Ninguém estava à espera que a atual legislatura terminasse de forma tão célere e abrupta. Todos sabíamos – todo o país sabe – que os dirigentes do PS têm uma espécie de tendência natural para transformarem negócios em negociatas que rendem uns quantos milhares de euros aos bolsos dos amigos socialistas.
No entanto, a legislatura ainda nem ia a meio quando o escândalo – que já se aguardava porque se sabia que existiam investigações – tomou conta dos noticiários de dia 7 de novembro em diante. Ora, o primeiro-ministro demitiu-se, mas não porque esse fosse o entendimento do Presidente da República, mas porque António Costa sabe que tem telhados de vidro que neste momento estão estilhaçados e que pouco faltará para quebrarem de vez.
As janelas do Largo do Rato estão agora com graves fissuras, através das quais a brisa outonal vai entrando qual convidado inesperado. O ar frio faz mexer as folhas pousadas tranquilamente nas secretárias dos dirigentes socialistas. São umas folhas quaisquer? Não, é claro que não são porque com o PS nada é tão simples como querem fazer parecer.
Sucede que o governo está em gestão desde que Marcelo Rebelo de Sousa aceitou o pedido de demissão de António Costa, mas, contudo, o monstro socialista ainda não se deixou derrotar e insiste em continuar a respirar ofegantemente.
Esta respiração atabalhoada é sinal dos tempos. O PS está a vacilar porque sabe que será castigado nas urnas por todos os casos de corrupção que têm nascido no seu seio e crescido na sua imensa família colocada em lugares-chave de norte a sul do país.
Agora, que está apenas em gestão, o ainda governo e o ainda PS de António Costa tentam distribuir os últimos tachos que têm à sua disposição para garantir a presença de socialistas em lugares e cargos importantes do aparelho do Estado.
Antes de deixar S. Bento, o monstro socialista quer garantir que mais de 300 lugares de chefia das novas unidades locais de saúde sejam nomeados pela direção executiva do SNS para que entrem em vigor já em janeiro, apesar de as eleições legislativas estarem marcadas para março.
Nomear boys mesmo ao cair do pano é uma forma suja de garantir a continuidade do polvo socialista no Estado.
Mas há mais. O PS quer também nomear os presidentes das entidades reguladoras da Anacom e da ANAC. É certo que o pedido de audição dos putativos novos presidentes deu entrada na Assembleia da República antes da demissão do primeiro-ministro, mas é também certo que um governo de bem, gerido por pessoas de bem, não se pode aproveitar dos últimos suspiros do monstro para estender a sua teia de interesses e de boys em setores públicos importantes como é o da regulação das comunicações e da aviação civil.
Porém, e como se isto não fosse já sinónimo revelante da falta de carácter do PS e dos seus dirigentes, eis que o monstro que está já deitado a sangrar e com a respiração fraca quer ainda – imagine-se! – nomear um juiz para o Tribunal Constitucional.
Os partidos políticos nomearem juízes para um tribunal é um dos maiores atentados à democracia que os ditos partidos democráticos cometem. À política o que é da política e à justiça o que é da justiça. Políticos a nomearem juízes é uma completa reversão do espírito democrático que fica ferido de morte pela total ausência de separação de poderes que é, aliás, uma velha máxima de um Estado de Direito.
Se isto por si só já é mau e é um atentado ao sistema democrático, ter um governo que já só está em gestão e ainda assim quer nomear à força um juiz para o Tribunal Constitucional é mesmo a falta de vergonha total.
O PS está de cabeça perdida. Pensou que teria mais dois anos, sensivelmente, para distribuir os tachos que andou a prometer a meio mundo em troca de apoios e para garantir os seus lacaios em lugares-chave do Estado.
Como a legislatura terminou mais cedo do que esperava, o monstro socialista quer agora colocar, à força, os seus boys nesses mesmos lugares naquela que é uma total falta de respeito pelo sistema democrático. O PS comporta-se como o dono disto tudo, mas a partir de 10 de março isso vai acabar porque o CHEGA vai colocar um ponto final nesta balbúrdia.