Presidente francês pede novas medidas face ao aumento do islamismo

O Presidente francês, Emmanuel Macron, pediu hoje ao Governo que formule “novas propostas”, tendo em conta a “gravidade dos factos” constatados num relatório sobre a Irmandade Muçulmana e o islamismo político em França.

O relatório, encomendado pelo Governo francês e debatido numa reunião do Conselho de Defesa, refere uma “ameaça à coesão nacional” com o desenvolvimento do islamismo de “baixo para cima” por parte da Irmandade Muçulmana, nomeadamente em associações desportivas, culturais e sociais.

De acordo com o Eliseu, perante a “gravidade dos factos constatados” neste relatório, o chefe de Estado francês considerou insuficientes as propostas analisadas e pediu novas propostas a apresentar num “próximo Conselho de Defesa no início de junho”.

Macron convocou assim o primeiro-ministro, François Bayrou, e os ministros dos Negócios Estrangeiros, das Finanças e da Educação e do Desporto, “três setores particularmente visados” por um desenvolvimento interno de “baixo para cima” de uma ideologia islamita, segundo o Eliseu.

“Até ao final da semana” será publicado um relatório bastante pormenorizado, indicou o Conselho de Defesa francês, para “sensibilizar o Estado” e “informar o público em geral e os eleitos locais sobre a ameaça e o funcionamento” desta ameaça.

“A infiltração leva tempo, é escondida e é um discurso muito polido”, saleintou a Presidência francesa.

A Irmandade Muçulmana é um movimento político islâmico conservador nascido em 1928 no Egito, tendo sucedido à união de organizações islâmicas de França (UOIF) em 2017. Foi proibido em vários países, incluindo na Arábia Saudita, no Egito e, muito recentemente, na Jordânia.

O ministro do Interior francês, Bruno Retailleau, que descreveu o relatório como alarmante, esboçou algumas ideias iniciais, nomeadamente “uma melhor organização do Estado” com “um verdadeiro chefe dos serviços secretos” e “um gabinete do procurador administrativo no Ministério do Interior” para “iniciar dissoluções” e “obstáculos administrativos”.

Retailleau referiu ainda “uma formação” para funcionários públicos e autarcas, e de uma “estratégia de sensibilização do grande público”, sublinhando “buracos no tapete” relativamente aos “circuitos financeiros” deste movimento.

O Conselho de Defesa debruçou-se também sobre as redes sociais, “um vetor para os islamistas que navegam na atualidade e põem em causa o que a República representa em termos de laicidade, nomeadamente para tentar demonstrar que o Estado é islamófobo”, sendo que a Igreja e o Estado estão separados desde 1905 em França.

Na República Francesa, todos os símbolos religiosos são proibidos a funcionários públicos e nas escolas, incluindo aos alunos, como as cruzes cristãs, os quipás judeus, os turbantes ‘sikhs’ e o véu islâmico.

A Federação de Muçulmanos de França, um ramo nacional da Irmandade Muçulmana, já denunciou veementemente as “acusações infundadas” e alertou para “amálgamas perigosas”.

“Rejeitamos firmemente qualquer alegação que tente associar-nos a um projeto político estrangeiro”, disse.

Já o Conselho francês do culto muçulmano (CFCM), antigo órgão representativo do Islão até 2021, considerou que o relatório “sustenta uma confusão prejudicial” para os “cidadãos muçulmanos” que “sentem agora que já não estão a salvo de suspeitas constantes”.

“Temos de pôr em causa o nosso tratado fiscal com o Qatar, que é um dos principais fornecedores financeiros da Irmandade Muçulmana”, afirmou o presidente do partido de direita radical União Nacional (RN), Jordan Bardella, apelando à “proibição da Irmandade Muçulmana”.

Mas a ideia que mais teve impacto veio de Gabriel Attal, secretário-geral do partido presidencial e antigo primeiro-ministro (2024), que esteve na origem da proibição da ‘abaya’ (veste muçulmana) nas escolas e que defende a proibição do véu em locais públicos para menores de 15 anos.

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