Primeiro-ministro britânico defende “inviolabilidade” de parlamento perante espionagem chinesa

O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, defendeu hoje que a “inviolabilidade” do parlamento britânico deve ser protegida, após a noticiada detenção de um assessor parlamentar por suspeita de espionagem a favor da China.

© Facebook/Rishi Sunak

“Toda a Câmara está preocupada com os relatos de espionagem neste edifício. A inviolabilidade deste lugar tem de ser protegida e têm de ser mantidos os direitos dos membros de dizerem o que pensam sem medo ou sanções”, disse, durante uma intervenção na Câmara dos Comuns sobre a participação na cimeira do G20 na Índia.

Sunak afirmou ter sido “enfático com o primeiro-ministro Li [Qiang], ao afirmar que as ações que procuram minar a democracia britânica são completamente inaceitáveis e nunca serão toleradas”, vincou.

A Polícia Metropolitana de Londres confirmou que um homem de cerca de 20 anos e outro na casa dos 30 anos foram detidos em março com base na Lei dos Segredos Oficiais.

Os suspeitos foram libertados sob caução e continuam sob investigação pelo menos até outubro.

O jornal Sunday Times revelou no domingo que o suspeito mais jovem era um assessor parlamentar que trabalhava com deputados importantes do Partido Conservador, como o atual ministro da Segurança, Tom Tugendhat, e a presidente da Comissão Parlamentar dos Negócios Estrangeiros, Alice Kearns, e que possuía um passe que lhe permitia o pleno acesso aos edifícios do Parlamento.

O homem, cujo nome não foi divulgado publicamente pela polícia, mas que foi revelado hoje pelo The Times, afirmou num comunicado divulgado pelos seus advogados que está “completamente inocente”.

“Passei a minha carreira até à data a tentar educar os outros sobre o desafio e as ameaças representadas pelo Partido Comunista Chinês. Fazer o que foi alegado contra mim em reportagens exageradas seria contra tudo o que defendo”, salientou.

Um comunicado da Embaixada da China classificou as alegações como “completamente fabricadas e nada mais do que calúnias maliciosas”, instando “as partes relevantes no Reino Unido a pararem com a sua manipulação política anti-China”.

O Executivo tem estado sob pressão de vários deputados para descrever a China como uma “ameaça”, como tinha sido feito nos mandatos de Boris Johnson e Liz Truss, mas em vez disso tem insistido em declarar o país como um “desafio sistémico”.

“Porque é que não lhes chamamos ameaça e não tomamos as medidas necessárias para lidar com eles nessa base, com sanções sobre pessoas”, questionou o antigo ministro do Trabalho, Iain Duncan Smith, no parlamento.

O presidente da Câmara dos Comuns, Lindsay Hoyle, advertiu os deputados durante a abertura da sessão de hoje para a “importância de não discutir questões de segurança no plenário da assembleia” de forma a não prejudicar as investigações ou potenciais ações judiciais.

Hoyle explicou que “o número extremamente reduzido de pessoas que precisavam de saber foi imediatamente informado numa base estritamente confidencial, dada a segurança nacional deste assunto sensível”, respondendo a queixas sobre a falta de informação antes de o caso ser exposto pela comunicação social.

Os serviços de espionagem do Reino Unido têm alertado repetidamente para as crescentes atividades secretas de Pequim e para tentativas de interferência na política britânica por parte do Partido Comunista Chinês.

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