Orban condiciona a ajuda à Ucrânia à libertação de todos os fundos para a Hungria

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, condicionou hoje a ajuda da Europa à Ucrânia à “libertação dos milhares de milhões de euros” para a Hungria, antes de considerar a possibilidade de levantar o veto a uma nova ajuda a Kiev.

© Facebook / Viktor Orbán

“Sempre disse que se houvesse uma alteração ao orçamento da União Europeia (…), a Hungria aproveitaria a oportunidade para exigir claramente o que merece. Não metade, não um quarto, mas tudo”, afirmou o líder nacionalista numa entrevista à rádio estatal.

O primeiro dia do Conselho Europeu, que decorreu até à noite de quinta-feira em Bruxelas, terminou sem acordo sobre a revisão do orçamento da União Europeia (UE) a longo prazo, que inclui apoio financeiro à Ucrânia, estando marcada nova cimeira para início de 2024.

Na noite de quinta-feira, o primeiro-ministro húngaro confirmou ter vetado a revisão do orçamento da UE a longo prazo, incluindo apoio financeiro à Ucrânia, o que impediu um acordo no Conselho Europeu, e pediu uma “preparação adequada” das negociações.

“Resumo do turno da noite: veto ao dinheiro extra para a Ucrânia e veto à revisão do QFP [Quadro Financeiro Plurianual]. Voltaremos a abordar a questão no Conselho Europeu no próximo ano, após uma preparação adequada”, escreveu Orbán numa publicação na rede social X (antigo Twitter).

Na ocasião, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, referiu que apenas um país, a Hungria, está contra a revisão do orçamento da UE a longo prazo e rejeitou especular sobre a possibilidade de o bloco europeu decidir apenas a 26.

“Acabámos a nossa reunião hoje [quinta-feira] à noite. Discutimos o quadro financeiro plurianual e 26 líderes concordaram com a proposta em todos os seus componentes, para ser preciso, um líder, a Suécia, tem de consultar o seu parlamento, em linha com o procedimento habitual para este país, e um líder discordou”, sustentou Michel, no final do primeiro dia de reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas.

Apesar da falta de acordo, o presidente do Conselho referiu que “há um forte apoio” à proposta de revisão do orçamento da UE a longo prazo, que engloba “todas as prioridades”, desde o “apoio à Ucrânia, migrações e o fundo de solidariedade”.

“Vamos voltar a isto no início do próximo ano”, confirmou, acrescentando, contudo, que houve progressos no que diz respeito ao alargamento e que os 27 enviaram “um sinal muito forte aos cidadãos europeus e aos ucranianos”.

Questionado sobre a possibilidade de a questão ser ultrapassada a 26, como foi na quinta-feira a abertura das negociações formais com a Ucrânia e a Moldova – o primeiro-ministro húngaro não participou na votação -, Charles Michel rejeitou especular sobre o assunto e disse querer concentrar-se em chegar à unanimidade entre os Estados-membros.

Além da revisão do orçamento da UE a longo prazo, estava em negociação o apoio financeiro à Ucrânia e face ao insucesso ficou marcada nova cimeira para início de 2024.

Após um dia de intensas negociações, os chefes de Governo e de Estado da UE não chegaram a acordo sobre a revisão do Quadro Financeiro Plurianual (QFP) 2024-2027 e a reserva financeira de 50 mil milhões de euros de apoio à reconstrução e modernização da Ucrânia, indicaram fontes europeias à agência Lusa.

As mesmas fontes comunitárias assinalaram que chegou a estar em cima da mesa uma proposta portuguesa de avançar apenas a 26 Estados-membros, distribuindo os encargos por estes, no âmbito do quadro de negociação afinado na noite de quinta-feira, dado o bloqueio da Hungria, mas não havia base jurídica que o suportasse.

Últimas de Política Internacional

O Tribunal Constitucional indicou esta terça-feira que não admitiu as candidaturas às eleições presidenciais de Joana Amaral Dias, Ricardo Sousa e José Cardoso.
A Comissão Europeia anunciou hoje uma investigação formal para avaliar se a nova política da `gigante` tecnológica Meta, de acesso restrito de fornecedores de inteligência artificial à plataforma de conversação WhatsApp, viola regras de concorrência da União Europeia.
O Sindicato de Trabalhadores da Imprensa na Venezuela (SNTP) e o Colégio de Jornalistas (CNP), entidade responsável pela atribuição da carteira profissional, denunciaram hoje a detenção de um jornalista que noticiou a existência de um buraco numa avenida.
O Tribunal Constitucional da Polónia ordenou hoje a proibição imediata do Partido Comunista da Polónia (KPP), alegando que os objetivos e atividades do partido, refundado em 2002, violam a Constituição.
A Administração Trump suspendeu todos os pedidos de imigração provenientes de 19 países considerados de alto risco, dias após um tiroteio em Washington que envolveu um cidadão afegão, anunciou o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos.
Federica Mogherini, reitora do Colégio da Europa e ex-chefe da diplomacia da União Europeia (UE), foi indiciada pelos crimes de corrupção, fraude, conflito de interesse e violação de segredo profissional, revelou a Procuradoria Europeia.
O Presidente ucraniano apelou hoje para o fim da guerra, em vez de apenas uma cessação temporária das hostilidades, no dia de conversações em Moscovo entre a Rússia e os Estados Unidos sobre a Ucrânia.
O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, considerou hoje que a situação na Catalunha só se normalizará totalmente se o líder separatista Carles Puigdemont for amnistiado e regressar à região, tendo reconhecido "a gravidade da crise política" que enfrenta.
A Comissão Europeia confirmou hoje que foram realizadas buscas nas instalações do Serviço de Ação Externa da União Europeia (UE), em Bruxelas, mas rejeitou confirmar se os três detidos são funcionários do executivo comunitário.
A ex-vice-presidente da Comissão Europeia e atual reitora da Universidade da Europa Federica Mogherini foi detida hoje na sequência de buscas feitas pela Procuradoria Europeia por suspeita de fraude, disse à Lusa fonte ligada ao processo.