No dia em que o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) celebra 126 anos, Fernando Almeida destacou à agência Lusa a formalização, através de um despacho da secretária de Estado da Saúde, da coordenação nacional do Revive — Rede de Vigilância de Vetores, o que já fazia informalmente.
O responsável salientou que a Revive tem cerca de 350 colaboradores em todo o país, entre os quais técnicos de saúde ambiental, médicos de saúde pública, unidades locais de saúde, que fazem “um grande trabalho de pesquisa e de recolha de mosquitos, carraças”.
A rede assegura a deteção precoce de vetores transmissores de doenças como o Zika, Dengue e Chikungunya, numa altura em que o mosquito Aedes albopictus já se encontra disseminado em quase todo o país.
“Portanto, há aqui uma responsabilidade acrescida que nos permite, em articulação com as ULS, com as delegações de saúde regionais, a Direção-Geral da Saúde e com outras instituições congéneres, robustecer e não estarmos à espera de sermos reativos”, salientou.
Neste momento, vincou, “Portugal tem todas as condições e está preparado para responder de forma eficaz e operacional” a eventuais emergências, destacando a articulação entre o INSA, a Direção-Geral da Saúde, as ULS e outras entidades do sistema de saúde pública.
Fernando Almeida sublinhou que o sul da Europa já regista casos autóctones destas doenças, desde Itália, França e Espanha, mas Portugal ainda não detetou qualquer infeção adquirida internamente, apenas casos importados, o que deixa os especialistas “tranquilos, mas atentos”.
“Este despacho permite-nos reforçar ainda mais [a vigilância] e estamos na linha da frente da preparação para aquilo que vier”, disse, acrescentando: “Não podemos impedir que estas situações ocorram — basta lembrar a Covid —, mas o que queremos é, se ocorrer, garantir que está tudo preparado para uma resposta eficaz, e perfeitamente operacional”.
As declarações foram feitas no âmbito das comemorações dos 126 anos do INSA, que o presidente considera uma oportunidade para “consolidar o Instituto como referência nacional e internacional” e avançar com a modernização da sua lei orgânica e estatutos, em vigor há 13 anos.
De acordo com Fernando Almeida, esta modernização permitirá responder aos desafios “com mais eficácia e maior prontidão”, assim como adaptar o INSA “aos tempos modernos da ciência”, nomeadamente à genómica, inteligência artificial, digitalização e novas metodologias de diagnóstico.
Entre os projetos em curso, destacou a Estratégia do Milhão de Genomas, “um projeto totalmente inovador a nível europeu” que o INSA pretende implementar em 2026, e o teste pré-natal não invasivo, já incluído na tabela do Serviço Nacional de Saúde, que permite detetar malformações fetais através de uma simples análise ao sangue periférico.
O INSA também está a fazer um estudo sobre imunodeficiência combinada grave, com vista à integração desta patologia no rastreio neonatal, adiantou, sublinhando que o projeto surge na sequência de uma recomendação da Assembleia da República.
O presidente destacou também o reforço da cooperação com os países africanos de língua portuguesa e a modernização de infraestruturas e equipamentos, apoiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).