Galamba fica, mas Marcelo discorda de “leitura política” de Costa

© Presidência da República

O Presidente da República assumiu hoje uma discordância em relação ao primeiro-ministro “quanto à leitura política dos factos” que o levaram a manter João Galamba como ministro das Infraestruturas “no que respeita ao prestígio das instituições”.

Esta posição consta de uma nota publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, depois de António Costa anunciar a decisão de não aceitar o pedido de demissão de João Galamba, na qual o chefe de Estado realça que “não pode exonerar um membro do Governo sem ser por proposta do primeiro-ministro.

“O Presidente da República, que não pode exonerar um membro do Governo sem ser por proposta do primeiro-ministro, discorda da posição deste quanto à leitura política dos factos e quanto à perceção deles resultante por parte dos portugueses, no que respeita ao prestígio das instituições que os regem”, afirma Marcelo Rebelo de Sousa.

Nesta nota, o Presidente da República menciona que “o ministro das Infraestruturas apresentou hoje o seu pedido de demissão, invocando razões de peso relacionadas com a perceção dos cidadãos quanto às instituições políticas”.

Marcelo Rebelo de Sousa acrescenta que “o primeiro-ministro, a quem compete submeter esse pedido ao Presidente da República, entendeu não o fazer, por uma questão de consciência, apesar da situação que considerou deplorável”.

Em conferência de imprensa, hoje à noite, na residência oficial de São Bento, em Lisboa, o primeiro-ministro anunciou não aceitar o pedido de demissão de João Galamba do cargo de ministro das Infraestruturas: “Trata-se de um gesto nobre que eu respeito, mas que em consciência não posso aceitar”.

António Costa considerou que a João Galamba não é “imputável pessoalmente qualquer falha” e disse que mantê-lo como ministro é uma decisão pela qual se “responsabiliza individualmente” como primeiro-ministro, tomada provavelmente contra a opinião da maioria dos portugueses e certamente contra os comentadores.

“Seria muito mais fácil seguir a opinião unânime dos comentadores, ouvir o que a generalidade dos agentes políticos tem dito. Mas entre a facilidade e a minha consciência, lamento desiludir aqueles que vou desiludir, dou primazia à minha consciência”, justificou.

Hoje, durante a manhã, o primeiro-ministro, António Costa, recebeu o ministro João Galamba na residência oficial de São Bento. Depois, de tarde, esteve no Palácio de Belém, entre cerca das 17:00 e as 18:45, numa audiência que solicitou ao Presidente da República.

Perto das 20:20, o ministro das Infraestruturas divulgou um comunicado a informar que “no atual quadro de perceção criado na opinião pública” tinha apresentado o seu pedido de demissão ao primeiro-ministro, “em prol da necessária tranquilidade institucional” — que António Costa recusaria cerca de meia hora depois.

Nos últimos dias, o ministro das Infraestruturas tem estado envolvido em polémica com o seu ex-adjunto Frederico Pinheiro, que demitiu na quarta-feira, sobre informações a prestar à Comissão Parlamentar de Inquérito à Tutela Política da Gestão da TAP.

O caso envolveu denúncias contra Frederico Pinheiro por violência física no Ministério das Infraestrutura e furto de um computador portátil, já depois de ter sido demitido, e a polémica aumentou quando foi noticiada a intervenção do Serviço de Informações e Segurança (SIS) na recuperação desse computador.

Últimas de Política Nacional

Em vez da mítica calçada lusitana, em Lisboa, são agora as seringas que pavimentam o chão da Mouraria. Em vez das paisagens majestosas do Porto, junto à ponte D. Luís I, são os toxicodependentes que atualmente pintam o horizonte.
O CHEGA admitiu, esta quinta-feira, a possibilidade de um consenso que faça aprovar a proposta do PSD e do CDS-PP para travar "utilização abusiva" do SNS e propôs a obrigação de seguro de saúde às pessoas que cheguem ao país.
O Presidente do CHEGA, André Ventura, acusou o Governo, durante o debate quinzenal desta quarta-feira com o Primeiro-Ministro, Luís Montenegro, de criar "agendamentos fictícios sem critério clínico" para reduzir as listas de espera das cirurgias oncológicas.
O presidente do CHEGA anunciou hoje que o partido vai entregar no parlamento várias propostas que constituem um "pacote anticorrupção", pedindo abertura dos outros partidos para que possam ser aprovadas.
O Governo desenhou uma primeira proposta para facilitar a entrada de imigrantes em Portugal para o setor da construção civil. A notícia foi avançada pelo Jornal de Notícias (JN), no sábado passado, que explica que são ainda precisos cerca de 80 mil trabalhadores para responder às obras do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Uma das principais bandeiras do partido liderado por André Ventura é o combate à corrupção, não sendo surpresa o arranque das segundas jornadas parlamentares do CHEGA nesta legislatura coincidir com o Dia Internacional do Combate à Corrupção, 9 de dezembro.
O presidente do CHEGA desafiou hoje o líder do PSD, Luís Montenegro, a afastar Miguel Albuquerque, considerando que o presidente do Governo Regional da Madeira "já não tem condições" para continuar no cargo.
As propostas de Orçamento e Plano de Investimentos para 2025 apresentadas pelo Governo da Madeira, liderado pelo social-democrata Miguel Albuquerque, foram hoje rejeitadas após discussão na generalidade, um 'chumbo' que acontece pela primeira vez no parlamento regional.
Os deputados do CHEGA reúnem-se hoje em Coimbra numas jornadas parlamentares focadas no tema da corrupção, que contam com o antigo primeiro-ministro e presidente do PSD Pedro Santana Lopes como um dos oradores.
“Não se preocupem, o Estado paga. Quem poderia esquecer a célebre frase de Mário Soares quando foi mandado parar pela Polícia?”, recorda o líder do CHEGA.