SOS Racismo desafia partidos a alargarem direito de voto a imigrantes

A Associação SOS Racismo desafiou hoje os partidos a adotarem medidas "para a promoção de uma política antirracista em Portugal", entre as quais o alargamento do direito de voto a imigrantes ou a recolha de dados étnico-raciais.

© D.R.

Em comunicado, a SOS Racismo indica que remeteu hoje a todos os partidos que se candidatam às eleições legislativas de 10 de março um conjunto de propostas que considera “fundamentais para a promoção de uma política antirracista em Portugal”.

“Este documento serve como um apelo aos referidos partidos para que adotem e implementem medidas concretas e efetivas para combater o racismo, a xenofobia, a ciganofobia, a islamofobia e o antissemitismo em Portugal”, lê-se.

Entre essas medidas, a SOS Racismo propõe o direito de voto aos imigrantes, salientando que há “centenas de milhares” a viver em Portugal e que, tal como os cidadãos portugueses, “são contribuintes ativos da Segurança Social e da Autoridade Tributária”.

“Para o SOS, ser favorável ao direito de voto para as e os estrangeiros não é um favor, é a concretização de um dos valores e princípios democráticos em que todos e todas possam exercer os seus direitos políticos em todas as eleições (locais, legislativas, europeias e presidenciais)”, indica-se.

Por outro lado, a associação quer também que, num horizonte de 10 anos, o Orçamento do Estado “consigne 1% das suas verbas para investimento em políticas públicas de combate à desigualdade racial”, em particular em setores como a educação, habitação, saúde, cultura e lazer.

Entre um vasto conjunto de propostas específicas para a educação, a SOS Racismo sugere em particular que seja feita uma “descolonização dos programas e manuais escolares” e que sejam criadas quotas para garantir “o acesso de afrodescendentes, pessoas ciganas/roma e outras pessoas racializadas à docência” e aos lugares de “produção e reprodução de conhecimento”.

A associação considera ainda que “o Estado só poderá desenvolver e implementar políticas públicas eficazes e de qualidade” se tiver “informações reais sobre a situação e as condições de vulnerabilidade provocadas pela desigualdade racial”, pelo que propõe que seja feita uma recolha de dados étnico-raciais.

“É o único mecanismo capaz de providenciar este conhecimento que permita uma elaboração transversal de políticas setoriais de combate às desigualdades com fator racial”, refere a SOS Racismo, que acrescenta que essa recolha serviria “para aferir as características da sociedade portuguesa no que diz respeito à sua composição étnico-racial, ao exercício de direitos e ao acesso a bens e serviços essenciais”.

A associação propõe ainda a criminalização do racismo, salientando o crime de prática racista é hoje, no regime contraordenacional, “um ilícito considerado de menor gravidade, de mera ordenação da realidade, em relação ao qual a moldura sancionatória está desfasada da realidade”.

A SOS Racismo sugere ainda que a lei da nacionalidade “garanta o reconhecimento automático da nacionalidade portuguesa a quem nasça em território português” e que acione o mecanismo de ‘opting out’ do Pacto das Migrações da União Europeia (UE), que está pendente de aprovação pelo Parlamento Europeu.

Num conjunto de propostas para a área da violência policial, a SOS Racismo propõe em particular que sejam expulsos os agentes com processos transitados em julgado em que se tenham comprovado práticas racistas e discriminatórias e a proibição de “rusgas coletivas” em territórios “ocupados por pessoas racializadas”.

A SOS desafia os partidos a darem uma resposta sobre estas propostas até 01 de março, “para que as mesmas possam ser tornadas públicas no ‘site’ e redes sociais da associação”, num documento em que também os questionam sobre o seu posicionamento “relativamente a organizações de extrema-direita”.

Últimas do País

A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) convocou uma concentração frente à residência oficial do primeiro-ministro para junho que apenas será desconvocada se até final deste mês for publicado o despacho com a lista de pré-aposentações deste ano.
O Tribunal Constitucional (TC) rejeitou apreciar o recurso de Ricardo Salgado, que pretendia ver declarada a inconstitucionalidade de ter sido condenado a uma pena de prisão efetiva de oito anos face ao diagnóstico de doença de Alzheimer.
Pelo menos três pessoas foram detidas na sequência de um incidente que ocorreu hoje na Bobadela, no concelho de Loures, e que envolveu o disparo de tiros de arma de fogo, disse à Lusa fonte policial.
O Tribunal Judicial de Ponta Delgada, nos Açores, condenou um homem a 25 anos de prisão por 880 crimes de abuso sexual de criança agravado, sendo o arguido "pai da vítima", revelou hoje o Ministério Público.
A adesão à greve dos trabalhadores da administração pública, afetos ao sindicato independente que a convocou, ronda os 90% e 100% em alguns locais, principalmente em escolas e hospitais, estimou hoje à agência Lusa uma fonte sindical.
Três pessoas da mesma família foram detidas, na cidade de Coimbra, por alegada prática reiterada do crime de tráfico de drogas, tendo ainda sido apreendida uma elevada quantidade de estupefaciente, informou hoje a Polícia Judiciária (PJ).
O bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, diz que a inteligência artificial (IA) não pode substituir um médico, alertando que ferramentas como o ChatGPT não estão habilitadas a fazer diagnósticos médicos.
O Tribunal de Leiria condenou hoje um instrutor de artes marciais na pena única de três anos de prisão, suspensa na sua execução, por crimes de importunação sexual e abuso sexual de crianças, no concelho de Alcobaça.
Trabalhadores de Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) ao serviço do Governo Regional e Segurança Social nos Açores são penalizados em cerca de 600 euros por exercerem funções públicas sem equiparação aos colegas, alertou hoje fonte sindical.
O presidente da Junta de Freguesia da Luz, na ilha Graciosa, nos Açores, anunciou hoje que vai recorrer da decisão do tribunal que o condenou por peculato e falsificação de documentos, alegando que foi “injustamente sentenciado”.