Para os procuradores, citados pelo jornal La Gaceta, o crime constituiu um castigo por a jovem querer viver de forma livre, “à ocidental”. Ryan desapareceu a 22 de maio de 2024. Seis dias depois, o seu corpo foi encontrado num lago em Joure, no norte dos Países Baixos, submerso e com os pés e as mãos envoltos em vários metros de fita adesiva. As autoridades descrevem um cenário de violência extrema, preparado de forma a impedir qualquer hipótese de sobrevivência. “Isto é o que acontece quando o relativismo cultural se sobrepõe aos valores da civilização europeia.
Os crimes de honra são barbaridades que não podem entrar em Portugal”, afirma André Ventura, presidente do CHEGA. Para o líder da oposição, a Europa deve definir limites claros: “Quem traz para cá práticas que atentam contra a liberdade, a dignidade e os direitos humanos não pode ter lugar num país civilizado.” A investigação aponta para um vídeo que Ryan publicou em direto no TikTok, sem véu e maquilhada, como o ponto de rutura que motivou a família. O pai e os dois irmãos terão visto na gravação uma “humilhação pública” e, segundo a acusação, decidiram pôr fim à vida da jovem.
De acordo com a reconstrução feita pelos procuradores, os irmãos localizaram Ryan em Roterdão no próprio dia em que o vídeo viralizou. Convenceram-na a acompanhá-los até uma zona isolada e, num parque praticamente deserto, juntaram-se ao pai. A autópsia revela que a jovem foi estrangulada e imobilizada com mais de 18 metros de fita adesiva, sendo posteriormente lançada à água ainda com vida. As análises forenses sustentam a acusação: ADN do pai foi encontrado sob as unhas da vítima, indício de que Ryan lutou até ao limite. O progenitor, Khaled Al Najjar, de 53 anos, fugiu para a Síria logo após o crime.
Os dois filhos, Mohamed e Muhanad, de 22 e 24 anos, foram detidos nos Países Baixos e enfrentam agora o julgamento como coautores, embora o Ministério Público considere que foi o pai quem planeou e dirigiu todo o homicídio antes de abandonar o país. As autoridades admitem que a extradição de Khaled será extremamente difícil. O processo indica que, já na Síria, o homem terá contraído novo matrimónio — um elemento que poderá complicar ainda mais os trâmites judiciais internacionais.