Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, André Ventura argumentou que o reforço anunciado pelo Governo “vem tarde e não traz nada de muito novo em relação ao funcionamento das próprias equipas de socorro e assistências”, porque, acrescentou, “já há muito tempo que (o INEM) contempla a participação de equipas de bombeiros”.
Ventura reagia à notícia veiculada pelo jornal Público de que o Ministério da Saúde decidiu criar um Dispositivo Especial de Emergência Pré-Hospitalar, que pode ter até 100 equipas de bombeiros, para funcionar entre dezembro e fevereiro, reforçando a resposta durante o pico da gripe.
O líder do CHEGA defendeu que o Governo tinha a opção de “assumir a quota parte de responsabilidade” e que o sistema do INEM e sua organização política falharam “desde a cúpula até às estruturas mais intermédias e mais baixas”, mas optou por “fugir para a frente e encenar medidas artificiais”.
“O Governo não vai trazer nada de novo senão envolver os bombeiros num processo em que já os bombeiros são envolvidos a mais de 90%, em que há uma dívida astronómica do Estado aos bombeiros, do INEM aos bombeiros e do Estado ao INEM. E nenhuma palavra do Governo sobre esse pagamento de dívida”, acrescentou.
Ventura lembrou também a resolução do partido, que será apresentada no parlamento, que recomenda ao Governo que censure a ministra da Saúde e pede a sua substituição.
Apesar de esta resolução não ser uma vinculativa, Ventura defendeu que terá uma “força política evidente” caso seja aprovada, apelando aos partidos que já pediram a demissão de Ana Paula Martins que permitam a sua viabilização.
O líder do CHEGA insistiu também na necessidade do presidente do INEM, que está esta tarde a ser ouvido no parlamento, apresentar a sua demissão, afirmando que Sérgio Janeiro não se “pode furtar” à responsabilidade pela falta de resposta dos serviços de emergência médica nos últimos dias.
“Se perante mortes que são evidentes e que têm sido noticiadas todos os dias, uns por espera absolutamente pornográfica, outros de falta de socorro, se o Presidente do INEM entende que pode vir a esta Assembleia da República e dizer que tem todas as condições para continuar, eu acho que está tudo errado do ponto de vista da responsabilização política”, atirou.
Ventura pronunciou-se ainda sobre as propostas de aumento de pensões que estão a ser negociadas no âmbito da especialidade do Orçamento do Estado para 2025, reiterando que o partido só votará a favor de aumentos que estejam fora da “responsabilidade orçamental”, depois de ser questionado sobre o voto do CHEGA às propostas dos partidos de esquerda para as pensões.