Associação diz que prescrição de multas não afeta direito de indemnização no `cartel da banca`

A associação de defesa do consumidor Ius Omnibus apontou hoje que, apesar de ter sido considerada prescrita a contraordenação dos bancos no caso do `cartel da banca`, os consumidores continuam com o seu direito a indemnização.

© D.R.

“O acórdão de ontem do TRL [Tribunal da Relação de Lisboa] poderá vir a significar que os bancos não tenham de pagar 225 milhões de euros em multas. Mas a prescrição destas multas não afeta o direito de indemnização dos consumidores”, refere a Ius Omnibus em resposta à Lusa.

A associação regista que o Tribunal da Concorrência e o Tribunal de Justiça da União Europeia concluíram que houve uma “violação da Lei da Concorrência”.

Em setembro do ano passado, o Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão confirmou as coimas de 225 milhões de euros a 11 bancos, decidindo que ficou provado que, entre 2002 e 2013, houve “conluio” entre os bancos quando trocaram informações sobre créditos (`spreads` e montantes concedidos) e que “alinharam práticas comerciais” falseando a concorrência.

Contudo, na segunda-feira, o Tribunal da Relação considerou que, no limite máximo, a prescrição ocorreu em 11 de fevereiro de 2024.

Numa nota à imprensa, o TRL refere que, na sua decisão, considerou que os factos ocorreram entre 2002 e março de 2013, entendendo por isso que se aplica a Lei da Concorrência de 2012, que prevê o prazo máximo de prescrição do procedimento contraordenacional de 10 anos e 6 meses (5 anos + 2 anos e 6 meses + 3 anos de suspensão), não sendo aplicável a Lei da Concorrência de 2022, “que prevê um prazo maior de suspensão da prescrição do procedimento contraordenacional”.

A Ius Omnibus considerou que esta decisão “alimenta a indignação pública e sublinha a importância de responsabilizar estas instituições”, acrescentando que as suas ações populares “tornar-se-ão, provavelmente, a única via viável para se fazer justiça nestes casos”.

“Os bancos podem escapar às multas, mas a Ius tudo fará para que não escapem a compensar os consumidores pelos seis mil milhões de euros de danos que lhes causaram”, vincou a associação.

A Ius remete para danos estimados no valor de 6.000 milhões de euros e considera que são lesados os residentes em Portugal que contrataram crédito à habitação ou ao consumo com bancos portugueses entre maio de 2002 ou 2013 “e/ou que tenham adquirido produtos ou serviços a pequenas e médias empresas durante ou mesmo período”.

Em resposta à Lusa, a secretária-geral da Ius, Carolina Ramalho dos Santos, esclareceu que estão pendentes no Tribunal da Concorrência, em Santarém, cinco ações populares em que são representados todos os consumidores lesados por este caso.

“Um destes processos já foi suspenso e os outros poderiam ainda vir a ser suspensos pelo tribunal para aguardar o desfecho do recurso da decisão da Autoridade da Concorrência. Tendo em conta o historial e intenção anunciada dos bancos de usarem todas as opções de recurso ao seu dispor, se os bancos tivessem perdido o recurso no Tribunal da Relação de Lisboa, o desfecho das ações populares teria, provavelmente, sido adiado por vários anos”, disse Carolina Ramalho dos Santos.

Últimas de Economia

O valor médio para arrendar um quarto em Lisboa ou no Porto ultrapassa metade do salário mínimo nacional. Perante a escalada dos preços e orçamentos familiares cada vez mais apertados, multiplicam-se as soluções alternativas de pousadas a conventos, para quem procura um teto a preços mais acessíveis.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) defende que Portugal deve optar por reduzir as isenções fiscais e melhorar a eficiência da despesa pública para manter o equilíbrio orçamental em 2026, devido ao impacto das descidas do IRS e IRC.
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) vai pedir um reforço em 250 milhões de euros da garantia pública a que pode aceder para crédito à habitação para jovens, disse hoje o presidente executivo em conferência de imprensa.
O índice de preços dos óleos vegetais da FAO foi o único a registar um aumento em outubro, contrariando a tendência de descida generalizada nos mercados internacionais de bens alimentares. O indicador subiu 0,9% face a setembro, atingindo o nível mais elevado desde julho de 2022, segundo o relatório mensal divulgado pela organização.
Apesar de o número total de empresas criadas em Portugal até setembro ter aumentado 3,7% face ao mesmo período de 2024, mais 1.636 novas constituições, atingindo o valor mais elevado dos últimos 20 anos, os dados do Barómetro da Informa D&B revelam sinais de desaceleração em vários setores e regiões do país.
Os custos de construção de habitação nova aumentaram 4,8% em setembro, face ao mesmo mês de 2024, com a mão-de-obra a subir 8,8% e os materiais 1,4%, segundo dados do INE hoje divulgados.
A ministra do Trabalho afirmou hoje, no parlamento, que as pensões mais baixas deverão ter um aumento de 2,79% em 2026 e que a atribuição de um suplemento extraordinário dependerá da folga orçamental.
A EDP prevê investir cerca de 2,5 mil milhões de euros em Portugal no período 2026-2028, dos quais 1.700 milhões em redes de eletricidade, anunciou hoje o presidente executivo do grupo, Miguel Stilwell d’Andrade.
O Banco da Inglaterra decidiu hoje manter as taxas diretoras em 4%, o nível mais baixo em mais de dois anos, ao avaliar que as pressões inflacionistas persistem na economia britânica.
A presidente do Conselho das Finanças Públicas (CFP) alertou hoje que a perceção de risco da República francesa pode vir a contagiar uma economia como a portuguesa, pelo que não se deve estar "relaxado" face à situação orçamental.