Avança o Expresso, que o primeiro-ministro descreve o antigo jornalista e comentador de assuntos políticos e sociais português como “talentoso” e “disruptivo”. Já Sebastião Bugalho, antes de ter sido escolhido como cabeça de lista da AD às europeias, poucos eram os elogios deixados ao primeiro-ministro.
Durante o percurso como jornalista, Sebastião Bugalho definiu Montenegro como “jogador”, “indolor” e “tático”, mas capaz de assumir riscos. Como por exemplo, a passagem de Bugalho pelo Expresso ficou marcada, ao longo dos últimos sete meses, pelo trabalho que fez sobre a “vitória amarga” do primeiro-ministro, logo após as eleições. Na altura, o cronista chegou a comparar Montenegro a “Lázaro”, após ter parecido um “recluso num corredor da morte, pronto a juntar-se à coleção de opositores vergados por António Costa”. Sebastião Bugalho deu ainda conta de uma recuperação do PSD, através da gestão de riscos em questões como a regionalização, a eutanásia ou o novo aeroporto.
“Luís Montenegro tem o modo de ação de um jogador que aposta tudo, mas que, ao mesmo tempo, demora a revelar o jogo que tem na manga”, escreveu o cabeça de lista da AD às europeias. Mas as críticas não ficaram por aqui.
Já durante a campanha, Bugalho considerava o líder do PSD como “um substituto inofensivo e indolor do poder incumbente” de António Costa, colocando-se mais ao centro do espectro político. Ao que não será surpresa, aquando dos debates das eleições legislativas 2024, o cabeça de lista da AD às europeias nunca considerou Montenegro como o candidato mais forte ou melhor “debatente”.
Também em análise aos debates dos partidos com assento parlamentar, em fevereiro, Bugalho descartou Montenegro como o melhor candidato. O comentador deu esse lugar a Mariana Mortágua, coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), ainda que tenha elogiado a “boa prestação de Luís Montenegro”, em todos os debates, classificando-o com a segunda média mais alta, segundo a revista Sábado.
Também no último debate dos partidos com assento parlamentar, Sebastião Bugalho voltou a colocar Montenegro na ‘borda do prato’ e, desta vez, destacou Rui Rocha, presidente da Iniciativa Liberal (IL), como o candidato mais forte.
“Rui Rocha teve uma ótima performance, não teve medo de discordar à esquerda e à direita, não tem responsabilidades e tem mais liberdade para divergir e aproveitou bem isso, trazia números, pedia a palavra. Hoje teve uma centralidade inusitada, porque não tem assim tão bons resultados nas sondagens e parecia um protagonista”, justificou.
Só após o convite como candidato da Aliança Democrática às eleições europeias, é que o discurso de Bugalho se atenua. Em declarações aos jornalistas, durante a entrega da lista, no Tribunal Constitucional, Bugalho vincou que “ninguém vem acertar contas com ninguém”, quando questionado sobre as declarações de Luís Montenegro no domingo, em que enquadrou as europeias como uma oportunidade de clarificação para a política interna.
“O primeiro-ministro está a fazer o seu papel de governar, enquanto a lista de candidatos está a fazer o seu papel de defender os portugueses na Europa e Europa no mundo”, arrematou Sebastião Bugalho.