Portugal volta a arder

Chamas devoram aldeias, cortam estradas e deixam populações em pânico. O CHEGA acusa o Governo de “incompetência criminosa” e exige estado de emergência nacional.

© LUSA/ EPA Estela Silva

Portugal voltou a viver momentos de terror, com dezenas de incêndios descontrolados a lavrar nos últimos dias. Com aldeias cercadas pelas chamas, famílias em fuga e acessos cortados, o país acordou em sobressalto. Mais de metade dos fogos registados em 24 horas deflagraram durante a noite, deixando localidades isoladas, estradas cortadas e populações em desespero, o que levou o Presidente do CHEGA a lançar duras críticas ao Executivo liderado por Luís Montenegro, classificando a situação como um “caos total provocado por um Governo incompetente e negligente”.

Em declarações aos jornalistas, André Ventura, não poupou críticas ao Governo, considerando que “estamos perante uma incompetência criminosa”.

“É inadmissível que, em pleno século XXI, Portugal continue a ser arrasado pelo fogo, com meios manifestamente insuficientes e sem um plano eficaz de combate. O Governo ignorou avisos, negligenciou a prevenção e agora o País arde, literalmente, deixando as pessoas à mercê das chamas e da morte”, lamentou o líder da oposição em Portugal.

Nas últimas semanas, particularmente nos últimos dias, casos dramáticos têm chocado, mais uma vez, o país. Moradores a fugirem das chamas apenas com a roupa que tinham no corpo e pouco mais, enquanto rezavam para que as suas habitações não fossem consumidas pelas chamas.

Várias aldeias em Monchique estiveram cercadas pelas chamas, obrigando centenas de pessoas a fugir para salvar a vida.

“As chamas estavam a menos de cem metros das casas, sentíamos o calor e o medo de perder tudo. Tentámos sair, mas as estradas estavam cortadas pelo fogo e por árvores caídas”, relatou uma moradora à CMTV.

Outro residente desabafou: “Parte-me o coração ver o que está a acontecer. Vai arder tudo. É um misto de tristeza, raiva e frustração.”

Em Vila Nova de Foz Côa, o incêndio ameaçou casas e obrigou ao corte de vias fundamentais, deixando a população isolada. “Estamos cercados, não chegam mais meios, estamos entregues à nossa sorte”, dizia um popular em direto na televisão.

Na Serra da Estrela, o fogo galgou rapidamente devido aos ventos fortes e à falta de vigilância nas zonas de risco, provocando evacuações de emergência.

Em Figueira de Castelo Rodrigo, moradores foram retirados às pressas por bombeiros e forças policiais, que abriram corredores entre as chamas. Mas a pressão foi tanta que, em várias zonas, veículos de socorro ficaram retidos devido a caminhos bloqueados, deixando habitantes em extremo perigo.

Segundo dados da Proteção Civil, metade das ocorrências, entre segunda e terça-feira, aconteceram durante a noite, quando a capacidade de resposta é reduzida e as operações mais perigosas. O desespero era visível nas áreas atingidas: estradas cortadas, aldeias isoladas e moradores a fugir em pânico.

Testemunhos nas redes sociais e em órgãos de comunicação locais denunciaram a ausência de apoio e o medo crescente. “Estamos sozinhos, a ver o fogo a aproximar-se e ninguém aparece. As autoridades não estão preparadas para isto”, escreveu uma habitante de Monchique.
Para o CHEGA, esta tragédia prova a “política de falhanço total” do Executivo, “à custa da segurança dos portugueses”.

“Não há justificação! As pessoas estão encurraladas, os socorristas são insuficientes e os recursos chegam tarde. A falta de investimento e de preparação são evidentes. Este é o resultado de anos de abandono e de uma política que prefere maquilhar números a proteger vidas”, sublinhou Ventura.

Com aldeias sitiadas e populações abandonadas, o líder da oposição exigiu a intervenção urgente do Estado e acusou Luís Montenegro de desprezar os portugueses, apelando à mobilização: “Exigimos declaração imediata do estado de emergência nacional, reforço urgente das equipas, contratação de mais operacionais e aquisição de meios aéreos e terrestres. O Governo tem de assumir responsabilidades, antes que seja tarde.”

Fontes da RTP e relatos de populares revelaram um sentimento de desamparo: “Não há meios, estamos cercados, ninguém nos ajuda”, disse uma moradora, expondo a fragilidade da Proteção Civil no interior, o que levou o Presidente do segundo maior partido português a deixar um aviso: “Se o Governo continuar a fechar os olhos, as consequências serão ainda mais trágicas. Portugal não pode ser vítima do abandono e da incompetência. Chega de negligência. É hora de proteger o povo e impedir que tragédias destas se repitam.”

Recorde-se que Portugal figura no topo da União Europeia no que respeita à área florestal ardida por ano, sendo o país com maior superfície devastada pelo fogo. Contudo, o mais alarmante é a origem da maioria dos incêndios: cerca de 85% são considerados de origem criminosa. Para André Ventura, não basta aumentar os meios e a prevenção, é essencial endurecer a lei e o seu cumprimento. “Portugal não pode ser o país que mais arde e também o que mais perdoa os criminosos.” É com este foco que o partido espera levar ao Parlamento um debate de urgência e votar medidas legislativas nas suas várias propostas, desde a equiparação do crime de incêndio florestal a terrorismo até à aplicação de pena de prisão perpétua para incendiários reincidentes e trabalho comunitário obrigatório para os condenados, nomeadamente a limpar matas.

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