“Foram de autêntico terror para todos nós, quer para os utentes, quer para nós, enquanto técnicos, que vivemos horas de pânico”, afirmou Vera Batista à Lusa, referindo que as autoridades, “depois do alerta, demoraram 40 minutos a chegar, apesar de a instituição se situar a 10 quilómetros da cidade de Santarém”.
Segundo a funcionária, durante esse período, os funcionários e os utentes da associação “tentaram barricar-se em determinados sítios”, enquanto o agressor “andou pela quinta, a partir vidros, portas, extintores, com tudo o que apanhava”.
O ataque ocorreu na terça-feira, quando um utente de 25 anos, que frequentava o centro, “entrou em conflito por recusar ser expulso e iniciou o ataque, usando uma faca de cozinha”, disse à Lusa o oficial de relações públicas da GNR de Santarém.
O incidente provocou oito feridos, dois dos quais graves – um transportado para o Hospital de Santarém e outro de helicóptero para Vila Franca de Xira -, quatro ligeiros por ferimentos com arma branca, um por agressão física e outro vítima de doença súbita.
Os dois feridos considerados graves estão “fora de perigo e estáveis”, confirmou Vera Batista, acrescentando que “dois utentes já tiveram alta e três continuam internados”.
A técnica garantiu que, apesar do episódio, “voltou tudo à normalidade”, com os utentes a retomarem as atividades diárias e a equipa a trabalhar para restabelecer as condições normais nas instalações.
“Estamos todos muito abalados com a situação, mas a tentar continuar a fazer o nosso trabalho, que é para isso que cá estamos todos”, afirmou, acrescentado que a área mais afetada foi “a zona da secretaria”, sem impacto direto nas áreas onde decorrem as atividades diárias dos utentes.
Segundo a técnica, estão “a arrumar tudo, limpar tudo, para que as instalações voltem ao que eram antes”. Todos os utentes e vítimas estão a ser acompanhados por psicólogos.
“Temos psicólogos a trabalhar connosco, o nosso enfermeiro, o nosso médico de clínica geral, estamos todos a trabalhar em equipa para restabelecer a normalidade”, revelou, afirmando ainda que “foi um ato isolado, de que ninguém estava à espera”.
O alerta foi dado às 14:35 e mobilizou 12 veículos, 32 operacionais, o helicóptero do INEM (HeliSul) e a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) de Vila Franca de Xira.
O oficial de relações públicas da GNR de Santarém revelou ainda à Lusa que o agressor, que foi detido pouco depois do ataque, vai ser presente no tribunal de Santarém na quinta-feira.
A associação Picapau é uma instituição particular de solidariedade social fundada em 1993 com o objetivo de combater a toxicodependência, a pobreza e a exclusão social, com sede na freguesia de Almoster, no concelho de Santarém.