Altos comandantes dos exércitos dos Estados Unidos e da China reuniram nas Fiji, em agosto, confirmaram hoje ambos os países, no primeiro sinal de aproximação na área da Defesa entre as duas potências nos últimos meses.
“Quero destacar que o comandante encarregado dos EUA para o Indo-Pacífico, John Aquilino, reuniu recentemente com responsáveis da República Popular da China na Conferência dos Chefes de Defesa nas Fiji, em meados de agosto”, revelou o porta-voz do Pentágono, o general Patrick Ryder, em conferência de imprensa.
O coronel Wu Qian, porta-voz do ministério da Defesa da China, confirmou, em comunicado, que o chefe do Estado-Maior da Comissão Militar Central da China, Xu Qiling, reuniu com representantes do Exército dos EUA.
Chefiada pelo Presidente chinês, Xi Jinping, a Comissão Militar Central é o braço político das Forças Armadas chinesas.
Tratou-se do primeiro contacto presencial bilateral de alto nível este ano, segundo Wu Qian.
“O intercâmbio militar entre China e Estados Unidos não está suspenso. Ambos os lados mantiveram uma comunicação aberta e eficaz através dos seus canais militares e diplomáticos”, acrescentou Wu. “No entanto, existem muitas dificuldades e obstáculos na relação”, admitiu.
A reunião é um dos primeiros sinais de otimismo nas relações entre ambos os Exércitos.
Pequim interrompeu o diálogo com Washington sobre questões militares, comerciais ou climáticas, em agosto de 2022, em retaliação contra a visita a Taiwan da então presidente da Câmara dos Representantes do Congresso dos EUA, Nancy Pelosi. O Partido Comunista reivindica Taiwan como parte do seu território e opõe-se a que governos estrangeiros tenham contacto com as autoridades da ilha.
O abate de um alegado balão de espionagem chinês sobre o território dos EUA, em fevereiro passado, aumentou as tensões e, em junho, a China rejeitou uma reunião no fórum Diálogo Shangri-La, em Singapura, entre os chefes de Defesa dos dois países, Lloyd Austin e Li Shangfu.
A reunião nas Fiji coincide com uma série de visitas à China de altos funcionários dos EUA nos últimos meses, incluindo a Secretária de Comércio, Gina Raimondo, que esteve em Pequim e Xangai, esta semana.
Também a secretária de Estado do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, e o enviado da Casa Branca para o clima, John Kerry, visitaram a China, em julho passado.
O chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, visitou Pequim no mês anterior, na visita de mais alto nível por um responsável norte-americano desde 2018.
O encontro nas Fiji tem também relevância devido à disputa por influência que a China e os EUA estão a travar no Pacífico Sul, especialmente desde 2022, quando Pequim assinou um pacto de segurança com as Ilhas Salomão.
A Fiji está em processo de reavaliar os seus laços de segurança com a China, assinados em 2011 pelo governo anterior. Em junho passado, o país assinou um acordo bilateral de Defesa com a Nova Zelândia, aliado dos EUA na região.