André Ventura remete resposta sobre candidatura presidencial para mais tarde

O líder do CHEGA distanciou-se hoje de uma candidatura presidencial, dizendo que os portugueses lhe deram "um voto de confiança para ser primeiro-ministro", e indicou que confia na justiça quanto ao inquérito pelas críticas à comunidade cigana.

© RTP/Pedro Pina

“Perante o voto de confiança que os portugueses me deram para ser primeiro-ministro – ainda não o consegui, mas deram-me um voto de confiança para ser primeiro-ministro – […] hoje é menos provável que me candidate do que há um mês”, afirmou André Ventura em entrevista à TVI e à CNN Portugal.

O líder do CHEGA anunciou a intenção de se recandidatar a Presidente da República antes da crise política que resultou em eleições legislativas antecipadas.

Questionado hoje se mantém essa candidatura às presidenciais de janeiro do próximo ano, André Ventura remeteu uma resposta concreta para mais tarde, dizendo que espera tornar-se “líder da oposição” e que ainda tem de analisar essa questão “com os órgãos do partido”, apesar de as candidaturas a Belém serem pessoais.

Nesta entrevista, conduzida pelo jornalista José Alberto Carvalho, André Ventura foi questionado também sobre o inquérito aberto pelo Ministério Público aos vídeos publicados nas redes sociais, que mostram o líder do CHEGA a criticar a comunidade cigana.

As queixas foram apresentadas por 10 associações, adiantou à Lusa o vice-presidente da Associação Letras Nómadas, Bruno Gonçalves, considerando que os vídeos são um exemplo de incitamento ao ódio.

O Presidente do CHEGA disse que confia “muito na justiça portuguesa” e criticou as associações que representam a comunidade cigana, dizendo que não condenaram os protestos durante as ações de campanha do partido e as ameaças de que disse ter sido alvo.

“Aguardarei agora o resultado do inquérito e os desenvolvimentos do inquérito e, quando for chamado, lá estarei, como sempre, para responder”, afirmou.

Questionado se apresentou queixa dessas ameaças, André Ventura disse estar “a juntar os elementos todos” e que na altura o partido falou “com as autoridades sobre esta situação”.

O responsável político afirmou que não tenciona “tirar direitos à etnia cigana”, mas defendeu que estas pessoas “não podem ter mais direitos do que os outros”.

André Ventura disse também que o CHEGA vai apresentar “nas próximas semanas” um “governo sombra que fiscalize a atividade do governo nas várias áreas”, constituído por “independentes, pessoas da sociedade civil com valor, pessoas que tenham currículo nas áreas da saúde, da habitação, da economia”.

Ventura defendeu que, perante o resultado das legislativas de domingo, nas quais pode passar a segunda força mais representada no parlamento, o CHEGA não pode “ser só o partido que dá a voz ao ressentimento”.

“Temos que ser o partido também que diz, meus caros, quando este governo cair, seja ele quando for, um ano, três anos, quatro anos, seja o tempo que for, o CHEGA tem de estar preparado para governar, e é isso que eu quero. […] Se este governo cair, e quando cair, porque os governos caem, o CHEGA não vai fugir da sua responsabilidade, estaremos cá para ser governo”, indicou.

No que toca à governabilidade, o Presidente do CHEGA rejeitou embarcar “em rejeições que não têm alternativa nenhuma”, dado o novo xadrez parlamentar, mas questionou se o “governo decidiu amanhar-se com o PS durante toda a vida, por que agora não se amanha com o PS outra vez”. E disse que o partido vai ser oposição “ao bloco central”.

No que toca ao caso Spinumviva, Ventura recusou “a ideia de que as urnas absolvem ou culpabilizam”.

Sobre os episódios de saúde que levaram a duas passagens por hospitais durante a campanha, Ventura classificou como “um dos momentos mais dramáticos” da sua vida e disse que da primeira vez, quando se sentiu mal imediatamente depois de ter bebido água enquanto discursava num comício em Tavira, teve “a sensação de que tinha sido envenenado”.

“Não fui, segundo tudo aponta e tudo indica”, esclareceu.

No plano internacional, o Presidente do CHEGA foi questionado sobre a situação em Gaza e defendeu que “o direito humanitário deve prevalecer”.

“Quando nós temos crianças a morrer à fome, quando nós temos crianças e idosos a ser deixados à sua sorte, tem que haver pressão internacional para que isto acabe. E eu acho que o ocidente e a Europa têm-se demitido disso”, afirmou, considerou também.

Ventura considerou que o aliado de Portugal naquele conflito é Israel, “a única democracia da região”, mas “ser uma democracia não é uma carta branca para a violação dos direitos humanos e, portanto, para o genocídio” e rejeitou que a comunidade internacional faça “cedências a movimentos terroristas”.

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