PS e PSD contra alargamento para cinco anos de “período de nojo” entre Governo e empresas

PSD e PS consideraram esta quinta-feira problemático impedir que governantes assumam, durante um período de cinco anos, funções numa empresa que tutelaram previamente, apesar de os sociais-democratas admitirem que é necessário rever o prazo atual de três.

© Folha Nacional

A Assembleia da República debateu, a pedido do PCP, vários projetos de lei relativos às portas giratórias, entre os quais um da bancada comunista para alargar o chamado “período de nojo” dos atuais três anos para cinco, prevendo novas sanções em caso de violação dessa norma.

Para justificar a necessidade desta proposta, o deputado do PCP António Filipe recordou o caso da ex-secretária de Estado do Turismo Rita Marques, do anterior Governo, que, após cessar funções, tinha sido anunciada como administradora de uma empresa no setor da hotelaria e turismo, tendo posteriormente renunciado ao cargo.

“Aquela situação acrescentou-se a muitas outras que, ao longo do tempo, têm levantado dúvidas sobre a eficácia dos mecanismos legais existentes”, indicou, considerando que o período de inibição atual se afigura “demasiado curto” e o “regime sancionatório inócuo”. No entanto, durante o debate, o PS anunciou que iria votar contra e o PSD que se iria abster, determinando assim o chumbo desta iniciativa.

O deputado do PSD Hugo Carneiro justificou a abstenção admitindo que é preciso “revisitar o prazo do período de nojo”, mas advertindo que “há problemas que eventualmente se podem colocar relativamente ao prazo fixo de cinco anos, como foi alertado pelo Conselho Superior do Ministério Público”.

Já o deputado do PS Pedro Delgado Alves salientou que o período de nojo foi revisto “há menos de um ano” e considerou que a solução encontrada, de três anos, “é razoavelmente equilibrada, porque consegue acautelar sanções onde elas não existiam”.

“Por essa razão, não acompanharemos estas propostas, mas propomos uma pequena alteração cirúrgica”, disse, defendendo um projeto de lei do PS que prevê que um governante passe também a ser impedido de exercer funções numa empresa em que se tenha verificado que teve “intervenção direta”.

O deputado do CHEGA Rui Paulo Sousa defendeu um diploma do partido para proibir “contratos com empresas em que o titular do órgão seja detentor de participação (independentemente de ser mais ou menos de 10%), assim como de empresas que tenham participação de familiares próximos do titular do órgão”.

“Quem votar contra, vota a favor da corrupção, a favor do compadrio. Quem votar contra, está a dizer ao povo português que não quer mudar nada e que prefere continuar esta bandalheira”, dramatizou o deputado, com várias bancadas a considerarem que a proposta é inconstitucional.

Já o deputado da IL Carlos Guimarães Pinto advertiu que é preciso encontrar um equilíbrio para garantir que, ao tentar evitar portas giratórias, “não se destrói a vida profissional de pessoas que apenas fizeram um serviço temporário ao país”, anunciando o voto contra a proposta do PCP por considerar que “afasta pessoas decentes” da política.

Esta mesma posição foi assumida pelo deputado do CDS-PP João Almeida, que considerou que, ao alargar-se o período de nojo, está-se a “cortar as pernas àqueles que inconscientemente dediquem algum tempo da sua vida à causa pública”.

Em sentido contrário, o líder parlamentar do BE, Fabian Figueiredo, defendeu a proposta do PCP, referindo que não se trata de impedir um alto cargo público de trabalhar no setor privado, mas garantir que, durante o período de uma legislatura, não pode exercer funções numa empresa que tinha tutelado.

Também o deputado do Livre Paulo Muacho concordou com o diploma do PCP, argumentando que “as portas giratórias entre o setor público e o setor privado devem estar fechadas por tempo suficiente para evitar influências”.

Já a deputada única do PAN, Inês Sousa Real, apresentou duas iniciativas do partido, entre as quais uma para impedir que membros da Entidade para a Transparência assumam cargos políticos durante três anos.

Últimas de Política Nacional

Uma nova sondagem da Aximage para o Folha Nacional confirma a reviravolta política que muitos antecipavam: André Ventura salta para a liderança das presidenciais e ultrapassa Gouveia e Melo.
A Assembleia Municipal de Oeiras rejeitou o voto de pesar apresentado pelo CHEGA pela morte do agente da Polícia Municipal Hugo Machado, de 34 anos, com o INOV, liderado por Isaltino Morais, a votar contra e todos os restantes partidos a abster-se.
O candidato presidencial e presidente do CHEGA, André Ventura, considerou hoje que, se a greve geral de 11 de dezembro, convocada pela CGTP e pela UGT, avançar, é “culpa” da forma “atabalhoada” com que o Governo tratou a questão.
Cerca de cem delegados vão debater o futuro do SNS e definir o plano de ação da Federação Nacional dos Médicos (Fnam) para os próximos três anos no congresso que decorre no sábado e domingo, em Viana do Castelo.
Portugal submeteu hoje à Comissão Europeia o oitavo pedido de pagamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), com a comprovação de 22 marcos e metas.
O candidato presidencial e Presidente do CHEGA, André Ventura, reafirmou esta sexta-feira, em conferência de imprensa, que o partido vai entregar no parlamento um voto de condenação ao discurso do Presidente de Angola, João Lourenço, proferido nas comemorações do 50.º aniversário da independência angolana.
O Grupo Parlamentar do CHEGA apresentou na Assembleia da República um projeto de resolução que recomenda ao Governo a suspensão imediata do Manual de Recomendações Técnicas Relativo ao Acompanhamento de Pessoas Transgénero Privadas de Liberdade, aprovado em 2022.
O presidente do CHEGA acusou hoje o PS de “traição ao povo português” por requerer ao Tribunal Constitucional a fiscalização preventiva da constitucionalidade da Lei da Nacionalidade e apelou à celeridade da decisão.
A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) recomendou hoje o alargamento do acordo entre operadores de televisão para realizar os debates presidenciais, depois da queixa apresentada pela Medialivre, dona do Correio da Manhã.
A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, disse hoje que dado o investimento que é feito no setor, este já devia ter evoluído mais, atribuindo essa falta de evolução à forma como está organizado, daí a necessidade de reformas.