Numa conferência de imprensa na sede nacional do partido, em Lisboa, o líder do CHEGA afirmou que a entrega de novos elementos por parte da Presidência da República à comissão de inquérito ao caso das gémeas que não foram anteriormente entregues “está no limiar da legalidade”.
“Porque ocultou ao parlamento, à Procuradoria-Geral da República, e a entidades administrativamente instigadas para o efeito, elementos fundamentais para a análise do processo decisório”, argumentou André Ventura.
O presidente do CHEGA referia-se ao novo conjunto de ‘emails’ que, de acordo com a informação adiantada pelo Correio da Manhã e a RTP, foram entregues à CPI a 25 de julho e que não constavam da documentação que havia sido enviada inicialmente.
Foram estas comunicações que geraram um momento de tensão entre o líder do CHEGA e Maria João Ruela, consultora do Presidente, depois de André Ventura acusar a assessora de mentir à comissão de inquérito por dizer que não tinha conhecimento de um suposto ‘email’ a notificá-la do caso e do que fazer, que não teria sido enviado ao parlamento.
“Não me acuse de mentir, acho que atinge a minha honra”, respondeu Ruela, considerando que o deputado estava “à procura de criar uma história”.
Para André Ventura, a revelação destes ‘emails’ “é um sinal de alerta (…) de que não basta ficar de braços cruzados à espera dos elementos, que não basta aceitar acriticamente e passivamente tudo aquilo que enviam” e que é preciso “fazer a nossa própria investigação”.
O líder do CHEGA afirmou também que Marcelo Rebelo de Sousa está a aderir, à semelhança do que considera terem feito o atual e o anterior Governo, a uma “atitude de boicote permanente” aos trabalhos da CPI.
Ventura apelou ainda a que todas as entidades públicas envolvida no caso “façam novamente a revisão do que disseram e que fizeram, para encontrar todos os ‘emails’” que a CPI ainda não possui e poder evitar “novas situações de omissão”.
Insistiu ainda que o partido voltará a propor na CPI que a Presidência da República, bem como o Ministério da Saúde entreguem “todos os elementos aos seu dispor nesta matéria”.
“Quando se diz todos, é mesmo todos. Todas as comunicações dentro do quadro legal que temos em vigor, todos os atos administrativos, todas as intimações, todos os ‘emails’, tenham sido ou não encontrados na primeira fase, devem ser entregues para que o país, e sobretudo esta comissão de inquérito, possa perceber como é que foi feito este tratamento”, afirmou.