A menos de 50 dias das eleições europeias, marcadas para 06 a 09 de junho próximo, fontes próximas da ‘Spitzenkandidat’ (cabeça de lista) do Partido Popular Europeu ao sufrágio dizem à Lusa estar “bem encaminhada” a escolha pelos líderes da UE (no Conselho Europeu) do nome de Ursula von der Leyen.
Apesar de o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, se ter vindo a manifestar contra a reeleição de Ursula von der Leyen pelos diferendos entre Bruxelas e Budapeste em torno da violação do Estado de direito e a consequente suspensão de verbas comunitárias, não é um eventual veto húngaro que preocupa as fontes próximas da candidata, mas sim a esperada fragmentação do PE pós-eleições.
É o PE que tem de aprovar, após proposta do Conselho Europeu, o novo presidente da Comissão por maioria absoluta (metade de todos os eurodeputados mais um), com Ursula von der Leyen a ter de obter ‘luz verde’ de pelo menos 361 parlamentares (num total de 720 lugares).
Enquanto primeira mulher na presidência da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen foi aprovada pelo PE em julho de 2019 com 383 votos a favor, 327 contra e 22 abstenções, numa votação renhida.
Com aquela que se prevê ser uma maior fragmentação partidária, nomeadamente pela ascensão da direita radical, a responsável terá agora de ‘convencer’ os vários partidos de que é merecedora de um segundo mandato à frente do executivo comunitário, de acordo com as fontes ouvidas pela Lusa.
Para tal, segundo as mesmas fontes, Ursula von der Leyen pretende fazer uma campanha ativa e interagir com os partidos nacionais – para os quais os eleitores votam nas eleições europeias –, com vista a contar com o seu apoio.
Na próxima semana, decorre a última sessão plenária desta legislatura do PE, com os trabalhos a serem retomados a 16 de julho, quando a nova assembleia europeia toma posse e se realiza a primeira reunião do novo mandato.
Também para essa altura está prevista a escolha do novo presidente da Comissão Europeia, numa discussão política para os lugares de topo da UE que tem em conta o resultado das eleições e também o equilíbrio geográfico e de género.
No que toca aos lugares de topo na UE, a discussão no verão vai ainda assentar sobre a escolha do novo presidente do Conselho Europeu, cargo que se espera que seja ocupado por um socialista, com dois nomes a serem mais ouvidos em Bruxelas: o do ex-primeiro-ministro português, António Costa, e o do chefe de governo espanhol, Pedro Sánchez.
Embora as fontes ouvidas pela Lusa considerem ser muito cedo no processo, consideram que Costa ainda tem chances na ‘corrida’, nomeadamente depois de, há dias, o Tribunal da Relação de Lisboa ter anunciado não ter encontrado indício de crimes na Operação Influencer e que as suspeitas que recaem sobre o ex-primeiro ministro se baseiam em especulações.
No início de março, o PPE elegeu Ursula von der Leyen, como sua cabeça de lista nestas eleições europeias. Ursula von der Leyen não foi ‘Spitzenkandidat’ do partido em 2019.
Atualmente, o PE é composto por sete grupos políticos, sendo o PPE o maior deles, seguido pela Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas, a bancada do Partido dos Socialistas Europeus (PES, na sigla inglesa).
Pelo PES, o atual comissário europeu luxemburguês do Emprego e Direitos Sociais, Nicolas Schmit, foi nomeado ‘Spitzenkandidat’ da família política socialista.
A figura dos candidatos principais – no termo alemão ‘Spitzenkandidat’ – surgiu nas eleições europeias de 2014, com os maiores partidos europeus a apresentarem as suas escolhas para futuro presidente da Comissão.
De seguida, em 2019, tentou-se aplicar novamente este modelo, mas, por desacordo entre os grupos políticos, estes candidatos principais não ocuparam os altos cargos europeus, razão pela qual se optou por Von der Leyen apesar de esta não ter sido cabeça de lista do PPE nesse ano.