Entre a direita e o PS, a rendição da AD à política de concessões

A vitória da Aliança Democrática (AD) em março de 2024 marcou o início de um novo capítulo na política portuguesa. Após uma campanha intensa, a AD liderada por Luís Montenegro conseguiu uma maioria parlamentar apertada, conquistando 79 dos 230 lugares na Assembleia da República. Esta vitória, no entanto, ficou aquém de uma maioria absoluta, o que obrigou Montenegro a uma tarefa árdua de negociação para formar governo sem se aliar ao partido CHEGA, que emergiu como a terceira força política com um crescimento impressionante, passando de 12 para 50 deputados.
Apesar de a vontade popular ter sido expressa claramente nas urnas, com uma forte preferência por uma coligação de direita, Montenegro manteve a sua promessa eleitoral de não fazer acordos com o partido CHEGA. Isto provocou uma situação paradoxal: o CHEGA, sendo uma peça chave para a formação de uma maioria estável, foi ignorado, em aparente desrespeito pela mensagem que uma significativa parte do eleitorado transmitiu. O CHEGA deixou claro que estava pronto para governar, mas foi sistematicamente rejeitado pela AD, criando uma tensão entre as forças da direita.
Nos meses seguintes, à medida que o debate sobre o Orçamento de Estado de 2024 começou, a AD enfrentou uma nova realidade. Pressionada pela necessidade de aprovar o orçamento, aproximou-se de algumas propostas do Partido Socialista (PS), o que desvirtuou parte do seu programa inicial. A tentativa de conciliar estas duas forças políticas tão opostas e no entanto tão parecidas fez com que a AD fosse encarada como tendo “partido a espinha”, deixando para trás a vontade de mudança que o eleitorado de direita tanto desejava.
O orçamento, para além de ser extraordinariamente injusto para quem trabalha, insiste em aumentar a carga fiscal, sufocando as famílias e as empresas. Promete o impossível sem oferecer qualquer solução real para os problemas estruturais do país. É um documento
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que não só perpetua um Estado cada vez mais pesado, como também ignora o potencial económico que a nossa sociedade tem, caso fosse realmente incentivada. Em vez de premiar o esforço e a inovação, continua a esmagar quem tenta criar valor e emprego.
Por outro lado, vemos uma total incapacidade de resolver questões essenciais na saúde, na educação e na habitação. O Estado mantém-se pesado, burocrático e ineficaz, o que acaba por gerar frustração generalizada. Em vez de cortar na despesa excessiva, aumentam-se os impostos, e tudo isto sem qualquer visão de futuro.
Este cenário levanta questões profundas sobre o papel dos partidos políticos em respeitar a voz dos eleitores. Montenegro, ao afastar-se das soluções que os portugueses esperavam, parece ter desviado do caminho que os seus eleitores queriam.

Tal como Groucho Marx uma vez ironizou: “Estes são os meus princípios; se não gostarem, tenho outros.”

A política portuguesa, infelizmente, parece cada vez mais seguir esta máxima.

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