento recebido, e enalteceu o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Uma mulher de 20 anos foi detida por suspeita de abuso sexual de crianças e pornografia de menores, sendo a vítima um menor de 13 anos que conheceu nas redes sociais, informou hoje a Polícia Judiciária (PJ).
Mais de uma em cada quatro turmas com alunos com necessidades educativas está sobrelotada, o que representa um aumento das escolas em incumprimento da legislação face ao ano passado, revela um inquérito da Fenprof.