MP acusa Guilherme Aguiar de mercadejar o cargo de vereador em Gaia

O Ministério Público (MP) acusou José Guilherme Aguiar de "mercadejar" o cargo de vereador na Câmara de Vila Nova de Gaia, em prol dos negócios do empresário e deputado do PSD Carlos Eduardo Reis, no processo 'Tutti frutti'.

© Câmara municipal de Gaia

A acusação do MP, a que a Lusa teve acesso, refere que o vereador com o pelouro do Desporto, eleito em 2013, “tomou, desencadeou e espoletou decisões favoráveis aos interesses” do também arguido Carlos Eduardo Reis em contratos-programa para empreitadas de quase um milhão de euros em complexos desportivos de três clubes do concelho, tramitados inicialmente pela extinta empresa municipal GAIANIMA.

Como contrapartida, diz o MP, Carlos Eduardo Reis “aceitou praticar todos os atos necessários de apoio político e em sede de campanha eleitoral” para as autárquicas de 2013, “tendo, inclusivamente, realizado o pagamento de estudo/sondagem a pedido e em benefício” de Guilherme Aguiar, antigo militante do PSD, que se desvinculou do partido em 2013.

“José Guilherme Aguiar bem sabia que violava os deveres de prosseguir o interesse público, de legalidade, de isenção, de imparcialidade, de lealdade e de respeitar os princípios da transparência e da concorrência e as regras estruturantes da contratação e da gestão financeira públicas, o que aceitou e fez a troco do apoio patrimonial e não patrimonial recebido de Carlos Eduardo Reis”, diz a acusação.

Contactado pela Lusa, o arguido disse não ter sido notificado da acusação, desconhecendo os factos que lhes são imputados.

O autarca, que está acusado de um crime de corrupção passiva, considera, contudo, a acusação “no mínimo, surpreendente” e baseada em “ilações” do MP, acrescentando que “não terá qualquer” efeito na sua vida política.

A Lusa contactou o município de Gaia, mas a autarquia não quis comentar a acusação.

O MP conta que, a partir de meados 2012, Carlos Eduardo Reis “iniciou a atividade de empresário e delineou uma estratégia que passava pela construção/requalificação de complexos desportivos, com a colocação de relvado sintético” em campos de três clubes de Gaia: Canelas 2010, Oliveira do Douro e Pedroso.

Ainda em fase anterior à assinatura dos contratos-programa, foi o então presidente da GAIANIMA Ricardo Almeida, também arguido, “quem decidiu, em concertação de esforços e mediante plano delineado com Carlos Eduardo Reis, que seria a sociedade comercial da qual este era sócio gerente, a AMBIGOLD, que iria ser futuramente contratada pelos clubes para a realização dos trabalhos”.

Quanto ao presidente da GAIANIMA, entre fevereiro de 2011 e fevereiro de 2013, o MP diz que “tudo fez” para que a empresa municipal e a autarquia ficassem “comprometidos com o estabelecido nos contratos-programa, de forma a acautelar a posição contratual da AMBIGOLD”, traduzindo-se na atribuição “de um benefício ilegítimo” à sociedade.

“Na prática, logrou Ricardo Almeida concretizar a contratação da AMBIGOLD pelos clubes, assim beneficiando Carlos Eduardo Reis enquanto sócio gerente daquela, para a realização de trabalhos de empreitada, que iriam ser pagos mediante a entrega de fundos camarários”, frisa a acusação.

Segundo o MP, em agosto de 2012, Carlos Eduardo Reis manteve Guilherme Aguiar, à data vereador do Desporto da câmara de Matosinhos, “a par dos contactos que encetou com Ricardo Almeida e aconselhando-se”.

Como em 13 de fevereiro de 2013 foi extinta a GAIANIMA, não foi entregue “qualquer quantia” aos clubes.

Em setembro de 2013, Guilherme Aguiar é eleito vereador e o MP sustenta que acedeu a “mercadejar o cargo”.

“O que José Guilherme Aguiar fez, desbloqueando pagamentos e acompanhando todos os passos que eram tomados pelas entidades públicas em causa e, ainda, encetando contactos com os clubes desportivos contratados pela AMBIGOLD, nas vestes de vereador autárquico do Desporto, de forma a garantir que aqueles continuavam a manter a relação contratual com tal sociedade, em violação dos deveres que sobre o mesmo recaíam”, frisa o MP.

Últimas do País

Apesar do salário mínimo nacional subir para 920 euros, os números revelam um fosso significativo entre Portugal e os restantes países da União Europeia. O salário médio anual na UE situa-se nos 39.808 euros, enquanto Portugal permanece quase 15 mil euros abaixo deste valor.
Um homem, de 42 anos, foi detido no sábado, por suspeita de exercer violência física e verbal sobre a mulher, na presença dos filhos menores do casal, anunciou hoje a PSP.
Os dados revelados pelo regulador mostram que a Notícias Ilimitadas, criada para garantir a sobrevivência do JN e da TSF após a cisão da Global Notícias, fechou o ano de 2024 com mais de 1,2 milhões de euros de prejuízo e um passivo que já ultrapassa 12 milhões.
Sete distritos de Portugal continental estão hoje sob aviso laranja e 10 sob aviso amarelo devido à agitação marítima, segundo o IPMA, que prevê também queda de neve em dois distritos do interior norte.
A TAP disse hoje à Lusa que a companhia vai atuar no dia da greve geral, 11 de dezembro, com base nos serviços mínimos acordados com os sindicatos.
O Serviço de Urgência Pediátrica do Hospital de Barcelos passou a receber, entre as 22h00 e as 08h00, utentes exclusivamente mediante referenciação pelo INEM/CODU para situações emergentes, foi hoje anunciado.
Os guardas prisionais ameaçaram hoje participar na greve geral da próxima semana caso o Governo continue a ignorar as reivindicações de promoção dos trabalhadores e reforço da segurança nas cadeias.
O presidente da administração da SATA, Rui Coutinho, apresentou a demissão do cargo, revelou hoje à Lusa o Governo dos Açores, que vai nomear o diretor financeiro, Tiago Santos, para a liderança do grupo de aviação.
O pão e os produtos de pastelaria deverão sofrer um "ligeiro aumento" de preço no próximo ano, impactados pelas revisões laborais e pelo agravamento do gasto com os ovos, frutos secos e cartão, adiantou à Lusa a ACIP.
O Presidente da República, operado na segunda-feira a uma hérnia encarcerada, passou bem a noite e poderá ter alta na quarta-feira, se tudo estiver a correr bem, segundo a presidente do Hospital de São João, no Porto.