Administradores defendem fecho de maternidades e autonomia de enfermeiros

A Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares defendeu hoje a reformulação da rede de maternidades, com encerramento de algumas, ou uma intervenção na "equipa tipo", dando mais autonomia aos enfermeiros, para resolver o problema do fecho de serviços.

© D.R.

“Temos um conjunto de urgências encerradas e isso tem que ser motivo de reflexão e a causa é conhecida de todos: Não temos recursos humanos suficientes, particularmente médicos suficientes, para garantir a abertura ou o funcionamento de todas estas maternidades”, disse à agência Lusa o presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH), Xavier Barreto.

Para ultrapassar esta situação, o administrador hospitalar defendeu ser necessário intervir em “duas dimensões”, ou na equipa tipo da Urgência de Ginecologia-Obstetrícia e Bloco de Partos, que está definida num conjunto de médicos e de enfermeiros, ou no encerramento temporário ou definitivo de algumas maternidades, com a concentração da atividade em alguns locais.

Relativamente às equipas tipo, Xavier Barreto sugeriu, por exemplo, dar mais autonomia aos enfermeiros especialistas para fazer um conjunto de partos.

“Essa era uma hipótese que teria que passar necessariamente por uma discussão alargada entre nós [administradores hospitalares] e os profissionais. [Mas] é uma discussão e uma alteração que não sei se estamos neste momento em condições de a fazer”, referiu.

Para o responsável, a discussão desta matéria tem que ser feita com “a maior urgência” e tem que juntar todos os partidos políticos e todos os agentes do setor.

“A discussão que temos que fazer é, com aquilo que temos hoje [recursos humanos], qual é a melhor solução que podemos dar aos portugueses e às portuguesas”, salientou.

Xavier Barreto comentou que esta discussão é geralmente feita do ponto de vista político e da “pior forma, utilizando esta situação como uma arma de arremesso” como se tem estado a assistir.

“Uns dizem: vocês não fizeram no passado e os outros dizem, mas vocês não estão a fazer agora e há um atirar de culpas constante que não contribui em nada para a resolução da situação. Serve o jogo político, mas não serve de facto a solução que poderíamos eventualmente encontrar”, referiu, aludindo à troca de acusações entre o PS e o PSD.

Xavier Barreto reconheceu que com o contexto político, com um governo “apoiado numa minoria” e a um ano das eleições autárquicas, “qualquer mexida na rede de urgências, e em concreto nas maternidades, tem implicações políticas muito significativas a nível local”

Mesmo que as medidas sejam em benefício das populações, os autarcas veem sempre estas decisões, de reorganização, “como um retrocesso”.

Por isso, Xavier Barreto argumentou que deve ser uma decisão tomada com base em informação credível e na melhor evidência e depois partilhada e apoiada por todos os partidos políticos, para evitar que possa ser utilizada posteriormente como arma arremesso político.

Disse ainda ter ficado “muito satisfeito” com as declarações do diretor executivo do SNS, António Gandra de Almeida – a assumir de “forma clara” que é preciso “mexer na rede” -, esperando que seja apoiado pelo Governo, mas também pelos partidos da oposição, na solução “mais lógica” e que sirva melhor os interesses dos portugueses.

Num debate hoje no canal CNN, a secretária de Estado da Saúde, Ana Povo reconheceu que a constituição das equipas de urgência tipo “é prioritária”.

Ana Povo destacou o trabalho que está a ser realizado pela recém-nomeada Comissão para a Saúde Materno-Infantil, liderada pelo professor Caldas Afonso, para que, a partir do próximo ano, esteja garantida “uma resposta regional, e que as urgências que estão abertas, não seja de forma rotativa como é hoje, mas que seja constante ao longo do ano”.

Últimas do País

A Associação Nacional de Centros de Diálise (ANADIAL) lamentou hoje os "tempos muito difíceis" para clínicas de tratamento de doença renal crónica, alertando para a necessidade de rever o valor pago pelo Estado às clínicas.
O diretor da unidade de Dermatologia do Hospital de Santa Maria demitiu-se, depois de confrontado com resultados preliminares das auditorias internas solicitadas pelo Conselho de Administração às cirurgias adicionais, confirmou fonte hospitalar.
Dos 389 médicos de família que terminaram recentemente a formação da especialidade, apenas 231 escolheram uma das 585 vagas disponibilizadas no último concurso para a colocação nas unidades locais de saúde (ULS).
Um estudo de opinião abrangeu 12 países (Portugal, Dinamarca, Estónia, França, Alemanha, Hungria, Itália, Polónia, Roménia, Espanha, Suíça e Reino Unido) e 16.440 inquiridos com mais de 18 anos.
Trata-se de um valor mensal de 144,80 euros, que para a APG está "completamente desatualizado", na medida em que não é revisto há 15 anos, o que tem feito com que as funções exercidas no 112.pt sejam "cada vez menos atrativas" para os profissionais da GNR.
A justiça administrativa aceitou uma providência cautelar para pôr fim à "prática discriminatória" que permite aos moradores em Lisboa não pagarem, ao contrário dos restantes residentes nacionais, bilhete em monumentos nacionais geridos pela empresa municipal de cultura da capital.
O Infarmed suspendeu a comercialização de sete lotes dos medicamentos Bisoprolol, indicados para o tratamento de doenças cardíacas, devido à deteção de uma impureza com valores acima do aceitável.
Mais de 60 concelhos de Faro, Bragança, Guarda, Vila Real, Viseu, Coimbra, Castelo Branco, Santarém e Portalegre estão hoje em perigo máximo de incêndio rural, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
A Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) manifestou hoje preocupação sobre alguns aspetos da prova final de Matemática do 9.º ano realizada na sexta-feira, criticando o facto de não ser pública e da escolha do formato digital sem debate prévio.
O crime ocorreu quando a vítima se dirigia para a zona dos jazigos e “foi abordada de surpresa por três indivíduos, alegadamente de origem indo-paquistanesa, tendo um deles roubado por esticão a peça de ouro”, cita o CM.