Mais de metade dos trabalhadores do fisco já estiveram à beira de ‘burnout’

A maioria dos trabalhadores da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) já esteve à beira de um 'burnout' e sofreu agressões físicas ou verbais no exercício das funções, segundo um inquérito do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos, hoje divulgado.

© Folha Nacional

De acordo com o estudo, realizado este ano junto de associados do STI em todo o país e cujos resultados foram compilados com base nas respostas de 2.373 inquéritos, além dos 62% que dizem já terem estado à beira de um ‘burnout’ e dos 58% que já foram vítimas de agressões no exercício das suas funções, mais de metade (55%) diz também que se pudesse sairia da AT para trabalhar noutro local.

Esta vontade de sair “ilustra a falta de perspetivas de progressão, a estagnação salarial e a perceção de desvalorização profissional”, lê-se no documento.

Estas respostas levam o STI a concluir que as condições motivacionais e psicológicas dos trabalhadores da AT se encontram “num ponto crítico”, considerando que ignorar este diagnóstico representa “um risco sério”, não apenas para a saúde dos profissionais, mas também para “o funcionamento eficaz e sustentável da AT”.

Assim, refere o estudo, é imperativo que se promovam medidas concretas de apoio psicológico, valorização profissional e melhoria urgente do ambiente laboral.

Apesar do desgaste, três quartos (75,6%) manifestou-se disponível para participar em ações de luta pela defesa das carreiras e a esmagadora maioria (90,1%) disponibiliza-se a fazer greve se tal for necessário.

Já sobre as motivações e duração da greve, as opiniões surgem mais divididas: perante a questão sobre o que fazer se o Governo não ouvir os trabalhadores, 39% diz que se deve marcar greve por tempo indeterminado, 32,4% considera que a solução está em continuar a negociar e os restantes (28,6%) que se deve marcar uma greve de dois dias, com manifestação.

Para o STI, a conjugação destas respostas revela que, não obstante o “clima de desânimo, os trabalhadores revelam um forte sentido de união e mobilização”, estando a “larga maioria […] disponível para lutar, seja através de ações de rua, seja mediante greves, inclusive por tempo indeterminado”.

O inquérito incide ainda sobre a gestão da AT, tanto ao nível estratégico como de recursos humanos, com as respostas a apontarem para um “sistema de gestão interno fragilizado, que falha em promover um clima de confiança, valorização e estabilidade”.

“A distância entre os trabalhadores e a gestão da AT é evidente e compromete não apenas o bem-estar dos profissionais, mas também a eficácia da missão fiscal e aduaneira do Estado. A necessidade de reformas, diálogo efetivo e valorização das carreiras é, por isso, inadiável”, acrescenta.

Para o STI, a realidade expressa pelos trabalhadores através do inquérito “não pode ser ignorada”, considerando que estes resultados mostram que a AT “enfrenta uma crise estrutural, cujos efeitos ultrapassam os muros da instituição afetando diretamente a qualidade do serviço público prestado aos cidadãos e o exercício efetivo das funções de autoridade que lhe estão atribuídas”.

Neste contexto, o sindicato presidido por Gonçalo Rodrigues, exige medidas urgentes de valorização profissional, apoio psicológico e reforma na gestão interna, apelando ao Governo para que promova uma mudança estrutural com os trabalhadores e não contra eles.

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