Numa carta aberta à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e à vice-presidente Henna Virkkunen, divulgada hoje e citada pela EFE, as empresas referiram que “a recente Conferência de Segurança de Munique, as medidas subsequentes anunciadas pelos EUA e os novos desenvolvimentos nas relações EUA-UE realçaram a dura realidade geopolítica que a Europa enfrenta hoje”.
“A Europa deve tornar-se mais independente tecnologicamente em todas as áreas da sua infraestrutura digital essencial, desde aplicações, plataformas, media e modelos de inteligência artificial até às infraestruturas físicas”, afirmaram as empresas e organizações, que incluem a Airbus, a Connect Europe (associação europeia da indústria das telecomunicações) e a Aliança das Pequenas e Médias Empresas Digitais.
As subscritoras afirmam que, mesmo com o plano de 200 mil milhões de euros anunciado pelo governo da UE em janeiro passado para impulsionar a inteligência artificial, a “dependência de tecnologias não europeias será eliminada em menos de três anos ao ritmo atual”, pelo que “o tempo é essencial”.
Por isso, apelaram à criação de grupos de trabalho entre a indústria e a Comissão Europeia, semelhantes aos contactos que Bruxelas mantém com as empresas automóveis e siderúrgicas, “para transformar a ambição de soberania tecnológica em ações concretas”.
Entre elas, referiram a possibilidade de os concursos públicos darem prioridade à indústria europeia, uma medida que Bruxelas já propôs para ajudar os fabricantes europeus de veículos elétricos ou a indústria farmacêutica.
“O objetivo não é excluir os participantes não europeus, mas criar um espaço onde os fornecedores europeus possam competir legitimamente e justificar os seus investimentos”, afirmaram.
Os subscritores propuseram ainda a criação de um Fundo Soberano de Infraestruturas para apoiar o investimento público em áreas como a tecnologia quântica e o fabrico de semicondutores (‘chips’), bem como a participação do Banco Europeu de Investimento (BEI) e uma utilização “coordenada” de fundos europeus.
Apelaram também a critérios harmonizados para que os utilizadores de nuvens de armazenamento (‘clouds’) públicas e privadas possam optar voluntariamente por serviços soberanos para os seus dados confidenciais.
“Para uma adoção bem-sucedida da ‘cloud’, dos espaços de dados e da inteligência artificial, os utilizadores europeus da ‘cloud’ devem ser capazes de garantir que os seus dados mais sensíveis estão protegidos contra o acesso ou a interrupção operacional resultante de leis extraterritoriais de fora da UE”, defenderam.