Durante uma conferência de imprensa em Varsóvia, Tusk afirmou que esta informação foi obtida nos últimos dias “graças à cooperação dos aliados” e baseia-se em dados obtidos apenas na segunda-feira.
Tusk adiantou que existem atualmente na Rússia “vários locais onde se concentram milhares de migrantes”.
“E estamos a falar de milhares de pessoas (…) que foram recrutadas, transportadas e organizadas por Moscovo. Não temos dúvidas, temos provas recolhidas pelas nossas agências de aplicação da lei”, acrescentou.
Segundo o primeiro-ministro polaco, “trata-se principalmente de pessoas da Somália, da Eritreia, do Iémen e da Etiópia, que chegam por via aérea a Moscovo através de um país árabe, de onde seguem para a Bielorrússia” e tentam depois passar ilegalmente para a Polónia.
Tusk advertiu que isto representaria uma mudança na situação de “guerra híbrida” denunciada por Varsóvia, uma vez que “antes, os grupos de migrantes ilegais que chegavam da Bielorrússia eram organizados por Minsk”, mas, “agora é Moscovo que o faz diretamente”.
Além disso, Tusk afirmou que “mais de 90% das pessoas que atravessam a fronteira ilegalmente [para entrar na Polónia] têm um visto russo”, o que, indicou, confirma que “a pressão migratória na fronteira oriental da Polónia não é espontânea”, mas sim planeada.
O Governo polaco decidiu recentemente gastar mais de 400 milhões de euros para reforçar a vedação fronteiriça que se estende por quase 200 quilómetros ao longo da sua fronteira com a Bielorrússia e para construir uma rede de ‘bunkers’ e postos de vigilância avançados numa área onde estão estacionados cerca de 10.000 militares, incluindo soldados e membros do Corpo de Defesa Territorial.
De acordo com a Guarda de Fronteiras polaca, os casos de migração ilegal a partir da Bielorrússia multiplicaram-se nas últimas semanas e, por exemplo, entre 17 e 19 de maio, 729 pessoas foram impedidas de atravessar a fronteira e 11 outras foram detidas sob a acusação de tráfico ilegal de seres humanos.
A Finlândia denuncia casos semelhantes: o Governo conservador apresentou hoje um projeto de lei que autoriza a guarda fronteiriça a repelir imigrantes, em resposta ao afluxo de requerentes de asilo orquestrado, segundo Helsínquia, pela Rússia.
O primeiro-ministro, Petteri Orpo, defendeu que são necessários novos instrumentos jurídicos, na sequência da chegada, no outono passado, de cerca de mil imigrantes sem visto provenientes do território russo.