Unicef e outras ONG pedem medidas urgentes contra violência infantil

A Unicef Portugal e outras quatro instituições, unidas numa "Aliança pela Prevenção", apelam hoje ao Governo para que crie um "novo paradigma de tolerância zero para com a violência na infância" e tome medidas para combater o problema.

© D.R.

Numa carta aberta hoje divulgada, a Unicef Portugal, a Aldeias de Crianças SOS, a Associação de Apoio Vítima (APAV), o Instituto de Apoio à Criança e a ProChild CoLAB uniram-se para pedir urgência nas medidas de combate à violência contra as crianças.

Os subscritores alertam que mais de 1,3 milhões de pessoas relataram ter sofrido algum tipo de abuso emocional ou físico na Infância e 1.041 crimes de abuso sexual de crianças foram registados só em 2024 (mais 7% face a 2023).

Uma em cada três vítimas de violência doméstica tinham menos de 16 anos em 2024 (10.430 pessoas) e cada dois em três jovens relataram ter vivido, pelo menos, uma forma de vitimação nas suas relações de namoro (2.978 pessoas), acrescentam.

Esta ação hoje divulgada tem como objetivo “colocar os Direitos da Criança nas prioridades das políticas públicas e orçamentais do novo Governo”.

A Aliança pela Prevenção sublinha que a criação de um novo paradigma de tolerância zero para com a violência na infância deve ser alcançada através de um conjunto de sete compromissos orientadores.

Entre estes sete compromissos, a carta propõe uma “coordenação intersetorial efetiva, garantindo uma atuação articulada entre ministérios e os sistemas e serviços de saúde, educação, justiça, ação social, segurança e sociedade civil”, bem como uma definição de mecanismos claros de responsabilidade e cooperação nos eixos da prevenção, deteção e investigação, e intervenção e acompanhamento às vítimas.

O reforço e harmonização do enquadramento legal, abrangendo os domínios civil, penal, processual e administrativo, com uma base jurídica coerente, centrada nos direitos da criança e sustentada por investimento público estável e adequado é outro dos pontos, assim como a recolha e monitorização de dados de qualidade, “nomeadamente um diagnóstico rigoroso, continuado e abrangente da violência contra as crianças em Portugal, com dados desagregados”.

Estas organizações pedem também intervenção de saúde pública assegurando uma resposta abrangente de prevenção da violência, em particular da primária, através de medidas de sensibilização e formação, dirigidas a profissionais, famílias e toda a comunidade, e que deve incluir a deteção precoce, intervenção atempada e acompanhamento multidisciplinar, envolvendo os cuidados de saúde primários, essenciais para a identificação de fatores de risco.

Apelam também a uma promoção de ambientes escolares e socioeducativos seguros, inclusivos e livres de violência, que coloquem o bem-estar físico, emocional e social das crianças no centro da ação educativa, a par da “implementação de programas de apoio a pais e cuidadores que reforcem as competências parentais, promovam práticas educativas positivas e previnam situações de negligência ou violência, envolvendo equipas multidisciplinares, incluindo profissionais de saúde”.

Por último, defendem “a garantia de condições de vida dignas e acesso a políticas e apoios sociais adequados, assegurando que nenhuma criança ou família fique excluída da proteção e dos recursos de que necessita para viver com segurança e dignidade”.

“Os maus-tratos físicos, emocionais, a negligência ou a violência sexual afetam o rendimento escolar, a autoestima, a saúde mental e a capacidade de estabelecer relações seguras e saudáveis”, alertam as instituições.

Podem, ainda, ter impacto nos próprios modelos de cuidado e parentalidade que a criança assumirá como adulto, potenciando a continuidade cíclica dos padrões de maus-tratos e dos seus efeitos, lembram.

Últimas do País

O Tribunal de Almodôvar decretou hoje a prisão preventiva do homem suspeito de ter ateado cinco focos de incêndio junto à Estrada Nacional 2 (EN2), entre Castro Verde e Aljustrel, distrito de Beja, revelou fonte policial.
O Ministério Público (MP) acusou 15 arguidos de tráfico de estupefacientes no Bairro do Lagarteiro, no Porto, e em Espinho, foi hoje divulgado.
O antigo primeiro-ministro José Sócrates considerou hoje que um “lapso de escrita” que em 2024 reavivou o processo Operação Marquês, que “estava morto”, foi a “gota de água” que levou à apresentação de uma queixa contra o Estado português.
A Unicef Portugal e outras quatro instituições, unidas numa "Aliança pela Prevenção", apelam hoje ao Governo para que crie um "novo paradigma de tolerância zero para com a violência na infância" e tome medidas para combater o problema.
Quase 80% dos utentes inquiridos num estudo da Entidade Reguladora da Saúde (ERS) revelaram um conhecimento inadequado ou problemático dos seus direitos no acesso aos cuidados de saúde.
Cerca de um terço das estações meteorológicas de Portugal continental ultrapassaram ou igualaram, no fim de semana, os seus anteriores máximos históricos de temperatura máxima para o mês de junho, segundo o IPMA.
O IRN e o Ministério da Justiça acrescentam que para "tornar mais eficiente a tramitação dos processos, o balcão do Arquivo Central do Porto encerrará, temporariamente, o atendimento presencial, para poder dedicar os seus recursos aos pedidos recebidos por correio e canal 'online'".
As matrículas dos alunos que em setembro vão para o 5.º ano de escolaridade começam hoje e os encarregados de educação devem fazê-lo até ao dia 11 de julho.
O envolvimento da Força Aérea no transporte de emergência médica mantém-se a partir de terça-feira, apesar de já ter sido concedido o visto ao contrato entre o INEM e a empresa Gulf Med, a quem foi adjudicado o serviço.
O fenómeno é particularmente visível no Algarve e na Grande Lisboa, onde há concelhos em que os partos de mães estrangeiras já ultrapassam, e de forma clara, os de mães portuguesas.