“O Governo pode substituir o que bem lhe aprouver, contudo, a APROSOC pode garantir ao país que se apenas substituir o sistema tudo ficará na mesma”, referiu a associação num comunicado hoje divulgado.
Depois de ter falhado na segunda-feira durante o apagão, o Governo anunciou na sexta-feira a criação de uma equipa “de trabalho técnica e multissetorial” para “a substituição urgente” da rede SIRESP, devendo apresentar resultados no prazo máximo de 90 dias.
De acordo com a APROSOC, o que tem falhado são “os sucessivos governos” desde a implementação do SIRESP [Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal].
“As soluções já por nós foram inúmeras vezes apontadas, mas além de não consideradas, do pouco que foi feito os sucessivos Governos faltaram reiteradamente à verdade sobre a dimensão quer da ação quer da manutenção do problema. Continuamos a conhecer a solução, porque conhecemos de perto os problemas”, indicou.
A associação salientou que “não foi por falta de capacidade de investimento que não se resolveu o problema das radiocomunicações de segurança e emergência”, mas sim “por excesso de interesses instalados”, que “deveria ser um caso judicial”.
“Investiu-se até muito mais do que era necessário para resolver o problema, desde logo com a ligação via satélite só para não se admitir que a passagem nos ‘mini link’ da PT [Portugal Telecom] para a fibra ótica tinha sido uma burla da então administração liderada por Zeinal Bava”, acusou.
A APROSOC sublinhou que um sistema de comunicações de emergência precisa de cobertura territorial, capacidade de tráfego, interligação seletiva, autonomia de alimentação e manutenção.
Para a associação, o apagão mostrou “repetidores inoperacionais”, falta de formação de “todo o pessoal operacional”, problemas de difusão de recomendações de autoproteção, incapacidade de articulação da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) e os Serviços Municipais de Proteção Civil (SMPC) e inexistência de equipamentos de radioamador, PMR446 e da Banda do Cidadão nos SMPC.
A rede de comunicações SIRESP tem sido marcada por várias polémicas desde que foi criada, tendo sofrido as maiores alterações após as falhas no combate aos incêndios de 2017, mas voltou a ter limitações no apagão desta semana.
Depois de várias alterações e de centenas de milhões de euros investidos, o SIRESP, a rede de comunicações de emergência do Estado, voltou a falhar num momento crítico como foi na segunda-feira com um apagão geral de energia, em que as dificuldades de acesso à rede foram sentidas nas forças de segurança, bombeiros e INEM.
A rede SIRESP é a rede de comunicações exclusiva do Estado português para o comando, controlo e coordenação de comunicações em todas as situações de emergência e segurança, responde às necessidades dos mais de 40.000 utilizadores e suporta anualmente um número superior a 35 milhões de chamadas.