“Jogador e tático”. O candidato da AD que criticava Montenegro

Sebastião Bugalho é o cabeça de lista da Aliança Democrática (AD) às eleições europeias deste ano. Depois de fazer parte das listas do CDS-PP, em 2019, para as legislativas, agora, é apresentado por Luís Montenegro como o “futuro rosto do centro-direita português no Parlamento Europeu”.

© Folha Nacional

 Avança o Expresso, que o primeiro-ministro descreve o antigo jornalista e comentador de assuntos políticos e sociais português como “talentoso” e “disruptivo”. Já Sebastião Bugalho, antes de ter sido escolhido como cabeça de lista da AD às europeias, poucos eram os elogios deixados ao primeiro-ministro. 

Durante o percurso como jornalista, Sebastião Bugalho definiu Montenegro como “jogador”, “indolor” e “tático”, mas capaz de assumir riscos. Como por exemplo, a passagem de Bugalho pelo Expresso ficou marcada, ao longo dos últimos sete meses, pelo trabalho que fez sobre a “vitória amarga” do primeiro-ministro, logo após as eleições. Na altura, o cronista chegou a comparar Montenegro a “Lázaro”, após ter parecido um “recluso num corredor da morte, pronto a juntar-se à coleção de opositores vergados por António Costa”. Sebastião Bugalho deu ainda conta de uma recuperação do PSD, através da gestão de riscos em questões como a regionalização, a eutanásia ou o novo aeroporto.

“Luís Montenegro tem o modo de ação de um jogador que aposta tudo, mas que, ao mesmo tempo, demora a revelar o jogo que tem na manga”, escreveu o cabeça de lista da AD às europeias. Mas as críticas não ficaram por aqui.

Já durante a campanha, Bugalho considerava o líder do PSD como “um substituto inofensivo e indolor do poder incumbente” de António Costa, colocando-se mais ao centro do espectro político. Ao que não será surpresa, aquando dos debates das eleições legislativas 2024, o cabeça de lista da AD às europeias nunca considerou Montenegro como o candidato mais forte ou melhor “debatente”.

Também em análise aos debates dos partidos com assento parlamentar, em fevereiro, Bugalho descartou Montenegro como o melhor candidato. O comentador deu esse lugar a Mariana Mortágua, coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), ainda que tenha elogiado a “boa prestação de Luís Montenegro”, em todos os debates, classificando-o com a segunda média mais alta, segundo a revista Sábado.

Também no último debate dos partidos com assento parlamentar, Sebastião Bugalho voltou a colocar Montenegro na ‘borda do prato’ e, desta vez, destacou Rui Rocha, presidente da Iniciativa Liberal (IL), como o candidato mais forte.
“Rui Rocha teve uma ótima performance, não teve medo de discordar à esquerda e à direita, não tem responsabilidades e tem mais liberdade para divergir e aproveitou bem isso, trazia números, pedia a palavra. Hoje teve uma centralidade inusitada, porque não tem assim tão bons resultados nas sondagens e parecia um protagonista”, justificou.
Só após o convite como candidato da Aliança Democrática às eleições europeias, é que o discurso de Bugalho se atenua. Em declarações aos jornalistas, durante a entrega da lista, no Tribunal Constitucional, Bugalho vincou que “ninguém vem acertar contas com ninguém”, quando questionado sobre as declarações de Luís Montenegro no domingo, em que enquadrou as europeias como uma oportunidade de clarificação para a política interna.
O primeiro-ministro está a fazer o seu papel de governar, enquanto a lista de candidatos está a fazer o seu papel de defender os portugueses na Europa e Europa no mundo, arrematou Sebastião Bugalho.

Últimas de Política Nacional

Candidato presidencial recorre da decisão que manda retirar cartazes com a frase “Os ciganos têm de cumprir a lei” e acusa os tribunais de impor uma ‘mordaça’ à liberdade de expressão em campanha eleitoral.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, convocou o Conselho de Estado para 9 de janeiro para analisar a situação internacional e, em particular, na Ucrânia. A informação consta de uma nota divulgada esta terça-feira no site da Presidência da República.
Exigir que todos cumpram a lei passou a dar multa. O Tribunal Local Cível de Lisboa mandou retirar os cartazes de André Ventura e proibiu o candidato presidencial de repetir a mensagem, numa decisão que Ventura considera ser censura política.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vetou hoje os decretos da lei da nacionalidade, na sequência das inconstitucionalidades decretadas pelo Tribunal Constitucional, devolvendo-os à Assembleia da República.
O candidato presidencial Luís Marques Mendes divulgou hoje uma lista com os 22 clientes da sua empresa, na qual se encontram prestações de serviços em consultoria, comentários e participações em conferências, e que inclui a construtora de Famalicão Alberto Couto Alves.
A Autoridade Tributária classificou como “antiga” uma moradia reconstruída em 2024 pertencente ao ministro da Presidência, António Leitão Amaro, permitindo-lhe pagar menos de metade do IMI devido.
Luís Marques Mendes encerrou a sua empresa familiar e mantém silêncio sobre clientes, contactos e serviços que lhe renderam centenas de milhares de euros.
Foi distinguido oficialmente pelo Estado, elogiado em Diário da República pela ex-ministra da Justiça e apresentado como um quadro exemplar da governação. Meses depois, Paulo Abreu dos Santos está em prisão preventiva, suspeito de centenas de crimes de pornografia de menores e de abusos sexuais contra crianças.
O presidente da Assembleia da República decidiu hoje não remeter ao Ministério Público o caso da adulteração da assinatura da deputada socialista Eva Cruzeiro, considerando não atingir o patamar de crime, embora se trate de ato censurável.
André Ventura defende hoje em tribunal que os cartazes que visam os ciganos são uma mensagem política legítima cujas exceções ou retirada representaria um “precedente gravíssimo” e que os autores da ação pretendem um “julgamento político” da sua atividade.