Marcações de escrituras aceleram após pausa à espera da isenção do IMT e Selo

As marcações de escrituras aceleram após um compasso de espera dos jovens para poderem beneficiar da isenção do IMT e Imposto do Selo, disseram à Lusa intervenientes no mercado imobiliário.

© DR

Desde a aprovação pelo Conselho de Ministros das medidas dirigidas à habitação, nomeadamente a garantia bancária e a atribuição de isenção de IMT e Imposto do Selo (IS) na compra da primeira habitação por jovens até aos 35 anos, Ana Paula Silva, da Century21, viu o número de processos de compra de casa avolumarem-se na sua secretária.

Esta indicação para não avançar com os processos inverteu-se desde que, no início desta semana, o Presidente da República promulgou o diploma da isenção do IMT e do IS.

“Tinha processos que não estavam aprovados, porque aguardavam documentação. De repente, em 48 horas, começou a chegar tudo”, referiu à Lusa a intermediária financeira. O “tudo” é o que é necessário para avançar com o pedido de empréstimo e marcar a escritura para a compra da casa.

Ana Paula Silva antecipa que o número de escrituras em que intervém e que irá fazer durante o mês de agosto vai duplicar face ao mesmo mês do ano passado.

O retrato feito pela consultora da Century 21 coincide com a informação reunida pelo Confidencial Imobiliário. O diretor, Ricardo Guimarães, disse à Lusa que os dados do Sistema de Informação Residencial (SIR), que acompanham a procura de imóveis através do número de contratos de promessa de compra e venda (CPCV), apontam uma subida nos primeiros meses deste ano.

Porém, esta subida dos CPCV não se refletiu no número de escrituras realizadas, o que confirma a informação recolhida através do Housing Market Survey, onde os agentes imobiliários dão conta do adiamento da realização de escrituras por parte dos compradores mais novos.

“Temos a mediação imobiliária com sinal positivo do lado dos CPCV, mas depois não é acompanhada pelas escrituras”, disse Ricardo Guimarães, considerando ser natural que os jovens, perante uma isenção de IMT e de IS na compra da casa, optem por adiar a escritura até à medida estar em vigor – o que deverá acontecer a partir de 01 de agosto.

O diretor do CI acredita que a partir de agora “haja uma aceleração das escrituras”, não só pelo efeito daquele benefício fiscal, mas também porque o panorama das taxas de juro para quem quer pedir empréstimos é atualmente mais favorável do que era há um ano.

Uma aceleração das escrituras é também o que espera o bastonário da Ordem dos Notários, Jorge Batista da Silva, após este compasso de espera e pedidos de adiamento para aproveitar o benefício fiscal e também a isenção de emolumentos com os registos da casa e da hipoteca (em caso de empréstimo).

Chamada a pronunciar-se sobre esta isenção dos registos, prevista num projeto de decreto a que a Lusa teve acesso, a Ordem dos Notários manifestou a sua concordância por considerar que “em muito beneficiará os jovens”, tendo em conta as dificuldades que estes enfrentam para comprar a primeira casa.

Jorge Batista da Silva não antecipa problemas com a marcação e realização de escrituras (apesar da subida esperada nos próximos tempos), mas refere que há ainda algumas dúvidas em relação às medidas dirigidas aos jovens.

A Lusa contactou vários bancos a operar no mercado português para saber se estão a registar uma subida das marcações de escrituras a partir de agosto, mas até ao momento apenas o BPI referiu não ter registado um aumento relevante.

Últimas de Economia

Nos primeiros nove meses do ano, foram comunicados ao Ministério do Trabalho 414 despedimentos coletivos, mais 60 face aos 354 registados em igual período de 2024, segundo os dados da Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT).
O Banco Central Europeu (BCE) anunciou hoje que vai solicitar mais informações aos bancos sobre os ativos de garantia que permitem mais financiamento.
A economia portuguesa vai crescer 1,9% em 2025 e 2,2% em 2026, prevê a Comissão Europeia, revendo em alta a estimativa para este ano e mantendo a projeção do próximo.
A Comissão Europeia prevê que Portugal vai registar um saldo orçamental nulo este ano e um défice de 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2026, segundo as projeções divulgadas hoje, mais pessimistas do que as do Governo.
A taxa de juro no crédito à habitação desceu 4,8 pontos para 3,180% entre setembro e outubro, acumulando uma redução de 147,7 pontos desde o máximo de 4,657% em janeiro de 2024, segundo o INE.
A Comissão Europeia estimou hoje que a inflação na zona euro se mantenha em torno dos 2%, a meta do Banco Central Europeu (BCE) para estabilidade de preços, até 2027, após ter atingido recordes pela guerra e crise energética.
A Comissão Europeia previu hoje que o PIB da zona euro cresça 1,3% este ano, mais do que os 0,9% anteriormente previstos, devido à “capacidade de enfrentar choques” face às ameaças tarifárias norte-americanas.
Mais de 20 contratos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) foram considerados irregulares pelo Tribunal de Contas (TdC), tendo os processos seguido para apuramento de responsabilidades financeiras, avançou à Lusa a presidente da instituição.
Os Estados Unidos suspenderam as negociações de um acordo comercial com a Tailândia devido às tensões na fronteira com o Camboja, após Banguecoque suspender um entendimento de paz assinado em outubro com a mediação do Presidente norte-americano.
A despesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS) com medicamentos nos hospitais subiu quase 15%, entre janeiro e setembro, de acordo com dados hoje publicados pelo Infarmed.