Sociedade de Matemática preocupada por prova do 9º ano não ser pública e digital

A Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) manifestou hoje preocupação sobre alguns aspetos da prova final de Matemática do 9.º ano realizada na sexta-feira, criticando o facto de não ser pública e da escolha do formato digital sem debate prévio.

© D.R.

“Trata-se de um marco fundamental na avaliação da aprendizagem ao longo do ensino básico, especialmente considerando que os alunos envolvidos apenas realizaram, ao longo do seu percurso em Matemática, uma prova de aferição há sete anos, quando estavam no 2.º ano de escolaridade. Contudo, a edição deste ano trouxe alterações consideráveis a esta prova que suscitam preocupações legítimas sobre a sua adequação e impacto no sistema educativo”, refere a SPM, num parecer sobre a prova final de Matemática do 9.º ano.

A Sociedade Portuguesa de Matemática considera que há três aspetos principais relevantes nesta prova, designadamente “o facto de não ser pública, a escolha do formato digital na sua aplicação e a falta de debate prévio sobre estas duas alterações”.

Sobre a não publicação do exame, que o Governo justificou com base na metodologia das avaliações internacionais PISA, a SPM sustenta que a ausência de provas públicas “impede o escrutínio público por parte de professores e especialistas, essencial para assegurar a qualidade pedagógica das provas”.

“Tendo em conta que se trata de provas finais do ensino básico, a ausência de mecanismos de validação externa enfraquece a credibilidade do sistema de avaliação e impede a verificação independente da qualidade e adequação dos itens, do equilíbrio global da prova e dos critérios de classificação utilizados na elaboração destas provas”, refere a SPM , recordando que o país tem “um historial de diversas provas feitas com insuficiências” e um passado de “inflação de notas nas provas finais e exames que depois foram contraditas pelas avaliações internacionais”.

Sobre o formato digital, a SPM sublinha que “a digitalização levanta preocupações quanto à validade do conteúdo e às consequências da avaliação”.

“A tendência para criar estruturas ou itens ‘mais amigáveis digitalmente’ – privilegiar questões de resposta curta ou de escolha múltipla, em detrimento de itens que exijam explicação detalhada, argumentação ou demonstração de raciocínio matemático – limita claramente o alcance pedagógico das provas de Matemática, nas quais o domínio de procedimentos e a adequada sequência na realização de etapas é substancial. A ausência de escrutínio externo agrava ainda mais estes riscos, dificultando a identificação de erros ou enviesamentos nos itens avaliativos”, precisa o parecer.

No comunicado, a Sociedade Portuguesa de Matemática alerta ainda que “estes problemas, não devidamente debatidos e estudados, podem reduzir o valor formativo e avaliativo das provas e levar à consequente diminuição dos desempenhos dos alunos”.

Alguns agrupamentos de escolas reportaram “problemas técnicos” durante a realização da prova de Matemática do 9.º ano na sexta-feira, mas o Ministério da Educação, Ciência e Inovação garantiu que “nenhum aluno será prejudicado na sua avaliação”.

Últimas do País

A Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP) teve hoje "uma reunião um pouco tensa" com a ministra da Administração Interna, que não garantiu "efeitos práticos" das negociações nos salários e carreiras já a 1 de janeiro de 2026.
O Tribunal Judicial de Leiria condenou hoje um arguido na pena única de sete anos de prisão por ter tentado matar três homens há precisamente um ano junto a um bar na cidade de Leiria.
Um em cada quatro alunos de instituições de ensino superior de Lisboa já ponderou abandonar os estudos por causa dos elevados custos do alojamento, segundo um inquérito realizado pela Federação Académica de Lisboa (FAL).
A Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP) alertou o Governo para o "perigo real" que as falhas e "processos artificiais" com origem na Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) representam, rejeitando responsabilidades "por disfunções" do Estado.
A maioria das queixas ou pedidos de parecer foi iniciativa de cidadãos (442 casos), mas os partidos também contribuíram para esta contabilidade, com destaque para o PS, com 75 casos.
O Sindicato Nacional da Polícia (SINAPOL) vai realizar várias ações de protesto e sensibilização em Lisboa nos dias 21, 22, 23 e 24 deste mês para exigir a valorização salarial e da carreira dos polícias.
A Associação de Farmácias de Portugal (AFP) alertou hoje para a importância de qualquer alteração ao regime dos mínimos de serviços nas farmácias garantir o "beneficio efetivo" dos utentes e a viabilidade económica e operacional.
A Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE) recebeu em 2024 mais de 2.000 comunicações de empresas que não iriam renovar o contrato de trabalho a termo ou pretendiam despedir grávidas ou pessoas em licença parental.
Uma manifestação de professores convocada pela Fenprof arrancou hoje, em Lisboa, em direção à sede do Governo, com o secretário-geral da federação sindical a defender ações imediatas para valorizar a carreira docente e suprir a falta de docentes.
O Metropolitano de Lisboa e sindicatos assinaram o novo Acordo de Empresa e que garante o aumento do subsídio de refeição e horários mais reduzidos no subsolo, anunciou fonte sindical.