O cenário político português registou uma viragem histórica, com o partido CHEGA a tornar-se a segunda força mais votada nas eleições legislativas, assumindo oficialmente o papel de líder da oposição ao Governo. Com uma votação que ultrapassou os 20%, o partido liderado por André Ventura consolidou o crescimento constante desde que entrou na Assembleia da República, em 2019. Este resultado coloca o CHEGA à frente de partidos tradicionais como o Partido Socialista (PS) e o Partido Social Democrata (PSD), apresentado nestas eleições através da coligação Aliança Democrática (AD), representando uma profunda reconfiguração do panorama político nacional e assinalando o fim do bipartidarismo estabelecido desde o 25 de Abril.
“Não sabemos ainda como é que esta noite fi cará conhecida na história de Portugal, mas há um dado que já temos como certo: esta é a noite em que acabou o bipartidarismo em Portugal”, afirmou André Ventura, no seu discurso da noite eleitoral. O líder do CHEGA reforçou que o partido “se tornou o segundo maior partido nestas eleições”, sublinhando que alcançou “um feito que nenhum outro partido tinha conseguido desde o regresso da democracia”.
Embora as sondagens divulgadas pelos meios de comunicação tradicionais tenham apontado para números mais baixos e até para uma possível queda do CHEGA, o partido obteve uma votação de 22,56% com 1.345.689 votos, superando os 18,2% conquistados nas legislativas de 2024. O CHEGA passou de 50 para 58 deputados, ficando ainda por apurar os resultados dos votos dos círculos da emigração, que serão conhecidos a 28 de maio. Com os votos dos círculos eleitorais da Europa e Fora da Europa, o partido poderá confirmar o segundo lugar e até ultrapassar o PS em número de mandatos, tal como aconteceu nas últimas legislativas, em que elegeu dois deputados no estrangeiro. PS e CHEGA empataram no número de deputados eleitos, com 58 cada. O PS perdeu cerca de 400 mil votos em comparação com 2024, enquanto o CHEGA foi o partido com maior crescimento, com mais 175 mil votos. Em termos absolutos, o CHEGA passou de 1.169.836 votos em 2024 para 1.345.575 em 2025, um acréscimo de 175.739 votos. Face a este resultado, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, anunciou a demissão ainda na noite eleitoral, afirmando que não será recandidato e que convocará uma Comissão Nacional do partido para dar início ao processo de sucessão, assumindo que “não quer ser um estorvo”. Pedro Nuno Santos, que saiu como o grande derrotado da noite, declarou: “Assumo as minhas responsabilidades como líder do partido, como sempre fiz no passado, sempre que achei que deveria fazê-lo. Por isso, pedirei eleições internas à Comissão Nacional.”
Já André Ventura destacou a vitória histórica do CHEGA e afirmou que “hoje o povo português falou alto e claro. O CHEGA não é apenas uma força de protesto, é agora uma alternativa real de Governo.” Ventura acrescentou que o partido manterá uma oposição firme e determinada, “sem tréguas”, ao executivo liderado pela AD, que venceu as eleições mas, novamente sem maioria absoluta. “Só um líder e um partido muito irresponsável deixariam o PS governar quando está nas nossas mãos a possibilidade de construir um Governo de mudança”, disse, defendendo a formação de uma solução política à direita, conforme a vontade expressa pelos portugueses.
Após reunião com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na terça-feira, Ventura garantiu que apresentará “um Governo alternativo” e que o CHEGA será “um garante de estabilidade”, mas sem comprometer a firmeza do seu posicionamento político.