Ventura avançará com moção de censura se Montenegro não der explicações em 24 horas

O líder do CHEGA anunciou hoje que apresentará uma moção de censura ao Governo caso o primeiro-ministro, Luís Montenegro, não dê explicações ao país nas próximas 24 horas sobre aquilo que apelidou de “suspeita de absoluta de corrupção”.

© Folha Nacional

Em conferência de imprensa, André Ventura considerou que, na sequência da notícia do Correio da Manhã de sábado sobre a mulher e os filhos do primeiro-ministro terem uma empresa de compra e venda de imóveis que pode alegadamente beneficiar da recente revisão da lei dos solos, “a falta de resposta a questões básicas e a suspeita absoluta de corrupção sobre o primeiro-ministro”, Luís Montenegro, não “deixa outra alternativa”.

“Se essa resposta persistir em não ser dada, em ser ocultada, então amanhã [segunda-feira] a esta hora o CHEGA dará entrada com uma moção de censura ao executivo”, anunciou aos jornalistas na sede do partido, em Lisboa, dando a Luís Montenegro “24 horas” para esclarecer este caso.

O líder do CHEGA disse ainda que já transmitiu ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, esta intenção de moção de censura “caso o primeiro-ministro não dê respostas satisfatórias”.

Ventura referiu que a “nova legislação dos solos aprovada pelo Governo tem como principal objetivo permitir construir em terrenos rústicos que até agora eram interditos à construção”, referindo que Luís Montenegro, que apelidou de “quase um magnata do imobiliário”, é “portador de 49 terrenos rústicos”.

“Aqui a questão é que legislou em causa própria, em causa familiar e isso é inaceitável em qualquer governo democrático, a quem diz lutar contra a corrupção e contra as incompatibilidades”, alegou.

Com o objetivo de “desmentir o que disse o líder parlamentar do PSD em direto para o país”, o líder do CHEGA contrapôs que aquilo que existe “é uma imobiliária no sentido estrito e jurídico do termo”.

“Não sabemos se é sócio ainda ou já não da imobiliária que fundou. Sabemos que é beneficiário, pelo regime de casamento, do enriquecimento que esta imobiliária venha a ter com a nova lei dos solos”, acrescentou.

Ventura disse ainda que transmitiu a Marcelo Rebelo de Sousa “a intenção do CHEGA de avançar com uma moção de censura ao Governo para evitar que o ciclo de corrupção se propague, se densifique e se consolide”.

“Não podemos ter um primeiro-ministro que é ao mesmo tempo primeiro-ministro e o magnata do imobiliário”, defendeu.

Ventura foi ainda questionado sobre a polémica dos últimos dias que envolveu a bancada do CHEGA e a deputada cega do PS, Ana Sofia Antunes, respondendo que já tinha falado do tema na sexta-feira e escusando-se a fazer mais comentários porque se queria focar neste tema.

“A única aberração que eu acho aqui é a aberração da corrupção no Governo. Não sei se quero passar isto hoje à noite, mas é mesmo assim. A aberração da corrupção e da incompatibilidade de funções é o que mancha a democracia”, disse, usando a expressão “aberração” que foi atribuída à bancada do CHEGA como um dos insultos dirigidos à bancada do PS.

Compreendo “os pequenos toques no parlamento”, o presidente do CHEGA defendeu que o que “toca na alma” dos portugueses “é o dinheiro que lhes foge da corrupção todos os dias, todos os meses”.

No sábado, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, classificou como “absurda e injustificada” a sugestão que poderá existir um conflito de interesses pelo possibilidade de a empresa imobiliária da sua família poder beneficiar da recente revisão da lei dos solos aprovada recentemente pelo Governo.

Segundo a notícia do Correio da Manhã de sábado, a mulher e os dois filhos do primeiro-ministro têm uma empresa de compra e venda de imóveis, de que Luís Montenegro foi fundador e gerente e uma vez que casou com comunhão de adquiridos, segundo o jornal, o primeiro-ministro poderia beneficiar dos proveitos, algo negado por Luís Montenegro.

Últimas de Política Nacional

Saiu do Executivo, passou pelo Parlamento e acaba agora a liderar uma empresa pública com um vencimento superior ao que tinha no Governo. Cristina Vaz Tomé foi escolhida para presidir à Metro de Lisboa e vai ganhar cerca de sete mil euros mensais, com despesas da casa pagas.
O Ministério Público (MP) pediu hoje penas entre os cinco e nove anos de prisão para os ex-presidentes da Câmara de Espinho, Miguel Reis (PS) e Pinto Moreira (PSD), por suspeitas de corrupção no processo Vórtex.
O presidente do CHEGA, André Ventura, anunciou hoje que o seu partido votará contra o novo pacote laboral no parlamento se o Governo não ceder em matérias como o despedimentos e alterações na área da parentalidade.
A mensagem gerou indignação, o caso abalou o ministério e levou a uma demissão, mas o inquérito interno concluiu que não houve infração disciplinar. Nataniel Araújo sai ilibado e continua como chefe de gabinete da Agricultura.
Os vereadores e deputados municipais do CHEGA têm rejeitado a criação da Comunidade Intermunicipal da Península de Setúbal.
Bruxelas paga, Lisboa faz campanha: Ângelo Pereira (PSD) e Ricardo Pais Oliveira (IL) estiveram no terreno eleitoral enquanto recebiam vencimentos do Parlamento Europeu, prática proibida pelas regras comunitárias.
A comissão parlamentar de inquérito (CPI) ao INEM decidiu hoje suspender os trabalhos durante o período de Natal e Ano Novo e na segunda semana de janeiro, devido às eleições presidenciais.
Num mês em que as presidenciais já se travavam mais nos ecrãs do que nas ruas, André Ventura esmagou a concorrência: foi o candidato que mais apareceu, mais falou e mais minutos ocupou nos principais noticiários nacionais.
O Ministério da Saúde voltou a entregar um contrato milionário sem concurso: 492 mil euros atribuídos diretamente ao ex-ministro social-democrata Rui Medeiros, aumentando a lista de adjudicações diretas que colocam a Saúde no centro da polémica.
A nova sondagem Aximage para o Diário de Notícias atira André Ventura para a liderança com 19,1% das intenções de voto. Luís Marques Mendes surge logo atrás com 18,2%, mas o maior tremor de terra vem do lado do almirante Gouveia e Melo, que cai a pique.