A promessa de “nunca mais” tolerar o antissemitismo “é para cumprir agora”, afirmou Olaf Scholz na sinagoga Beth Zion, no coração de Berlim, ao lado do presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, e do chefe do Comité Central dos Judeus na Alemanha, Josef Schuster.
Num contexto de recrudescimento dos atos antissemitas desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, a 7 de outubro, tanto na Alemanha como em quase toda a Europa, Scholz reafirmou a promessa “sobre a qual assenta a Alemanha democrática” e recusou toda e qualquer relação com os ‘pogroms’, palavra russa que significa “causar estragos, destruir violentamente” e que foi “recuperada” para definir a perseguição nazi aos judeus.
“Qualquer forma de antissemitismo envenena a nossa sociedade. Tal como acontece atualmente com as manifestações islamistas”, afirmou o chanceler alemão, que promete “perseguir todos aqueles que apoiam o terrorismo e são antissemitas”.
Scholz recordou que, com a entrada em vigor de uma nova lei sobre a cidadania, nenhum antissemita poderá naturalizar-se na Alemanha.
A advertência surge numa altura em que estão a ser cometidos numerosos incidentes antissemitas por muçulmanos e pessoas de origem árabe na Alemanha.
A 07 de outubro, após a ofensiva surpresa do Hamas em Israel, a população maioritariamente árabe e turca do bairro de Neukölln, em Berlim, a rede Samidoun distribuiu bolos para celebrar “a vitória da resistência” palestiniana.
O grupo pró-palestiniano Samidoun, que acabou por ser ilegalizado na Alemanha, define-se como uma Rede de Solidariedade com os Prisioneiros Palestinianos e publicou nas redes sociais fotografias de ativistas pró-palestinianos a distribuir doces em Berlim para celebrar o ataque do Hamas em Israel.
Recentemente, a polícia federal alemã anunciou que tinha contabilizado cerca de 2.000 delitos relacionados com a guerra no Médio Oriente.
Destruída e vandalizada por membros das Schutzstaffel (SS — em português “Tropa de Proteção”) e da Juventude Hitleriana na noite de 09 para 10 de novembro de 1938, a “Noite de Cristal”, tal como muitas outras sinagogas, empresas e casas judaicas, a sinagoga Beth Zion foi alvo, a 18 de outubro deste ano, de ‘cocktails’ molotov, que não causaram danos materiais nem feridos.