Professores pedem presença das Finanças nas reuniões negociais

Os diretores escolares defendem que o Ministério da Finanças deve estar presente nas reuniões negociais agendadas para esta semana com os professores, caso contrário as negociações poderão “ir por água abaixo”.

Depois de mais de um mês de protestos, manifestações e greves, os professores voltam a reunir-se na quarta e na sexta-feira com responsáveis do Ministério da Educação para discutir um novo modelo de contratação e colocação.

“As reuniões de amanhã e sexta são importantes, mas é preciso que o Ministério das Finanças também esteja presente ou que façam um acompanhamento de muita proximidade”, disse à Lusa o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP).

Para Filinto Lima, “o Ministério da Educação pode ter ideias fantásticas e até corroborar algumas das propostas dos sindicatos, mas se o Ministério das Finanças não estiver do lado destes problemas e não apoiar a sua resolução, estas negociações poderão ir por água abaixo”.

O diretor do agrupamento de escolas Dr. Costa Matos, em Vila Nova de Gaia, defendeu que as atuais greves “têm a ver com a necessidade de maior investimento na escola pública”.

Para Filinto Lima, a situação é “cada vez mais melindrosa” e a presença de responsáveis das Finanças poderá ser visto como um sinal positivo: “É preciso que o Governo dê sinais para o interior das escolas no sentido de querer resolver este problema que se arrasta há mais de um mês”, alertou.

Atualmente, estão a decorrer três greves distintas convocadas por diferentes organizações sindicais: O STOP começou uma greve a 09 de dezembro que se mantém por tempo indeterminado; a do SIPE arrancou em janeiro e esta segunda-feira começou a greve promovida por uma plataforma sindical, da qual faz parte a Fenprof.

Questionado sobre a adesão à greve, Filinto Lima disse tem a perceção de ser “heterogénea, com forte adesão nuns sítios e menos noutros, com escolas que fecham e outras que se mantêm abertas”.

Filinto Lima admitiu que a gestão “não está a ser fácil, porque gera instabilidade e não traz acalmia ao processo de aprendizagem”, mas “a maior parte dos encarregados de educação está do lado dos professores”.

No entanto, o diretor alertou para a possibilidade de a posição dos pais poder mudar: “Temo que nem sempre seja assim, porque depende do número de dias de greve e da forma como possa evoluir”.

O presidente do agrupamento de escolas defendeu que a gota de água para a união dos professores foi a ideia de a contratação de professores poder passar para as mãos de um conselho intermunicipal de diretores.

No entanto, Filinto Lima lembrou a precariedade e as histórias de milhares de professores que todos os anos “andam com a casa às costas”.

“Não se percebe que em Portugal tenhamos milhares de professores contratados que todos os anos entram nas escolas e no dia 01 de setembro estão no desemprego”, disse, sublinhando tratar-se de docentes “altamente qualificados, habilitados, muitos com doutoramento e com muitos anos de experiência”.

Para o diretor, a solução para estes casos poderia passar pela abertura de concurso extraordinário para efetivar esta franja de professores.

A recuperação para efeitos de progressão na carreira dos mais de seis anos de serviço congelados, a alteração do modelo de avaliação dos professores e a revisão dos vencimentos são outros dos assuntos que Filinto Lima diz serem precisos abordar nas reuniões para acabar com “o braço de ferro intenso entre ministério e sindicatos”.

O combate ao envelhecimento da classe docente e à pouca atratividade da profissão assim como a criação um regime especial de aposentação também constam da lista de problemas.

Até 2030 será preciso contratar mais de 34 mil professores para as escolas públicas, segundo o estudo da Universidade Nova de Lisboa pedido pelo ministério.

“Em media estão a reformar-se mais de 200 professores por mês e isto pode ser dramático para a educação. Se não houver uma solução para este problema, a escassez de professores poderá ser a próxima pandemia”, alertou Filinto Lima.

Últimas do País

A Inspeção-geral da Saúde está a analisar se há indícios de responsabilidade financeira em três conselhos de administração do hospital de Santa Maria, incluindo o que foi liderado pela ministra da saúde, Ana Paula Martins.
A Transtejo foi hoje alvo de buscas por suspeitas de fraude na obtenção de subsídios, estando em causa 17 milhões de euros, anunciou a Polícia Judiciária, indicando que a operação decorreu de um inquérito dirigido pela Procuradoria Europeia.
Portugal teve a segunda maior quebra no índice de produtividade do trabalho agrícola, de 10,7%, em 2025, tendo o indicador aumentado 9,2% na UE em comparação com o ano anterior, divulga hoje o Eurostat.
A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) alertou hoje para esquemas de recomendações de investimento fraudulentos em redes sociais, em particular em grupos de WhatsApp, que podem servir como um meio para manipulação de mercado.
Um homem de 29 anos foi detido hoje em Lisboa por suspeita de crimes de abuso sexual sobre uma mulher de 21 anos que se encontrava alegadamente em estado de embriaguez, informou hoje a Polícia Judiciária (PJ).
Três pessoas foram detidas e várias armas foram apreendidas hoje de manhã no âmbito de uma operação de prevenção criminal nas freguesias dos Olivais e Marvila, em Lisboa, disse à Lusa fonte da PSP.
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) estendeu esta quarta-feira o aviso laranja emitido para seis distritos do norte e centro de Portugal continental devido à previsão de agitação marítima forte até sábado. O IPMA tinha emitido anteriormente aviso laranja até quinta-feira.
A ministra da Administração Interna admitiu hoje que “correu mal” nos aeroportos portugueses a introdução do novo sistema europeu de controlo de fronteiras para cidadãos extracomunitários, mas recusou que seja da "exclusiva responsabilidade" da PSP.
Uma embarcação de pesca que se encontrava nas imediações conseguiu resgatar três dos sete tripulantes da embarcação, mas um deles não resistiu. Há ainda registo de quatro pescadores desaparecidos.
Uma dificuldade técnica no sistema de controlo de fronteiras está a provocar “tempos de espera elevados” no aeroporto de Lisboa, que atingiram hoje de manhã três horas, segundo a PSP, que garante estar a trabalhar “na capacidade máxima”.