Quase metade da comida de rua vendida em Lisboa com má qualidade microbiológica

Cerca de 43% da comida de rua (’street food’) comercializada na região de Lisboa apresenta níveis de qualidade microbiológica insatisfatórios e 2,6% revela-se potencialmente perigosa para a saúde pública, segundo um estudo do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge.

© D.R.

O estudo, publicado no Boletim Epidemiológico Observações do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), visou monitorizar a qualidade microbiológica da ‘street food’, pronta para consumo, vendida na área metropolitana de Lisboa.

Foram colhidas 118 amostras únicas de alimentos ‘street food’ em 39 pontos de venda de sete áreas do distrito de Lisboa, entre março de 2019 e dezembro de 2022.

As amostras foram classificadas em grupos, de acordo com os valores-guia do INSA, com base no tipo de preparação: com ou sem tratamento térmico, manipulação após tratamento térmico, presença de componentes crus ou de componentes com flora própria.

Entre os alimentos avaliados estavam salgados como rissóis, pastéis de bacalhau e chamuças, produtos de pastelaria (como donuts e croissants), sanduíches contendo vegetais frescos, cachorros quentes, hambúrgueres, saladas mistas, frutas, sumos naturais e sushi.

O estudo revela que, das 118 amostras, a declaração de conformidade da qualidade microbiológica foi de satisfatória em 35 (29,7%) e questionável em 29 (24,6%).

Já 51 amostras (43,2%) foram avaliadas como não satisfatórias e três (2,6%) como não satisfatórias e potencialmente perigosas para a saúde pública.

Os investigadores salientam que uma lavagem inadequada de componentes hortofrutícolas servidos crus, a utilização de temperaturas de armazenamento inadequados e um ineficiente controlo do tempo de utilização destes produtos podem explicar estes resultados.

Observam que as três amostras avaliadas como potencialmente perigosas para a saúde pública eram de coxinhas de frango, que, embora totalmente cozinhadas, é um alimento pronto para consumo que requer muita manipulação durante a preparação.

“Além disso, apesar de ser frito antes de servir, por ser uma preparação em panado, com alguma espessura, deve ter-se em atenção que no seu interior deverá ser atingida uma temperatura suficiente para a eliminação de microrganismos que possam estar presentes”, explica.

Os resultados obtidos neste estudo apontam para “um incumprimento de algumas das boas práticas de higiene neste tipo de estabelecimentos”.

Os investigadores defendem que a deteção de E. coli e Staphylococcus coagulase positiva (indicadores de segurança/higiene) acima do Valor Máximo de Referência em 14,4% (17) e 26,2% (31) das amostras, respetivamente, reflete a importância de incentivar os operadores destas empresas a melhorarem os sistemas de segurança alimentar implementados.

“Devem ser incentivados programas de vigilância que visem motivar e consciencializar este grupo específico de operadores sobre a importância do cumprimento das boas práticas de higiene e de fabrico”, defendem.

O estabelecimento de pontos críticos de controlo, a revalidação frequente da formação dos manipuladores e a implementação de programas de autocontrolo, são outras medidas defendidas como determinantes para a segurança e qualidade dos alimentos prontos para consumo disponibilizados por este setor alimentar.

Segundo os dados reportados à Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA), entre 2019 e 2023, foram associados a locais de exposição como “restaurantes, ‘pubs’, vendedores ambulantes, take-away”, 721 surtos com forte evidência da sua origem alimentar, que originaram 10.871 casos de doença.

Salmonella spp, Staphylococcus aureus e Clostridium perfringens foram alguns dos agentes causais mais comuns detetados em surtos associados a estes locais de exposição.

Últimas do País

Cerca de 43% da comida de rua (’street food’) comercializada na região de Lisboa apresenta níveis de qualidade microbiológica insatisfatórios e 2,6% revela-se potencialmente perigosa para a saúde pública, segundo um estudo do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge.
Seis urgências vão estar encerradas no sábado, cinco de Ginecologia e Obstetrícia e uma de Pediatria, número que se mantém no domingo, mas inclui a urgência geral do Hospital Amadora-Sintra, indica o Portal do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
O Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP) assinalou hoje o dia evocativo da classe com preocupação pela situação de insegurança e degradação nas prisões, mas com "total confiança" na ministra da Justiça para as resolver.
A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) detetou falhas no acesso às primeiras consultas no Hospital Amadora-Sintra, incluindo pedidos duplicados, registos antecipados, erros na tipificação de consultas e episódios omissos, colocando em causa a equidade e transparência do sistema.
O Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-hospitalar acusou hoje a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) de querer imputar, sem fundamento, a responsabilidade da morte de um utente em 2024 a uma técnica de emergência pré-hospitalar.
A Direção-Geral da Saúde alertou hoje que as situações de calor extremo, como a prevista para os próximos dias, têm riscos para a saúde, recomendando que se beba água, evite bebidas alcoólicas e opte por ambientes frescos ou climatizados.
O uso "excessivo" de nomeações na administração pública através do regime de substituição "compromete a meritocracia", segundo um estudo cujos investigadores admitem ser necessário rever a lei para limitar este mecanismo.
A primeira ambulância de suporte imediato de vida a chegar junto do utente que morreu por atraso no socorro em 2024 demorou uma hora e 26 minutos, fora da janela de oportunidade para fazer uma angioplastia coronária.
Portugal está a falhar com as suas crianças. Mais de 20% vivem na pobreza, sem acesso a necessidades básicas. Mas o Estado gasta milhares de euros em subsídios para refugiados que nunca trabalharam nem contribuiram.
A Polícia Judiciária deteve quatro pessoas por suspeitas de burla bancária a um cidadão angolano e residente em Angola lesado em 130 mil euros por operações fraudulentas em seu nome num banco em Portugal quando se encontrava no estrangeiro.