Cartas de Londres

Vamos falar claro, uma vez mais.

Assisto, atónito mas preocupado, à banalização e consequente generalização do insulto, desresponsabilizado e impune, que as Redes Sociais têm vindo a promover.

Defendo e sempre defenderei o Direito de Opinião, em Liberdade e em Democracia.

Mas com a noção dos limites, baseados na incontornável consciência de que a minha Liberdade termina quando começa a do outro e, acima de tudo, no Respeito.

Choca-me e revolta-me a vulgarização do insulto, porque o sei proveniente de uma suposta proteção advinda do anonimato de um monitor, pela suposta segurança, forjada, propiciada pelas Redes Sociais.

E assim o insulto pinga, sórdido, cobarde, sem limites, maioritariamente provindo daqueles e daquelas que, “ao vivo e a cores”, apenas fariam um rol de mesuras sonsas, elogios hipócritas, sorrisos submissos, incomodativamente peganhentos, porque reconhecidamente falsos.

Mas preocupa-me mais, muito mais, muitissimo mais, outrossim, uma censura anónima, sem nome nem rosto, grotesca, animal, que alardeia e se acha detentora de uma putativa “verdade” e que ousa manda calar, que ousa castigar, que ousa bloquear, maioritariamente adultos e com trajecto profissional.

“Oficial”…

Mas quem sâo estes censores sem rosto e sem nome que, cobardemente, se arvoram em modernos assalariados deste “Diktat”?

Modernos “pretores da verdade única”…

Como se atrevem?

Com que direito?

Sei que a “coordenadora” máxima das Redes Sociais se chama Mariana Vieira da Silva e exerce o cargo de Ministra de Estado e da Presidência. Terá debaixo da sua “grande asa”, o “Ministério da Propaganda”…vulgo “Ministério da Verdade…Única”.

Sei, também, que tudo teve início com um projecto de Lei redigido pelo ex militante do PCP e actual militante socialista de nome José Magalhães. 

Chamou-lhe, pomposa e narcisisticamente…

“Carta Portuguesa de Direitos Humanos na Era Digital”. 

E definiu-a como… 

“Uma Lei Dirigente”.

“Uma Lei com dentes”!

Foi votada, para conhecimento geral  e “aprovada” na Assembleia da República, pelo “Bloco Central” de “interesses”, PS e PSD e levando a reboque o Bloco de Esquerda, o das putativas “liberdades e garantias”, o PAN e as deputadas,à época não inscritas, Cristina Rodrigues e Joacine Katar Moreira…isto para memória futura…

Foi promulgada pelo Presidente da República em Maio de 2021. 

A pomposa “Carta Portuguesa de Direitos Humanos na Era Digital”…

Ficou, assim e a partir de então, institucionalizada e legalizada a “Censura”! 

Já não do “lápis azul” ou do “lápis vermelho” mas, agora, na fórmula moderna do Teclado-Censor.

Criada na Assembleia da República, acarinhada pelo “Governo” e apadrinhada pelo Presidente da República. As “três garças” progenitoras da “desgraça”. Todas elas. Sem vislumbre de escapatória ou de inocência para nenhuma!

Fica conhecida como a Lei 27/2021.

E a defesa desta moderna “Censura” foi alardeada e propagandeada por Augusto Santos Silva, Presidente da Assembleia da República, hierárquica e protocolarmente, considerado a segunda Figura do Estado. E, hipoteticamente, novel candidato Presidencial.

Anos e anos após o Estado Novo é criada a nova, ainda que mais moderna, “Censura da Modernidade”. Em forma de Lei.

Relembro, a propósito e para concluir, que a Constituição da República Portuguesa, para os deputados que, eventualmente, não a leram ou nem sequer a conhecem, no seu artigo 37, pontos 1 e 2, a CRP declara explicitamente…

“Artigo 37.º – (Liberdade de expressão e informação)

       1. Todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, bem como o direito de informar, de se informar e de ser informados, sem impedimentos nem discriminações.

       2. O exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado por qualquer tipo ou forma de censura.”

Saliento…

“Todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio”…

Livremente…

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