“Estas vias navegáveis são cruciais para as Filipinas, para a sua segurança, para a sua economia, mas são também cruciais para os interesses da região, dos Estados Unidos e do mundo”, sublinhou Antony Blinken
“É por isso que estamos ao lado das Filipinas e que vamos manter os nossos compromissos de defesa, incluindo o Tratado de Defesa Mútua”, disse o responsável dos EUA numa conferência de imprensa com o homólogo filipino, Enrique Manalo.
Esta é a segunda visita de Blinken à capital filipina desde que o Presidente Ferdinand Marcos, filho e homónimo do antigo ditador do país, chegou ao poder em junho de 2022.
A deslocação de Blinken pela Ásia começou no domingo na Coreia do Sul, outro importante aliado dos EUA, enquanto Washington redobra esforços para reforçar as relações com os países asiáticos como contrapeso à China.
“O que queremos demonstrar (…) é o nosso compromisso para com a região do Indo-Pacífico, apesar de tudo o que está a acontecer noutras partes do mundo neste momento”, disse um responsável do Departamento de Estado aos jornalistas que acompanhavam Blinken.
Antes dos encontros oficiais, Blinken visitou uma linha de produção de semicondutores em Manila, produto cada vez mais essencial para a economia global.
As Filipinas são “um parceiro cada vez mais importante” para garantir uma cadeia de abastecimento “resiliente”, afirmou Antony Blinken.
Depois de anos de atraso, os EUA estão a tentar consolidar a posição de liderança na indústria dos semicondutores, por razões de segurança nacional e para enfrentar a concorrência da China.
Por seu lado, a China acusou recentemente os Estados Unidos de utilizarem as Filipinas como “peão” no mar do Sul da China, na sequência de vários incidentes em torno de ilhotas disputadas pelos dois países asiáticos.
Nos últimos meses, as tensões entre a China e as Filipinas atingiram níveis que não se registavam há vários anos. A guarda costeira filipina acusa regularmente a contraparte chinesa de provocar colisões.
Pequim reivindica a soberania da quase totalidade do mar do Sul da China. Outros países vizinhos, como o Vietname, as Filipinas, a Malásia e o Brunei, têm reivindicações concorrentes.
Neste contexto, as Filipinas concluíram acordos militares com os Estados Unidos e a Austrália. Os norte-americanos têm acesso a nove bases filipinas.
Para Renato De Castro, professor de Estudos Internacionais na Universidade De La Salle, em Manila, o objetivo da visita de Blinken é “fazer avançar a aliança”.
“Vão discutir ações chinesas mais vigorosas e coercivas” na região, acrescentou.
Para Herman Kraft, professor de Ciências Políticas na Universidade das Filipinas, o Presidente Marcos deverá igualmente abordar a questão de saber em que condições os EUA invocarão o Tratado de Defesa Mútua.
Estas conversações deverão também servir para afinar os preparativos para uma cimeira trilateral em Washington, anunciada pela Casa Branca para 11 de abril, entre o Presidente dos EUA, Joe Biden, o homólogo filipino e o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida.
As relações entre Washington e Manila melhoraram significativamente nos últimos dois anos, em forte contraste com o mandato de Rodrigo Duterte, antecessor de Marcos.