O povo é quem mais ordena. E ordenou.

O resultado eleitoral do pretérito domingo só espantou os mais desatentos ou irrealistas, porquanto há muito que este Distrito de Setúbal estagnou. E se estagnou deve-se exclusivamente a uma governação central que tem agido ao arrepio do interesse dos setubalenses, por um lado, e uma governação local que, habituada a décadas de poder, não tem tido – nem terá! – arte e engenho para resolver os reais problemas das populações.

Oito anos de socialismo e um da coligação entre sociais-democratas e centristas não obviaram a reiteradas crises na habitação, saúde, mobilidade, emprego (ou falta dele), investimento empresarial e outros que, em termos comparativos, colocam Setúbal aquém de outros distritos, com implicação direta na qualidade de vida das populações.

O povo votou. O distrito pronunciou-se. E fê-lo de forma muito clara.
Repare-se, não se atenda somente ao número de deputados eleitos (através do método de Hondt), porquanto tal análise é redutora e pecará sempre por ausência de critério objetivo. Analisem-se, antes, os números. O Partido Chega obteve 129.569 votos contra 122.679 votos do Partido Socialista, 103.181 votos da AD e 34.956 votos do PCP. Atenta a aritmética entre o primeiro e o segundo distam quase sete mil votos o que é uma afirmação perentória do partido de André Ventura em setúbal.

E não se diga, como até aqui, que são votos de protesto. Não são. Muitos dos votos obtidos pelo Chega resultam de uma transferência do PS e do PCP. Ora, nem os antigos votantes do PS e PCP estavam em protesto em 2025, uma vez que o governo era (e será) laranja.
Será ausente de critério e objetividade a afirmação de que os votos no Chega são consolidados? Tenderei a afirmá-lo. Até porque estou convencido que a votação esperada dos nossos emigrantes atribuirá maior número de manatos na Assembleia da República tornando o Partido Chega a segunda força política nacional.

Com apenas seis anos de existência, este partido deu morte ao bipartidarismo político. Daqui para a frente, em futuros atos eleitorais, não se dirá que “o próximo governo será PS ou PSD”, antes “PS, PSD ou Chega”. A força brutal do crescimento do partido é verificável neste nosso distrito onde o Chega venceu nos concelhos de Sines, Setúbal, Palmela, Montijo, Moita, Seixal e Sesimbra. É notável.

Tal notabilidade resulta de uma esperança em políticas diferentes e que marquem a diferença com o status quo de décadas num distrito pejado de problemas vários que pauta, a vida dos cidadãos. E estes, querem respostas aos seus anseios. E já não as encontram nos partidos do arco da governação.

É, agora, tempo de outros olharem para dentro. O Chega, por seu turno, deve continuar a olhar para fora.
O povo é quem mais ordena. E ordenou. E o sistema tremeu.

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