Uma das candidatas às eleições antecipadas de quarta-feira é a cabeça de lista do partido de Rutte, a até agora ministra da Justiça, Dilan Yesilgöz-Zegerius, que nasceu na cidade turca de Ancara e imigrou com os pais (de origem turca e curda) para os Países Baixos ainda criança, depois de a família ter tido estatuto de refugiada e de ter pedido asilo.
Mas apesar do seu historial de imigração, esta candidata do VVD, de 46 anos, quer introduzir medidas como sistemas de refugiados, abolir a residência permanente e só permitir a atribuição de cidadania após 10 anos. Para responder a problemas como a habitação, numa altura em que se estima que faltem 390 mil casas, Yesilgöz-Zegerius propõe-se a baixar as rendas e a aumentar a construção de casas.
O segundo candidato à frente nas sondagens é Pieter Omtzigt, do recém-criado NSC, partido político fundado em agosto deste ano e centrado na boa governação e na segurança social.
Omtzigt, de 49 anos, serviu na Câmara de Representantes desde 2003 enquanto membro do partido Apelo Democrata Cristão (CDA), mas em 2021 deixou esta bancada e continuou como independente, para dois anos depois ter então fundado o NSC.
Depois de ter sido visto como representante da ala eurocética do CDA, por ter criticado as políticas do Banco Central Europeu e defendido a não-participação em certos programas da União Europeia, Pieter Omtzigt apresenta-se a estas eleições como conservador em matéria de imigração e alterações climáticas, mas esquerdista na redução da pobreza e na melhoria dos cuidados de saúde, pretendendo baixar o número de imigrantes, fazer uma reforma fiscal e ajudar as famílias com menos rendimentos.
Ao contrário de Dilan Yesilgöz-Zegerius, Pieter Omtzigt rejeita coligações com a direita radical.
O terceiro candidato nas projeções é o do GL-PvdA, Frans Timmermans, que em agosto passado deixou o seu cargo de vice-presidente da Comissão Europeia para a ação climática e aceitou encabeçar a lista social-democrata e verde para as eleições legislativas antecipadas, após nove anos em diferentes pastas no executivo comunitário.
Em 2019, foi inclusive o candidato informal do Partido Socialista Europeu a presidente da Comissão Europeia, mas agora volta ao país natal para se propor a reduzir as emissões poluentes na Holanda e para aumentar o salário mínimo e fazer mexidas nos escalões do IRS.
Um quarto candidato é o da direita radical do PVV, Geert Wilders, de 60 anos, que chegou a apoiar o primeiro governo de coligação liderada por Rutte, entre 2010 e 2012, mas neste último ano retirou o seu apoio parlamentar invocando desacordos sobre os cortes orçamentais.
Wilders é conhecido pelas suas críticas ao Islão e à União Europeia, tendo vindo a tornar-se numa figura controversa nos Países Baixos e no estrangeiro e, por isso, desde 2004 anda constantemente rodeado de seguranças.
Para estas eleições, defende a exclusão de asilados e o abandono dos tratados da União Europeia e também das convenções das Nações Unidas sobre refugiados e asilo.
Desde que a direita radical emergiu na Holanda em 2001, passou apenas 87 dias no governo.