A detenção da jovem aconteceu depois de os manifestantes terem saído da zona onde estavam autorizados a permanecer e terem tentado bloquear a rua, o que levou a polícia presente no local a colocar grades para restringir os movimentos dos manifestantes, que se encontram no passeio do edifício do Ministério Público.
Alguns dos manifestantes tentaram sair do perímetro da manifestação e passar para o passeio do outro lado da rua, o que levou a polícia a usar de alguma força física para os obrigar a recuar. A manifestante que foi detida estava no passeio a fazer vídeos para as redes sociais da Greve Climática Estudantil e resistiu às tentativas da polícia de a fazer voltar ao perímetro da manifestação, pelo que um dos agentes acabou pode algemar e deter a jovem.
Os jovens presentes juntaram aos seus gritos de ordem a frase “esquadra, porrada, polícia, julgamento, não assusta mais do que dois graus de aquecimento”.
Já por volta as 11:30 começaram a sair algumas das ativistas que estavam a ser presentes ao tribunal, tendo uma delas, Leonor Chicó, explicado à Lusa que a juíza responsável decidiu adiar a audição para que, posteriormente, cada uma das 16 ativistas seja ouvida separadamente, alegadamente “para que não haja televisões”.
Os manifestantes estão frente ao Ministério Público desde cerca das 10:00, quando começaram a chegar as ativistas detidas na quinta-feira e que hoje estão a ser ouvidas por um juiz.
A PSP deteve na altura 16 ativistas que bloquearam o acesso ao Conselho de Ministros por desobediência e identificou outros três jovens por terem participado na ação de protesto.
Uma das porta-voz e ativista da Greve Climática Estudantil disse à Lusa que “a retirada do Conselho [de Ministros] foi particularmente agressiva, especialmente para algumas pessoas que eram menores de idade”.
“Serraram-nos os tubos de metal nos nossos braços, arrastaram-nos, puseram-nos no chão e foi particularmente agressivo, especialmente nas zonas onde não havia câmaras”, explicou Matilde Ventura, acrescentando que ficaram detidas na esquadra durante nove horas.
A ativista garantiu que os jovens não vão parar de protestar e adiantou que “o objetivo é não dar paz ao Governo”, acrescentando que estão planeadas mais ações de protesto a partir do dia 13 de novembro.
“Até que o nosso Governo se comprometa que este é o último inverno de gás em Portugal, ou seja, o ultimo inverno em que utilizamos gás fóssil na produção de eletricidade porque neste momento estamos em plena crise climática”, sublinhou.
Para esta ativista, o Governo “está a falhar miseravelmente” e não tem qualquer plano para enfrentar esta crise climática.
Matilde Ventura salientou que esta é uma geração “que já nasceu em crise climática” e todos os dias há catástrofes “cada vez mais exacerbadas”.
“Nós temos um prazo muito claro, temos até 2030 para ficar abaixo de 1,5 graus de temperatura e 2030 para algumas de nós, para as menores de idade que estavam connosco, nem sequer é o fim da licenciatura. Por isso isto é uma luta que é muito palpável para nós”, justificou.
Lembrou que reivindicam cem por cento de eletricidade renovável, e acessível para todas as famílias, até 2025, que será a forma de garantir o fim do fóssil até 2030.
Disse ainda que vão garantir que o Governo não os ignora, estando disponíveis para “parar processos governamentais e institucionais” até que o Governo se comprometa com as reivindicações.