Escassez de água preocupa empresas agrícolas do sudoeste alentejano

Um estudo da associação que representa empresas agrícolas do sudoeste alentejano revela que a escassez de água é a “maior preocupação”, apontando a necessidade de o Governo implementar uma estratégia nacional para a gestão dos recursos hídricos.

© D.R.

O estudo, realizado pela Associação de Horticultores, Fruticultores e Floricultores dos Concelhos de Odemira e Aljezur (AHSA) junto das empresas suas associadas, apurou que “a escassez de água é a maior preocupação relativamente ao negócio da produção agrícola na região do sudoeste alentejano”.

Os dados, consultados hoje pela agência Lusa, revelam também que 94,4% das empresas inquiridas consideram a disponibilidade de recursos hídricos na sua área de produção “insuficiente”, tendo já implementado “medidas de poupança e racionamento de água”.

“A instalação de reservatórios hídricos e a melhoria dos sistemas de rega (ambas implementadas por 67% dos inquiridos), a aposta em sistemas de reutilização de água (57%) e a instalação de tecnologias para medir a humidade dos solos (44%)” são algumas dessas medidas adotadas, referiu a AHSA.

Ainda assim e, apesar destas ações, “17%” dos associados que responderam alertam “para a inexistência de qualquer capacidade de autossuficiência através de charcas e da reutilização hídrica”.

Segundo o estudo, designada como Barómetro AHSA, “83% das restantes empresas demonstram alguma capacidade de autoabastecimento” e, destes, “22% referem o alcance entre 25% e 40% de reservas ou reutilização”.

Por seu lado, “28% dos produtores representam um segmento significativo de nível de autonomia de água de 20%” e “11% [das empresas] reportam precisamente 15% de autossuficiência”, disse.

“Destaca-se, ainda, que a mesma percentagem de 22% das empresas consegue ultrapassar a marca de 50% de autonomia, apesar dos elevados custos associados ao tratamento da água de captação, o que evidencia o esforço e gestão eficientes dos recursos hídricos”, detalhou.

O período de auscultação da 1.ª edição do Barómetro AHSA, composto por mais de 40 empresas hortofrutícolas portuguesas da região do sudoeste alentejano, decorreu entre 04 e 26 de julho deste ano, obtendo uma taxa de resposta de 55%.

No barómetro, foram colocadas 11 questões aos empresários agrícolas, nomeadamente qual maior preocupação relativamente ao negócio da produção agrícola no sudoeste alentejano, como avalia a disponibilidade de recursos hídricos na sua área de produção e que medidas de poupança ou racionamento já foram implementadas.

O estudo apurou que, em 2023, as empresas investiram “cerca de 4,9 milhões de euros”, prevendo-se que, este ano, “80%” dos inquiridos voltem a realizar investimentos do mesmo montante em “sistemas de poupança de água”.

Sobre o investimento numa dessalinizadora, “94% dos respondentes consideram” tratar-se de uma opção fundamental para a região e, destes, “56%” encaram esta “solução como complemento”.

“Já 22% dos membros do painel veem a opção como positiva, apesar de a implementação da mesma ficar dependente do preço da água”, sublinha o estudo.

A maioria dos empresários considera que “o Governo anterior não deu a devida importância ao problema da falta de água na região” e sugere ao atual executivo que elabore “uma estratégia nacional para a gestão dos recursos hídricos” e invista “na melhoria dos sistemas de armazenamento e distribuição” e num “plano para novas fontes de água”.

Para Luís Mesquita Dias, presidente da AHSA, citado no comunicado a propósito do estudo, estes resultados revelam “a gravidade da escassez de água no sudoeste alentejano e a resiliência das empresas agrícolas” locais.

Segundo o responsável, é imperativo “que todos os ‘stakeholders’ e decisores políticos elaborem em conjunto uma estratégia nacional para a gestão da água e invistam em soluções a longo prazo, como a dessalinização, para garantir a sustentabilidade da produção agrícola” desta região.

Últimas de Economia

Os deputados da comissão de Orçamento e Finanças aprovaram hoje por unanimidade um requerimento do PS para ouvir o ministro das Finanças sobre a estratégia fiscal do Governo no âmbito dos combustíveis.
O Tribunal Geral da União Europeia, de primeira instância, anulou hoje uma multa de cerca de 1,5 mil milhões de euros à Google imposta pela Comissão Europeia há cinco anos por abuso de posição dominante na publicidade ‘online’.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pede que a comissária nomeada por Portugal, Maria Luís Albuquerque, use a sua experiência para, na pasta dos Serviços Financeiros, "desbloquear montante substancial de investimento" para União Europeia (UE).
Portugal caiu um lugar em 2023 no 'ranking' de atratividade dos países europeus em termos de Investimento Direto Estrangeiro, face ao ano anterior, para sétimo, de acordo com o EY Attractiveness Survey Portugal hoje divulgado.
A Associação Nacional dos Revendedores de Combustíveis (Anarec) apelou hoje ao Governo para que reveja a sua posição quanto ao descongelamento da atualização da taxa de carbono, afirmando que não tem nada de "gradual".
A taxa sobre plásticos originou 7,2 mil milhões de euros de receitas para o orçamento da UE em 2023, quantificou hoje o Tribunal de Contas Europeu (TCE), alertando para problemas com os dados sobre este recurso próprio.
O preço do ouro, um dos ativos considerados um refúgio seguro em tempos de incerteza, continua a bater recordes e hoje estabeleceu um novo máximo histórico de cerca de 2.590 dólares (2.338 euros) por onça.
A Associação de Pós-Graduados Portugueses na Alemanha (ASPPA) vai promover, em Berlim, um encontro entre empreendedores e profissionais ligados a Portugal para debater Inteligência Artificial e liberdade, assinalando os 50 anos do 25 de Abril.
Os distribuidores farmacêuticos defendem uma atualização anual do preço dos medicamentos como forma de tornar o mercado nacional mais atrativo para a indústria do setor, contribuindo para combater a escassez de fármacos.
Os bancos que aderirem à garantia pública no crédito à habitação a jovens terão um limite ao montante garantido que poderão emprestar, podendo posteriormente pedir um reforço, segundo a última versão da portaria a que a Lusa teve acesso.