Os portugueses devem preparar-se para um novo aperto no orçamento doméstico. Segundo avançou a Rádio Renascença, a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) alerta que os preços da carne, do peixe e até dos hortofrutícolas poderão subir entre 6% e 7% no próximo ano. A previsão resulta da subida contínua dos custos de produção e de um quadro regulatório cada vez mais exigente, que obriga as empresas a realizar investimentos adicionais para cumprir novas normas.
Em declarações ao mesmo órgão de comunicação, o secretário-geral da APED, Gonçalo Lobo Xavier, foi direto: “Os consumidores vão sentir aumentos em várias categorias, e esses aumentos estão diretamente relacionados com os custos de produção associados a esses produtos.” Um aviso prudente, mas que deixa pouco espaço para ilusões sobre o impacto na vida das famílias.
A escalada de preços deverá incidir especialmente na carne, no peixe e nos produtos frescos. Estes setores estão a ser pressionados simultaneamente por encargos regulatórios e aumentos expressivos em componentes fundamentais do processo produtivo — desde as rações e fertilizantes até aos custos da energia e da logística. Um contexto que torna inevitável a transferência desses aumentos para o preço final.
A pressão não se limita, porém, ao setor alimentar tradicional. O café, o cacau e outras matérias-primas essenciais têm registado subidas acentuadas, influenciadas por fenómenos ambientais, instabilidade internacional e volatilidade dos mercados. Uma combinação que ameaça prolongar a tendência inflacionista.
Gonçalo Lobo Xavier reconhece as dificuldades: “Há pressão regulatória que obriga a investimentos para cumprir essas obrigações, e isso preocupa-nos.” Ainda assim, assegura que o retalho tentará “mitigar os aumentos com mais eficiência e, se necessário, com o esmagamento das margens”. Uma medida que poderá suavizar parcialmente os efeitos, mas que dificilmente impedirá a subida dos preços.
Uma coisa é certa: 2026 chega com sinais claros de que o cabaz alimentar ficará mais pesado para os consumidores portugueses.