Desengane-se quem julga que os critérios da Segurança Social são justos e isentos de Doutrinas Políticas.
Na verdade, chegamos facilmente à conclusão de que os Sistemas e Instituições que deveriam estar ao serviço dos portugueses estão, na realidade, moldados para perpetuar o ilusório sucesso da ala socialista e da sua agenda.
A ineficácia do controlo dos investimentos sociais, a falta de transparência e simultaneamente a pouca coerência na análise dos pedidos de Ação Social levam a que ocorra uma constante atribuição indevida de apoios ou subsídios.
Dar a quem não merece e tirar a quem realmente precisa é um critério que incentiva a inação e conduz inevitavelmente a injustiças – uma premissa real e bem presente em Portugal. Atualmente, os trabalhadores têm cada vez mais Impostos e a Carga Fiscal é asfixiante, de tal forma que chegar ao fim do mês é um exercício de sobrevivência pessoal e familiar.
Por outro lado, os desempregados são contemplados com Subsídios apelativos que se prolongam durante meses, tendo como único dever apresentar um Comprovativo de Procura Ativa de Emprego, ou seja, um mero carimbo de um qualquer local onde possa ter entregue um Currículo, mesmo não tendo uma genuína intenção de encontrar um posto de trabalho.
O facto de nos depararmos com situações recorrentes de Apoios do Estado indevidas para uns e de constantes rejeições a portugueses com reais dificuldades a nível de Saúde, Habitação e Segurança, gera uma revolta e um sentimento de injustiça na população que certamente irá trazer consequências.
Podemos aplicar aqui o caso dos Cuidadores Informais:
Em Portugal estima-se que existam alguns milhares de Cuidadores, mas apenas uma minoria tem acesso ao Subsídio de Apoio ao Cuidador Informal Principal (atribuído a quem tenha Estatuto de Cuidador Informal Principal, beneficiando o cônjuge ou familiar direto que viva com a pessoa dependente e cuide de forma permanente, e que não tenha qualquer fonte de rendimento oriunda de atividade profissional).
Quer isto, portanto, dizer que um cuidador terá de assumir de forma ininterrupta a responsabilidade de cuidar e garantir serviços dignos à pessoa dependente, sem gozar folgas, feriados, fins de semana, e nem terá um número máximo de horas de trabalho diário.
O desgaste físico e psicológico é elevado, e raros são os casos em que há suporte emocional ou ajuda para a prestação deste tipo de cuidados.
Um inquérito nacional realizado pela Merck, com apoio do Movimento Cuidar dos Cuidadores Informais, confirma que 83,3% dos Cuidadores Informais admitem ter-se sentido em estado de burnout/exaustão emocional em algum momento.
O SNS não dará, certamente, respostas a estas pessoas, pois mesmo um doente muito prioritário poderá esperar até 97 dias por uma Consulta de Psiquiatria. E dificilmente o Cuidador assumirá para si próprio os custos da opção de consultas de psiquiatria e/ou psicoterapia em Hospitais Privados, por causa dos elevados custos desta Especialidade e pela sua falta de rendimentos.
O difícil acesso a este Subsídio que me parece ser da mais elementar justiça, é um notório exemplo de como os Serviços da Segurança Social do Estado português conseguem ser tão alheios à realidade que os rodeia.
Onde estão a sensibilidade, a tolerância e a equidade tão amplamente difundidas nos discursos de Esquerda?
Neste caso, como em muitos outros, o que salta à vista é a Demagogia da Doutrina socialista: promete muita coisa e cumpre muito pouco.
O risco de pobreza extrema no que à situação dos Cuidadores Informais diz respeito é acentuado e afeta muitas famílias, contudo teima em não ser resolvido e permanece sem resposta. Para estes fica a indiferença e a intolerância de um Estado que os olha como cidadãos de categoria inferior.
Esquecendo que não havendo condições para assegurar o seu descanso, fica em causa, acima de tudo, o bem-estar do dependente que precisa de cuidados.
Toda esta inércia na resolução dos problemas dos portugueses que, muitas vezes sem alternativa, cuidam de outra pessoa, só mostra que o governo nos vira as costas nas horas mais apertadas.
A fragilidade dos nossos cidadãos é cada vez mais frequente.
Assim como o é a insensibilidade do nosso Governo!