De acordo com o relatório, relativo ao período entre junho e outubro de 2024, a violência armada e os conflitos continuam a ser as principais causas de insegurança alimentar aguda em numerosos locais, que enfrentam deslocações generalizadas, destruição dos sistemas alimentares e redução do apoio humanitário.
Espera-se, assim, que o conflito em curso na Palestina agrave “ainda mais o número de mortos, sem precedentes”, assim como a “destruição generalizada e a deslocação de quase toda a população da Faixa de Gaza”.
“Estão a surgir ramificações regionais mais amplas que poderão agravar as já elevadas necessidades de segurança alimentar no Líbano e na Síria”, acrescentam as organizações, que estimam ainda aumentos nos custos dos bens alimentares no Iémen face à crise registada no Mar Vermelho, o que irá agravar ainda mais a situação na zona.
Os organismos da ONU acrescentaram o Haiti à lista de locais que precisam de “atenção muito urgente”, por se viver já em catástrofe ou em risco dessa classificação em breve, devido à escalada da violência.
Myanmar (antiga Birmânia), Síria, Líbano e o Iémen foram identificados como focos de grande preocupação.
E devido às intensificações de conflitos, Myanmar e Haiti poderão registar mais deslocações e restrições ao acesso a alimentos e a assistência.
O relatório recordou ainda as consequências de conflitos na contração do crescimento económico, assim como as “tensões geopolíticas na região do Médio Oriente e Norte de África e potenciais novas escaladas [que] continuam a ser um risco importante para a economia mundial”.
Para a insegurança alimentar contribuem também fenómenos meteorológicos extremos, como chuvas excessivas, tempestades tropicais, ciclones, inundações, secas e aumento da variabilidade climática, prevendo-se que o fenómeno meteorológico La Niña, entre agosto de 2024 e fevereiro de 2025, possa melhorar perspetivas agrícolas, mas também inundações em países africanos e no Haiti.
FAO e PAM destacam a necessidade de uma “assistência urgente e reforçada em 18 focos de fome para proteger os meios de subsistência e aumentar o acesso aos alimentos”.
“Uma intervenção mais precoce pode reduzir as carências alimentares e proteger os ativos e os meios de subsistência a um custo inferior ao de uma resposta humanitária tardia”, concluiu o relatório, que também defendeu “mais investimentos em soluções integradas”.