Apagão: Iberdrola vai levar presidente de operador da rede espanhola à justiça

A Iberdrola vai queixar-se na justiça da presidente da Red Eléctrica, a operadora do sistema elétrico de Espanha, por declarações em que atribuiu responsabilidades do apagão de 28 de abril às empresas produtoras, noticiam hoje meios de comunicação social espanhóis.

ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

Segundo “fontes jurídicas” citadas pela agência de notícias EFE e o jornal El Mundo, a empresa vai iniciar “ações legais” contra Beatriz Corredor, presidente da Red Eléctrica (REE). Beatriz Corredor afirmou, numa audição no Senado de Espanha em 11 de setembro, que o apagão se deveu a incumprimentos das empresas geradoras de eletricidade, sem mencionar nenhuma em concreto.

Ainda assim, referiu-se a uma unidade fotovoltaica na zona de Badajoz, que a imprensa espanhola tem identificado como sendo da Iberdrola e que Beatriz Corredor disse ter-se “comportado de forma indevida” no dia do apagão, o que fez com que o sistema se tornasse “muito mais vulnerável”. Apesar de não ter referido o nome da Iberdrola, a empresa considera que “esta insinuação” de Beatriz Corredor ataca “a sua honra”, disseram as mesmas fontes jurídicas à EFE.

Num relatório sobre o apagão apresentado em 18 de junho, a REE atribuiu o episódio a incumprimentos de obrigações por parte das empresas produtoras de energia e rejeitou acusações de mau planeamento. “Se os geradores com obrigação de cumprimento de controlo dinâmico de tensão – os geradores ligados ao sistema no momento do incidente – tivessem cumprido, não teria havido apagão“, disse a diretora-geral de Operação da Red Elétrica, Concha Sánchez.

Segundo a REE, após oscilações relevantes no sistema a partir das 12:03 locais de 28 de abril (meia hora antes do apagão), uma série de centrais de produção desligou-se, levando ao apagão total, mas fizeram-no de forma “incorreta”, incumprindo obrigações, uma vez que nesse momento a tensão no sistema estava “totalmente dentro dos limites” estabelecidos legalmente.

A REE recusou ter feito uma “má planificação” nos dias e horas anteriores ao apagão, como apontou o Governo espanhol num relatório e a associação espanhola de produtores de energia Aelec, defendendo que o colapso teria sido evitado se as empresas com unidades de produção tivessem cumprido as obrigações que tinham naquele dia por solicitação do operador.

O relatório apresentado pelo Governo espanhol, também em junho, responsabilizou tanto a REE como as empresas produtoras de eletricidade pelo apagão, concluindo que houve mau planeamento por parte da Red Eléctrica, mas também incumprimentos de obrigações por parte das produtoras.

O apagão ibérico de 28 de abril foi provocado por uma sucessão de desligamentos súbitos de produção renovável, e subsequente perda de sincronismo com a rede continental europeia, segundo o painel de peritos europeus que investiga o incidente.

O relatório publicado este mês, elaborado por 45 especialistas de operadores de rede e reguladores de 12 países, classifica o incidente como de “escala 3” — o nível mais grave previsto pela legislação europeia — e descreve-o como “o mais significativo ocorrido no sistema elétrico europeu em mais de 20 anos”, afetando milhões de cidadãos e provocando perturbações graves em serviços essenciais.

De acordo com a análise da Rede Europeia de Gestores de Redes de Transporte de Eletricidade (ENTSO-E, na sigla em inglês), a sequência de falhas teve início às 12:32 (hora de Bruxelas), quando diversas centrais solares e eólicas no sul de Espanha se desligaram subitamente da rede, seguidas de perdas adicionais em regiões como Granada, Badajoz, Sevilha e Cáceres. O relatório nota que as análises realizadas pelos centros de coordenação regionais na véspera do incidente não tinham identificado riscos significativos.

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