“Vamos convocar uma atividade enorme onde todos (…) têm de ver a força, a determinação, a decisão que nós, venezuelanos, tomámos, de que não há volta a dar”, disse na sexta-feira Machado.
Numa conversa com a cantora venezuelano-americana Lele Pons, transmitida na rede social Instagram, a dirigente prometeu revelar “nas próximas horas” mais detalhes sobre um evento que se irá realizar “muito em breve”, tanto “dentro como fora” da Venezuela.
Machado disse que o evento será em apoio do candidato presidencial da principal coligação da oposição, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia, a quem se referiu como o “novo presidente eleito” da nação sul-americana.
“Não vamos sair das ruas, isso não significa que estaremos nas ruas todos os dias”, insistiu a ativista. Machado disse esperar que “todos os que sofrem” pela Venezuela se juntem ao evento, que descreveu como “um momento de encontro”.
A dirigente defendeu que o movimento que lidera é “organizado, cívico e pacífico”, mas “não é dócil”, impondo “uma estratégia super robusta” para acabar com o chavismo, no poder na Venezuela desde 1999.
O chavismo é a ideologia de esquerda, baseada nas ideias do ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez (1999-2013) e prosseguida pelo atual líder, Nicolás Maduro, que reivindicou a reeleição para um terceiro mandato, mas que a oposição acusa de fraude eleitoral.
María Corina Machado considerou que o anúncio de Nicolás Maduro, feito na segunda-feira, de que se retirava do Whatsapp e o apelo à população para deixar de usar a plataforma de mensagens são sinais de que os dirigentes chavistas “têm medo”.
Na sexta-feira, ao ser questionado sobre o diálogo que anunciou iria fazer após as eleições presidenciais, Maduro rejeitou quaisquer negociações com María Corina Machado, afirmando que esta deve ser responsabilizada “pelos crimes que cometeu”.
“No que diz respeito a negociações, penso que a única pessoa que deve negociar com Machado neste país é o Procurador-Geral, para que ela se entregue à justiça e responda pelos crimes que cometeu”, disse Nicolás Maduro.
No domingo passado, o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, negou que existam ordens de prisão contra María Corina Machado ou Edmundo González Urrutia.
No entanto, Saab confirmou que “há uma investigação geral que teve como efeito direto a detenção de pessoas que incendiaram repartições públicas com pessoas no seu interior, o que é extremamente grave”.
Após as presidenciais em 28 de julho na Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Maduro com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.
A oposição venezuelana e diversos países da comunidade internacional exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um ciberataque de que alegadamente foi alvo.
Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo de cerca de duas mil detenções e de mais de duas dezenas de vítimas mortais.