Pagamento de vacinas covid-19 às farmácias serviria para contratar 600 enfermeiros, diz associação

A Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiar (USF-AN) afirmou hoje que o que o Estado paga -- 11,5 milhões de euros anuais -- por cada vacina da covid-19 às farmácias comunitárias serviria para contratar 639 enfermeiros.

©D.R.

O Estado paga às farmácias comunitárias 2,5 euros por cada vacina administrada.

“Ao ser verdade o pagamento de 2,5 euros por cada vacina contra a covid-19 dada nas farmácias comunitárias, à semelhança do que é pago por cada vacina da gripe (num total de 11,5 milhões de euros e que, obviamente, teria de ser pago a cada ano, consubstanciado uma despesa fixa), não podemos deixar de questionar a razão dessa verba não ser usada para investimento no SNS (Serviço Nacional de Saúde), em particular nos cuidados de saúde primários”, indica a USF-AN em comunicado.

De acordo com a entidade, que faz a avaliação do modelo de funcionamento da Campanha de Vacinação Sazonal do Outono-Inverno 2023-2024 contra a gripe e contra a covid-19 em farmácias comunitárias, o valor de mais de 11 milhões de euros podia “ser usado para contratar e remunerar 639 enfermeiros”.

“Esta opção [contratar enfermeiros], além de garantir a vacinação sazonal, garantia também cuidados de enfermagem qualificados a cerca de 01 milhão de utentes sem enfermeiro de família. Estes cuidados de enfermagem poderiam por exemplo ser utilizados para aumentar a acessibilidade na abordagem da doença aguda”, sustenta.

Defendendo que todo o Programa Nacional de Vacinação e consequentemente qualquer campanha de vacinação sazonal deve estar centrada nos cuidados de saúde primários, a USF-AN lembra que “a vacinação como serviço essencial não deve ser privatizada”, mas “cada vez mais otimizada pelo SNS”.

“Não podemos cair no erro de apostar em cuidados de saúde desintegrados, em que se perde o valor dos cuidados globais e de proximidade prestados pelas equipas de saúde familiar”, afirma.

A USF-AN diz ainda que “a transferência de financiamento de verbas do SNS para entidades privadas está a conduzir à privatização de um serviço de sucesso do SNS”, pedindo que se dê prioridade aos “utentes com 80 ou mais anos, depois os com 70 ou mais anos e só depois os utentes com 60 ou mais anos”.

A associação lembra também que, pelo quarto ano consecutivo, Portugal “atingiu e superou” a meta definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para a cobertura vacinal das pessoas com mais de 65 anos.

“(…) No arranque da campanha vacinal, em 29 de setembro de 2023, apenas 17% do total de vacinas disponíveis em Portugal foram atribuídas aos centros de saúde”, observa.

Ainda assim, segundo a USF-AN, “no espaço de um mês e 20 dias os centros de saúde já tinham, por exemplo, administrado 538.868 vacinas contra a gripe, representando 30% do total de vacinas administradas em Portugal, muito além dos 17% inicialmente previstos”.

“Realçando este desempenho, na mesma data, no ano transato (2022), os centros de saúde já tinham administrado cerca de 8,5% mais de vacinas da gripe, quer na faixa etária dos 70 aos 79 anos, quer na faixa etária dos 80 ou mais anos comparativamente a este ano, em que a vacinação destas faixas etárias foi atribuída às farmácias”, refere.

Em relação à vacinação contra a covid-19, a “diferença ainda é mais acentuada”.

“Em 2022 mais 22% da população de 70-79 anos e 16,5% da população de 80 ou mais anos já tinham sido vacinados. Tratou-se sempre de um serviço com um desempenho acima da média até ao presente ano”, sublinha.

Últimas do País

O Tribunal Judicial de Leiria condenou esta quarta-feira 24 arguidos num processo relativo a dezenas de burlas através do MB Way, no qual estavam em causa crimes de burla informática, simples e agravada, e acesso ilegítimo, em autoria singular ou coautoria.
Os cuidadores informais em Portugal enfrentam níveis muito elevados de exigência, falta de apoio e sinais preocupantes de desgaste físico e emocional, conclui um estudo hoje apresentado no VII Encontro Nacional de Cuidadores Informais, no Entroncamento.
Um grupo de alegados guias turísticos tem intimidado turistas na estrada de Monserrate, em Sintra, para aceitarem transporte para os monumentos, enquanto as suas viaturas são assaltadas, alarmando visitantes e residentes, mas as autoridades investigam as denúncias.
As autarquias portuguesas voltaram a reforçar os cofres municipais com o Imposto Municipal sobre Imóveis. Só em 2024, o IMI rendeu mais de 1,5 mil milhões de euros — com Lisboa a liderar isolada, mesmo aplicando a taxa mínima.
Inibir os efeitos da progesterona pode ajudar a reduzir o risco de cancro da mama em mulheres com maior probabilidade de desenvolver a doença, indica um estudo científico que tem o português Bruno Simões como primeiro autor.
A quantidade de amêndoa produzida em Portugal deverá cair este ano, face à campanha do ano passado, devido ao mau tempo registado no período da floração e polinização das árvores, estimou hoje uma associação do setor.
As exportações de vinho subiram 1,7% em volume para 230 milhões de litros até agosto, mas em valor recuaram 1%, segundo dados do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV).
A Impresa confirmou hoje que estão em curso negociações com o grupo MFE, para venda de até 33% do capital, mas ainda não há acordo vinculativo, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Um assalto transformou a Avenida dos Aliados, no Porto, numa verdadeira cena de filme. Um homem de 31 anos fugia de populares após furtar uma loja quando, em pleno centro da cidade, ameaçou quem o perseguia com um extintor e chegou mesmo a atingir na cara um polícia.
Um jovem de 23 anos, procurado pelas autoridades europeias por homicídio qualificado, foi capturado pela PSP num posto de combustível da Amadora. Além de estar em situação ilegal em Portugal, o suspeito transportava 22 doses de haxixe e 565 euros em dinheiro.